Larry David, que interpreta a si mesmo no seriado que chega ao fim no próximo domingo| Foto: Divulgação Max
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Neste domingo (7), a vida ficará mais sem graça para quem se acostumou a rir dela pelo olhar de Larry David. Sua série, que começou a ser exibida no ano 2000 na HBO (hoje Max), chegará ao fim com o lançamento do capítulo derradeiro da 12ª temporada. Se para os fãs de Segura a Onda (ou Curb Your Enthusiasm, no original) já era difícil lidar com os anos em que não havia uma nova leva de episódios, imagine agora, em que ela virará apenas uma memória – e a esfuziante tarantela usada como canção tema (Frolic, do italiano Luciano Michelini) somente será ouvida em memes da internet.

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Para não gerar falsas esperanças, a temporada conclusiva veio mesmo com um astral de encerramento. Vários personagens que interagiram com Larry David ao longo desse quarto de século em que o seriado existiu voltaram para dizer adeus, desde Cheryl Hines, muito marcante nos primeiros anos por atuar como esposa do protagonista, até a britânica Tracey Ullman, o destaque da temporada 11 no papel da nada atraente vereadora Irma Kostroski, com quem Larry se envolveu romanticamente para influenciar na mudança de uma lei estúpida de Los Angeles.

Leon Black, personagem de J.B. Smoove que passou a dividir moradia com Larry a partir da 6ª temporada e rapidamente virou um queridinho do público, também teve grande destaque nos episódios finais, com chistes sobre mau comportamento em restaurantes self-service e muitos outros de cunho sexual, seu forte.

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Segura a Onda mudou a vida de muita gente, mas principalmente a de seu criador. Larry ficou conhecido pelos amantes de sitcom por ter criado Seinfeld, ao lado do amigo Jerry Seinfeld. Sua presença era sentida nos roteiros iniciais, nas trapalhadas de George Costanza (personagem que o representava na série) e, mais tarde, como a voz do empresário esportivo George Streinbrenner, chefe de Costanza.

Larry se afastou quando Seinfeld já tinha a reputação de ser a melhor série de humor de todos os tempos, retornando apenas para colaborar com os textos do episódio final, em 1998. No ano seguinte, já arquitetava o show em que ele seria o protagonista, um roteirista de sucesso "semi-aposentado" lidando com as trivialidades de sua rotina. Assim nasceu Curb Your Enthusiasm e seu rosto, antes mais frequente nos bastidores, tornou-se popular.

Sem barreiras intransponíveis

Logo nas primeiras temporadas, os espectadores notaram que aquele produto era especial. Larry, com uma postura de quem não precisa dar satisfação a ninguém por suas excentricidades, passou a expressar o que muitos gostariam, mas só faziam em momentos “sincerões”. Alguém sem medo de dizer o que vem à mente, implicante, questionador das regras sociais, para-raios de confusões e de gente maluca, e sem nada a perder... Como não se apaixonar por Larry David?

A impressão hoje é de que todos os grupos minoritários foram alvos de piadas ao longo das 12 temporadas da série. Não existiram barreiras “capacitistas”, de gênero, raciais. Curb não poupou qualquer coisa que pudesse render risadas. Houve até um artigo queixoso e mal-humorado no New York Times há alguns anos questionando a razão da série seguir existindo, uma vez que já havia ofendido a todos que poderia ofender.

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Vários episódios ficarão impregnados na retina depois que o último for exibido na noite do próximo domingo. Particularmente, nunca superarei o fechamento da oitava temporada, quando Michael J. Fox se muda para o apartamento de cima de Larry David, em rara estada nova-iorquina. Larry fica em dúvida se os gestos e barulhos produzidos pelo ator são para provocá-lo ou decorrem da Doença de Parkinson.

O ápice da interação entre os dois se dá quando Larry se dirige até o apartamento de Fox para esclarecer as coisas e aceita uma garrafa de refrigerante. Ao girar a tampinha, Larry leva um banho com o líquido e pergunta indignado: “Você chacoalhou a garrafa de propósito?” A resposta: “É o Parkinson.” Posso ver a cena mil vezes, gargalharei em todas.

Obrigado, Larry David.