Roger Waters, ex-líder do Pink Floyd, foi xingado e vaiado por boa parte do público que assistia a seu show nesta terça-feira (9), em São Paulo, no Allianz Parque.
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Nos primeiros momentos do show, as vaias vieram quando ele começou a criticar o que ele acredita ser um crescimento do autoritarismo no mundo.
“Vocês têm uma eleição muito importante daqui a três semanas. Sei que isso não é da minha conta, mas devemos sempre combater o fascismo. Não dá para ser conduzido por alguém que acredita que uma ditadura militar pode ser uma coisa boa.”
Quando apresentou a canção “Eclipse”, que gravou com sua ex-banda Pink Floyd em 1973, as palavras “ELE NÃO” apareceram enormes no gigantesco telão.
A reação foi ensurdecedora. As quase 40 mil pessoas no estádio produziram uma mistura de poucos aplausos e muitas vaias. Na balbúrdia, era possível ouvir gritos de “Ele não”, “Fora, PT”, “fuck you” e até o um tanto esquecido “Fora, Temer”. Waters foi xingado por muitos espectadores.
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O show
A primeira parte do show foi recebida com entusiasmo pelo público, com sucessos de álbuns “The Dark Side of the Moon” (1973), “Wish You Were Here” (1975), “Animals” (1977) e “The Wall” (1979).
Quando começou a música “Another Brick in the Wall Part 2”, um clássico do rock, um grupo de pessoas surgiu então vestindo uniformes de presidiários, macacões alaranjados com um número impresso no peito, e com capuzes pretos em suas cabeças.
No meio da música, seus rostos foram descobertos e ali estavam adolescentes brasileiros, cantando a letra e seguindo uma coreografia. Aí os garotos tiraram os macacões e exibiram camisetas pretas com a inscrição “Resist” (”resista”).
Waters anunciou então um intervalo de 20 minutos. Nesse período, o telão passou a exibir, em inglês, frases pedindo que as pessoas resistam à guerra, aos maus governantes, à corrupção e muitas outras mazelas listadas pelo roqueiro.
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Em determinado momento, o texto no telão pediu resistência contra os neofascistas, exibindo uma lista de países, destacando um político de cada lugar. Entre outros, ao lado do presidente americano Donald Trump e da líder da extrema-direita francesa Marie Le Pen, apareceu “Brasil - Jair Bolsonaro”.
O início da segunda parte do show foi agressivo. O telão reproduziu, espetacularmente, a fábrica que aparece na capa do álbum “Animals”, no qual o Pink Floyd ataca sem suavizar o que chama de “porcos que governam o mundo”. Durante toda a música “Pigs”, o telão exibiu montagens fotográficas ridicularizando Trump.
Foi então que um porco inflável gigante flutuou sobre a plateia. Estrela dos shows de Waters desde 2016, o balão em forma de porco exibia grafites em português. Alguns deles: “As crianças não têm culpa”, “Respeitem as mulheres” e “Quebre o muro”.
O show seguiu em alta voltagem até que, em “Eclipse”, a música que fecha “The Dark Side of the Moon”, um complexo jogo de lasers projetou sobre o público o prisma que está estampado na capa desse álbum icônico do rock.
Quase no final da música, veio no telão a inscrição “Ele não”. O pandemônio foi tamanho, com vaias e xingamentos a Waters, que o músico permaneceu no palco sem dizer nada por quase cinco minutos. Esperou uma brecha, disse que certamente ele não sabia direito o que acontece no Brasil, para então disparar a citada declaração contra governantes fascistas, o que novamente detonou as manifestações na plateia.
Começou o bis com “Mother”, do álbum “The Wall”. E “Ele não” voltou a aparecer no telão, em letras ainda maiores. Muitas pessoas saíram antes e descontentes. “Estava bom até ele falar de política”, comentaram.
Waters se apresenta novamente no Allianz Parque na noite desta quarta (10). Depois sua turnê segue para Brasília (dia 13), Salvador (17), Belo Horizonte (21), Rio (24), Curitiba (27) e Porto Alegre (30).
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