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Para quem assiste Yellowstone, série do Paramount+, não é nenhuma novidade que o ator americano Kevin Costner é capaz de se dedicar de corpo e alma a um projeto. Essa determinação gerou até um desentendimento com o criador do seriado, Taylor Sheridan. Como resultado, o roteirista agilizou o final da história da família Dutton para a quinta e última temporada, com estreia prevista para este ano. O motivo desse duelo de titãs, segundo a publicação Deadline, foi o seguinte: Costner queria mais tempo livre para se dedicar a um novo projeto, um faroeste ambicioso que está em sua cabeça desde 1988.
O projeto, ainda sem título em português, é Horizon: an American Saga (traduzindo, “Horizonte: uma Saga Americana”), um filme dividido em duas partes, com lançamentos previstos para 28 de junho e 16 de agosto deste ano. A trama, segundo a Warner Bros., distribuidora do filme, “explora a atração pelo Velho Oeste e como ele foi conquistado – e perdido – por meio de sangue, suor e lágrimas de muitos”.
Com direção, atuação e roteiro assumidos por Costner, o longa também abrangerá os quatro anos da Guerra Civil americana, entre 1861 e 1865. De acordo com a distribuidora, o objetivo do americano é “levar o espectador numa viagem emocional por um país em guerra consigo mesmo, vivida pelas lentes de famílias, amigos e inimigos”.
Terreno hipotecado
Para financiar esse projeto inteiramente do seu bolso, Costner precisou hipotecar um terreno de quatro hectares na cidade californiana de Santa Bárbara, onde ele pretendia construir sua última casa. “Eu fiz isso sem pensar. Deixei meu contador p***. Mas é a minha vida e acredito na ideia e na história”, afirmou em uma entrevista à Deadline. Segundo ele, com a atitude, foi possível injetar 100 milhões de dólares na economia do estado de Utah, onde Horizon foi rodado.
Mesmo que ainda pareça uma aposta arriscada, Costner é plenamente capaz de entregar um bom resultado. Horizon será seu quarto crédito de direção, precedido pelos bons Pacto de Justiça, O Mensageiro e o clássico Dança com Lobos, filme que rendeu a ele o Oscar de Melhor Direção em 1991, além de outras seis outras estatuetas naquela cerimônia.
“Este é, de longe, o meu trabalho mais árduo”, declarou o ator. “Estou chocado com o que conseguimos. Filmei Dança com Lobos em 106 dias. Já para este novo filme, tive apenas 52 dias. Aprendi muito e usei todo o meu conhecimento acumulado para tentar dar forma a essa película e entrega-la para o público.”
Sem lacração
O lançamento é um dos mais aguardados do ano, mas alguns veículos já o criticam por um elemento que aparece no trailer oficial. O site Screen Rant, especializado em cinema, afirma que Horizon está retornando com “um tropo problemático de gênero”, representando um “retrocesso” para os faroestes. O veículo está criticando a forma como o trecho divulgado pela Warner retrata o povo nativo norte-americano, como uma espécie de antagonista para os personagens principais.
Apesar de não ter falado diretamente sobre o assunto, Costner se posicionou sobre seu ambicioso projeto e ficou implícito que ele não deseja reescrever a história ao sabor do progressismo vigente, que não aceita indígena pintado como vilão. “Coisas que têm um toque clássico não saem de moda. Acho que elas existem em qualquer década. Essa é uma oportunidade que temos no cinema: fazer algo que dure além do fim de semana de estreia. Nunca contei com a bilheteria de abertura. Aposto em pessoas querendo revisitar algo.”
Ao que parece, fãs de grandes obras como Era uma Vez no Oeste, Por um Punhado de Dólares e Meu Ódio Será sua Herança devem sair satisfeitos do cinema, que anda contaminado por pautas identitárias e está cada vez mais cheio de sensibilidades. Basta aguardar para confirmar.