Esse filme solo de “Star Wars” nos oferece uma oportunidade poderosa e envolvente de ver os bastidores das linhas de frente da batalha entre o Império e os rebeldes, que terão a chance de atacar a aparentemente indestrutível Estrela da Morte dos seus inimigos. É uma recompensa para os fãs que tiveram fé de que a aquisição dos direitos da franquia pela Disney nos daria uma experiência cinematográfica jamais vista – e, o que é mais importante, jamais sentida – antes.
A emoção é o que separa “Rogue One” dos episódios de “Star Wars”. O filme trabalha pesado com o material emocional, tanto com a história de Jyn Erso (Felicity Jones), atormentada pela ideia de que o seu pai, Galen Erso (um papel que conta com a performance friamente determinada que é de se esperar já de Mads Mikkelsen), estaria envolvido no projeto da Estrela da Morte capaz de destruir planetas inteiros, quanto com a de Cassian Andor (Diego Luna), um espião rebelde que precisa lidar com sua dúvida de se deve ou não completar sua missão, por mais que ela vá contra o que ele sente que seja correto.
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K-2SO (Alan Tudyk) é o androide menos fofo que já apareceu, mas o que lhe falta do apelo de BB-8 ele compensa roubando as cenas com seus comentários sarcásticos.
Acabamos de ser apresentados a Jyn, Cassian e Chirrut Îmwe (Donnie Yen), o cego que acredita na Força, junto com o resto de sua tripulação corajosa, mas a atuação do elenco garante que, ao final de “Rogue One”, teremos testemunhado os feitos lendários do mundo de “Star Wars”.
Liberdade criativa
“Rogue One” não está preso à nostalgia do mesmo modo que “O Despertar da Força” de J. J. Abrams parecia estar. A liberdade criativa de ser um filme solo, que não faz parte dos “episódios” principais de Star Wars, alimenta o sentimento de frescor, ao mesmo tempo em que oferece ao diretor Gareth Edwards uma licença para produzir uma experiência mais sombria de “Star Wars”, mas que ainda tem coração apesar disso.
“Rogue One” conta com uma história profunda, alguns dos melhores diálogos e a melhor atuação que já vimos no universo de “Star Wars”, criando um padrão para os episódios futuros. Mas o seu feito mais inspirador foi a confirmação de que uma sequência do passado de “Star Wars” – nesse caso, o movimento que leva à destruição da Estrela da Morte da trilogia original – pode agora ser explorada em busca de novas abordagens, fazendo com que a franquia transmita uma sensação de possibilidades cinematográficas ilimitadas.
Darth Vader
E vocês devem ter percebido que eu ainda nem falei de Darth Vader.
O filme é tão bom que nem precisava da presença de Darth Vader, e só uma breve menção ao nome do maior Sith Lord de todos já bastaria (assim como há referências a muitos outros personagens clássicos de “Star Wars” em “Rogue One”, com várias piscadinhas para a plateia). Mas a reaparição de Darth Vader – algo que muitos fãs de “Star Wars” nunca acharam que iriam ver – foi executada de forma brilhante, um ponto de exclamação que lança a experiência de assistir a “Rogue One” do memorável para o inesquecível (mas dizer mais do que isso seria fazer-lhe um desserviço).
Visualmente, “Rogue One” nos oferece os efeitos especiais atordoantes que já fazem parte das nossas expectativas de tudo ligado a “Star Wars”. As batalhas são intensas e acompanhadas de perto, não importa se estejam acontecendo nas estrelas ou onde a água bate na areia.
“Rogue One” é uma história de “Star Wars” com tudo aquilo que a série faz de melhor.
*David Betancourt escreve sobre todos os aspectos da cultura dos quadrinhos para o blog Comic Riffs do The Washington Post.
Tradução: Adriano Scandolara