Ouça este conteúdo
É difícil falar de algum produto sobre vigaristas sem ao menos mencionar Onze Homens e um Segredo. A refilmagem de 2001, dirigida por Steven Soderbergh, acabou se tornando uma enorme referência para tramas que vieram depois abordando golpes ambiciosos com bandidos carismáticos, vide Golpe Duplo, Truque de Mestre e Em Ritmo de Fuga. O mesmo longa certamente serviu de inspiração para o diretor japonês Hitoshi Ône em Os Golpistas de Tóquio, série de sete episódios que está disponível na Netflix.
O espectador que gosta do sucesso protagonizado por George Clooney vai se sentir em casa logo no primeiro capítulo. Sem muita enrolação, a série introduz o grupo de criminosos com uma montagem bastante estilosa, contextualizando também o mercado imobiliário do Japão. “Golpistas de terras roubam muito dinheiro fingindo serem proprietários que querem vender suas terras usando documentos falsos”, explica o narrador sobre um crime comum em sua terra. É aí que os papéis de Harrison Yamanaka, Takumi Tsujimoto, Takeshita, Reiko e Goto são apropriadamente apresentados.
Cada um dos cinco transgressores desempenha uma função importante para o sucesso do golpe. Reiko, por exemplo, prepara os impostores que fingem serem os donos dos imóveis. Já Toro atua como um advogado “legítimo”, soltando todas as bravatas possíveis para enganar incorporadoras e grandes negociadores de que o imóvel realmente pertence aos golpistas.
Mas o destaque vai mais para os personagens Yamanaka e Tsujimoto, o líder da trupe e seu aprendiz, respectivamente. Bem-vestido, o primeiro se demonstra cada vez mais ambicioso e convoca seus capangas para ajudá-lo a realizar o golpe em um imóvel avaliado em 10 bilhões de ienes (ou seja, algo em torno de 373 milhões de reais). Já Tsujimoto cativa por sua personalidade, bastante equilibrada na dicotomia de ser um bandido bonzinho e bem-educado.
Honra nipônica
Como de costume nesses produtos que misturam suspense com o gênero policial, o espectador é engolido pela série conforme as apostas dos envolvidos crescem. A ganância da trupe de Yamanaka aumenta a cada episódio, gerando intrigas internas e mais drama entre os personagens.
Ao mesmo tempo, a polícia chega junto, trazendo um pouco mais sobre o misterioso passado de cada um dos envolvidos. Como os bandidos são carismáticos, muitas vezes fica difícil saber para quem torcer nessa corrida de gato e rato – embora a honra esteja sempre em voga, afinal estamos falando de um produto audiovisual japonês.
Os Golpistas de Tóquio é irresistível desde seu início. Quem assiste à primeira falsificação fica ansioso na ponta da cadeira com os engravatados de uma incorporadora interrogando um senhor que foi contratado como impostor. Ele começa a se enrolar e Tsujimoto se vê obrigado a achar uma saída criativa para salvar todo o “negócio” e dar uma forcinha para o idoso.
Tanto as atuações quanto o próprio roteiro da série a tornam ainda mais forte, reforçando o porquê do audiovisual asiático estar tão em alta: a qualidade é priorizada em detrimento às tantas pautas woke levantadas nos produtos ocidentais. Os sete episódios passam voando.
- Os Golpistas de Tóquio
- 2024
- Sete episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível na Netflix