Quinze anos depois, acidente é retratado sob a ótica de quem perdeu entes queridos e depoimentos de especialistas em aviação.| Foto: Reprodução/Globoplay
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No dia 31 de maio de 2009, o voo 447 da Air France decolou no Rio de Janeiro às 19h29 com destino ao Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, onde deveria chegar 11 horas depois. No entanto, o avião desapareceu sobre o Atlântico, marcando uma das maiores tragédias aéreas da história recente. Quinze anos depois, a história virou tema da série documental Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447, em quatro episódios marcados por depoimentos emotivos e informações intrigantes sobre a investigação que tentou explicar o que houve naquela noite. 

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A produção se divide, portanto, nessas duas principais frentes: a narrativa dos familiares que perderam seus entes queridos e as explicações técnicas que buscaram esclarecer as causas do acidente - inclusive os desfechos que só vieram depois de encontrada a caixa preta, dois anos depois. A aeronave transportava 216 passageiros e 12 tripulantes, incluindo três pilotos. Entre os passageiros, 59 eram brasileiros, representando apenas uma parte das 32 nacionalidades presentes a bordo.

Fato é que, entre um lado e outro, o caso traz lições. Enquanto as investigações apontaram que o acidente foi resultado de uma combinação de falha técnica com erro humano, os fatos ficam mais fortes quando narrados por quem, pela primeira vez, conta seu lado da história. É o caso do irmão de um dos pilotos, que tenta mostrar que a culpa não foi dele. Ou do pai de uma das vítimas, uma médica em lua-de-mel que havia se casado no dia anterior e partiu com o marido no acidente. A forma de suportar a dor foi tentar investigar a tragédia.

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Além disso, o documentário traz depoimentos com engenheiros e especialistas em aviação e matérias jornalísticas da época que ajudaram a explicar os desfechos do acidente. E conta como a queda provocou significativos avanços na aviação comercial. Entre as melhorias, destacam-se os novos treinamentos para situações de perda de controle de aviões e a ampliação do tempo de emissão dos sinais das caixas-pretas.

A tragédia também resultou na criação de planos de salvamento e resgate entre Brasil e Senegal, países limítrofes da rota da maior parte dos voos comerciais entre a América do Sul e a Europa. E tornou obrigatório o uso de recursos como o Controller Pilot Data Link Communications (CPDLC), sistema de comunicação que melhora a transmissão de informações entre pilotos e controladores de voo e garante mais segurança às aeronaves que cruzam o Oceano Atlântico.

Um ponto de revolta entre os familiares é que as investigações foram concluídas na França e não no Brasil. E tanto a companhia aérea como a fabricante da aeronave, a Airbus, foram absolvidas da acusação de homicídio culposo.

Já do ponto de vista de quem assiste, divide opiniões a versão em português das entrevistas concedidas em língua estrangeira. A dublagem foi feita a partir da voz dos próprios entrevistados, com o uso de inteligência artificial. Embora o conteúdo tenha sido fiel ao original e o recurso seja na maior parte do tempo imperceptível, em alguns momentos a narração soa menos natural - o que pode ser um ruído quando envolve histórias que mexem tão profundamente com as emoções.

Além disso, o caso levantou polêmica entre dubladores, categoria que nas redes se manifestou preocupada com a perda de trabalho em razão da tecnologia. Nem todos os entrevistados, porém, aceitaram a dublagem por IA. Nestes casos, as entrevistas foram legendadas. A série documental Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447 está disponível no Globoplay.

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