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Nos anos 1990, o nome de Wyatt Earp foi uma febre entre os fãs de faroeste. Essa figura histórica dos Estados Unidos se materializou em dois filmes protagonizados por elencos memoráveis, encabeçados por nomes como Kurt Russell, Kevin Costner, Dennis Quaid, Jim Caviezel, Val Kilmer e Sam Elliott. Tanto Tombstone – A Justiça Está Chegando (1993) quanto Wyatt Earp (1994) contavam como esse homem da lei americano lutava contra bandoleiros em uma cidade mineradora de prata. Desde então, muitos historiadores especializados no Velho Oeste descobriram mais detalhes sobre Earp e sua trupe, formada por seus irmãos Virgil e Morgan, além do amigo Doc Holliday.
É com base em todo esse conhecimento que veio depois que a Netflix lançou recentemente a minissérie documental Wyatt Earp and The Cowboy War. Misturando documentário e dramatizações dos acontecimentos, seus episódios revelam como Earp juntou sua tropa e o porquê dele acabar envolvido em um dos principais tiroteios na história do Velho Oeste.
Essa mistura conhecida como “docudrama” nem sempre funciona, por conta de atuações forçadas nas encenações e a presença de narradores que fazem apenas o feijão com arroz. Mas, felizmente, isso não acontece por essas bandas.
Astro na narração
Os atores que vivem Wyatt e Doc não chegam aos pés de Costner e Quaid (ou Russell e Kilmer), respectivamente. Mas eles encarnam bem os papéis, que são trazidos à tela sem filtros, lembrando por vezes personagens de seriados como Peaky Blinders. É essa referência que parece pesar em algumas cenas de lutas e tiroteios, com uma trilha sonora contemporânea que dá um tom estiloso para o documental.
Outro ponto forte é a presença de Ed Harris, famoso por viver o diretor de voo, Gene Kranz, no filme Apollo 13. O ator de 73 anos narra a trajetória de Earp com entusiasmo, como se lesse um de seus livros favoritos, tendo memorizado cada página com o coração. Dessa forma, a narração nunca se torna chata ou repetitiva, auxiliando o espectador na imersão.
Como há traços de documentário, era praticamente impossível fugir de breves cenas mostrando especialistas na história do Velho Oeste comentando sobre o que ocorre em cena. Mesmo com essas “interrupções”, a trama não tem seu ritmo quebrado. Elas até ajudam o roteiro a avançar mais rápido, resumindo meses ou até anos da vida de Earp e companhia.
Alô, galera de caubói
Para quem conhecia o homem da lei pelos filmes da década de 1990, muitas informações podem ser surpreendentes. Os dois faroestes noventistas mostravam Earp como um atirador habilidoso. Porém, segundo o docudrama, ele também gostava de encher os bandidos de socos, seguindo um código de honra muito próprio.
Outra curiosidade, que pode surpreender quem conhece o Velho Oeste apenas pelos filmes de John Wayne, é que os famosos caubóis não eram mocinhos. Na era de Earp, caubóis (ou cowboys, no original) denominava uma perigosa gangue, que roubava gado de inúmeras terras. Como a própria série recomenda em seu primeiro episódio “esqueça tudo que você sabe sobre caubóis”, afinal só mais tarde essa palavra passou a designar os mocinhos.
Também é interessante como a cidade de Tombstone, onde boa parte da trama se desenrola, foge do clichê de lugares abandonados e pobres apresentados nos faroestes. Como o local tinha uma fortuna em prata, figuras como John Pierpont Morgan, Henry Wells e William Fargo tiveram suas trajetórias atreladas a Earp e sua luta contra criminosos. (Caso esses nomes não tenham significado nada para você, basta lembrar da existência dos bancos JP Morgan e Wells Fargo, que estão até hoje na ativa – fato que o seriado sublinha.)
Assistir a Wyatt Earp and The Cowboy War é um prazer para quem é fã de faroeste, mas também uma boa pedida para quem quer saber mais sobre a história dos Estados Unidos. Após a Guerra Civil daquele país, esse foi um capítulo importantíssimo para os americanos. E foi a atuação de Earp e outros destemidos homens que salvou o país de enfrentar uma segunda guerra interna, que poderia ter colapsado de vez a sua união e seu poder.
- Wyatt Earp and the Cowboy War
- 2024
- 6 episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível na Netflix