Na noite deste sábado (24), o Festival de Berlim anunciou os vencedores dos Ursos de Ouro e Prata de sua 68ª edição, cuja mostra oficial foi presidida pelo cineasta Tom Tykwer.
Dieter Kosslick, diretor do Festival, disse que já tinha estado no tapete vermelho inúmeras vezes.
“E foi sempre excitante”, declarou Kosslick, que está em sua última gestão.
“Touch Me Not”, de Adina Pintilie (Romênia) foi o grande vencedor conquistando o Urso de Ouro. O filme mescla realidade e ficção, numa história sobre a jornada emocional de três pessoas.
A diretora chamou todo o elenco ao palco e disse que não esperava por isso.
“Tudo o que a gente quis com tantas camadas de percepção foi abrir diálogos sobre a condição humana. “Obrigada a todos, ao festival e ao júri”, declarou Pintilie.
O Grande Prêmio do Júri foi para “Mug”, da polonesa Malgorzata Szumowska, sobre um homem que tem o rosto transfigurado num acidente de trabalho e se submete a um transplante facial.
“Muito obrigada à Berlinale, ao júri e a toda minha equipe. Estou muito feliz por ser uma mulher diretora premiada”, disse Szumowska, que em 2015 com “Body”, dividiu o prêmio de melhor direção com o romeno Radu Jude (“Aferim!”).
O prêmio Alfred Bauer (pelo trabalho inovador), foi para “Las Herederas”, do paraguaio Marcelo Martinessi. O Brasil é coprodutor do filme juntamente com Paraguai, Alemanha, Uruguai, Noruega e França.
O filme narra a história de duas mulheres que haviam herdado dinheiro para viver confortavelmente, mas uma nova realidade muda o rumo de suas vidas.
Após agradecer ao festival e aos produtores, Martinessi destacou:
“Agradeço principalmente a esse grande elenco de mulheres do meu filme”.
“Las Herederas” também ficou com o prêmio de melhor atriz para Ana Brun.
“Quero agradecer a Martinessi por essa oportunidade única e a todas as mulheres do meu país. São todas lutadoras. Agradeço também a minha mãe que me ensinou literatura e poesia. Obrigada Alemanha, obrigada Berlim”, disse Brun bastante emocionada.
“Las Herederas” ganhou ainda o prêmio da crítica internacional (FIPRESCI)
O prêmio de melhor roteiro foi para Manuel Alcalá e Alonso Ruizpalacios, por “Museo”. Estrelado por Gael Garcia Bernal, o filme é sobre o roubo num Museu logo após o terremoto de 1985 no México.
“Obrigado a todos que contribuiram para este filme. Em situações difíceis como essa, é que a gente mostra do que é capaz”, disse o roteirista se referindo às ocorrências daquele ano.
Wes Anderson ganhou o prêmio de melhor diretor com “Ilha dos Cachorros”, que foi o filme de abertura da Berlinale.
O ator Bill Murray recebeu o prêmio em nome de Anderson, ausente na premiação.
Anthony Bajon ganhou o prêmio de melhor ator pelo desempenho em “La Prière”, no papel de um jovem que precisa se internar numa casa de tratamento para se curar de um vício.
“Agradeço ao festival, ao júri, a Cédrick Kahn e a todos que confiaram em mim desde o início”, disse o jovem ator.
O Prêmio de melhor documentário foi para “The Waldheim Walz”, de Ruth Beckermann. O diretor brasileiro Louis Bolognesi recebeu Menção Honrosa por seu documentário “Ex-Pajé”.
“Quando se destrói um pajé, desmancha-se o epicentro de uma cultura indígena, pois eles são os doutores da floresta. Há uma ancestralidade de quatro mil anos ameaçada de destruição”, ressaltou Bolognesi.
Participação brasileira
Embora não tenha concorrido ao Urso de Ouro, o Brasil teve uma presença marcante nesta edição conquistando prêmios em várias mostras:
“Bixa Travesty”, de Kiko Goifman e Claudia Priscila ganhou o Prêmio Teddy Award, destinado a títulos com temática LGBT, na categoria documentário.
Na categoria ficção do mesmo prêmio, o troféu foi conquistado por “Tinta Bruta”, dos diretores gaúchos Filipe Matzembacher e Marcio Reolon.
“Tinta Bruta” ganhou também o importante Prêmio da C.I.C.A.E – International Confederation of Art Cinemas.
“Aeroporto Central”, do diretor brasileiro-argelino Karim Aïnouz, foi o vencedor do Prêmio da Anistia Internacional, concedido ao autor do filme que melhor aborde questões de direitos humanos. O documentário é uma coprodução entre Alemanha, França e Brasil, sobre o drama dos refugiados.
Além da menção honrosa para “Ex-Pajé”, “O Processo”, de Maria Ramos, sobre os bastidores do impeachment da ex Presidente Dilma Roussef também foi premiado: ficou em terceiro lugar no Prêmio de Audiência da Panorama.
E na Generation, o país foi representado por “Unicórnio”, de Eduardo Nunes.
De certa forma, marcou presença ainda na Mostra oficial em dois momentos: em “7 Days in Entebbe”, produção inglesa dirigida pelo brasileiro José Padilha., mostrado fora de competição; e na coprodução de “Las Herederas”, do paraguaio Marcelo Martinessi, bastante premiado nesta edição.
Vencedores dos principais prêmios
– Urso de Ouro: “Touch Me Not”, de Adina Pintilie (Romênia)
– Urso de Prata – “Mug”, de Malgorzata Szumowska (Polônia)
– Urso de Prata – melhor diretor: Wes Anderson com “Isle of Dogs” (EUA)
– Urso de Prata – melhor ator: Anthony Bajon em “La Prière” (França)
– Urso de Prata – melhor atriz: Ana Brun em “Las Herederas” (Paraguai)
– Prêmio de melhor roteiro: Manuel Alcalá e Alonso Ruizpalacios por “Museo” (México)
– Prêmio Alfred Bauer – trabalho inovador (uma homenagem ao fundador da Berlinale): “Las Herederas”, de Marcelo Martinessi (Paraguai)
– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a mostra oficial: “Las Herederas”, de Marcelo Martinessi (Paraguai)
– Prêmio Teddy Award – para filme com temática homossexual.
Categoria documentário: “Bixa Travesty”, de Kiko Goifman e Claudia Priscila (Brasil)
Categoria ficção: Tinta Bruta”, dos diretores gaúchos Filipe Matzembacher e Marcio Reolon (Brasil)
– Prêmio da Anistia Internacional – Karim Aïnouz com “Aeroporto Central” – (Alemanha, França e Brasil)
– Prêmio de audiência da Panorama: Profile, de Timur Bekmanbetov (Alemanha)
– Melhor curta-metragem: The Man Behind the Wall, de Ines Moldavsky (Israel)
– Melhor Documentário: “The Waldheim Walz”, de Ruth Beckerman – (Áustria)
– Melhor Documentário: Menção Honrosa para “Ex-Pajé”, de Luiz Bolognesi (Brasil)
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