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Amarelinha

Séries sobre o tetra da seleção servem de inspiração para a Copa de 2026

Zinho entrevista companheiros como Bebeto, Romário, Branco e Jorginho em "O Tetra pelo Tetra"
O meia Zinho entrevista companheiros como Bebeto, Romário, Branco e Jorginho em "O Tetra pelo Tetra" (Foto: Divulgação ESPN)

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A data redonda de 30 anos da conquista do quarto campeonato mundial pela seleção brasileira de futebol não passou em brancas nuvens nos dois principais canais de esporte do país. Enquanto a ESPN escalou o meia Zinho, titular na ocasião e atual comentarista da emissora, para receber em casa sete figuras fundamentais daquela campanha (Romário, Bebeto, Jorginho, Ricardo Rocha, Branco, Mauro Silva e o técnico Carlos Alberto Parreira, bem velhinho) em O Tetra pelo Tetra, o SporTV soltou pelo quadro Baú do Esporte do Esporte Espetacular a série Tetra 30, que contextualiza como estava o Brasil em 1994. Os sete episódios de O Tetra pelo Tetra podem ser vistos por quem assina o Disney+ Premium e as quatro partes de Tetra 30 estão no Globoplay.

Revisitar o tetracampeonato é salutar não apenas para saudosistas que viveram aquela emoção ou para jovens que não estavam vivos em meados da década de 90. Se o escrete canarinho comandado por Dorival Júnior quiser levar o caneco na Copa de 2026, é fundamental que essas séries documentais sejam exibidas na concentração, fique a equipe no Canadá, México (boa opção) ou Estados Unidos (melhor ainda). Isso porque a superstição foi um elemento decisivo naquela conquista. E, em 2026, estaremos há 24 anos sem ganhar um mundial. Exatamente como em 1994. Quando o Brasil jogou nos EUA. Cujo título anterior tinha sido no México.

Romário, ao avistar Zinho para a resenha da série da ESPN, já chega dizendo “Esse é o homem que me deu a 11”. O baixinho fez questão de jogar com o número que era de Zinho, obrigando o meia a portar a 9 na amarelinha, mais adequada a artilheiros. No papo com Jorginho, os jogadores lembram do locutor Galvão Bueno cornetando insistentemente os cruzamentos que o lateral fazia para a área. Até que a jogada deu certo e foi crucial para a vitória magra na semifinal contra a Suécia. Aí a imagem corta para uma filmagem de dentro do ônibus da seleção com Ricardo Rocha bradando: “O número 2 cruzou para o número 11. E 2 com 11 dá 13!” Os atletas vibram eufóricos, pois 13 era o número da sorte de Zagallo, o coordenador técnico daquele time.

Aliás, a permanência de Ricardo Rocha no elenco também se deu por algo meio místico. Contundido na partida de estreia, o zagueiro ficou no selecionado pelas palavras motivacionais que compartilhava, para puxar o forró Lá Vai Pitomba, de Luiz Gonzaga, nas horas de bagunça, e para trocar recados entre Romário e a comissão técnica, que não se bicavam. E O Tetra pelo Tetra fica nisso: são charlas de Zinho com seus amigos (sem tocar em temas polêmicos como o bode que ele tinha do apelido Enceradeira dado por Galvão ou o cartaz que a CBF levou para homenagear Senna com um “n” a menos ou as muambas trazidas no voo de retorno ao Brasil) intercaladas por cenas de bastidores que se repetem em vários episódios.

Novelas e música sertaneja

O produto da Globo é mais amplo. A ideia de contar o que rolava no país em 1994 – um ano maluco, que teve desde o lançamento do Plano Real até a morte do nosso piloto de Fórmula 1 mais querido – é inegavelmente boa, mas a abordagem é totalmente voltada para a emissora. O primeiro capítulo de Tetra 30 é apresentado por Letícia Spiller, a atriz revelação do canal à época. O segundo é comandado por Hélio de la Peña, para representar a ascensão do humorístico Casseta & Planeta, que cobriu aquela Copa. Depois, entra em cena Chitãozinho & Xororó, dupla sertaneja que dominava as rádios. Antônio Fagundes fica para o encerramento, mais uma vez com a série conectando futebol e as novelas globais, mas também com entrevistas atuais com craques italianos que jogaram a final contra o Brasil.

Tetra 30 pode ser criticado por ir “longe demais” na contextualização, especialmente pelas reportagens engraçadinhas que encerram os capítulos. Numa delas, foca-se jogadores brasileiros que foram batizados com nomes de dois destaques daquela Copa: o italiano Roberto Baggio e o búlgaro Hristo Stoichkov. Em outra, a pauta é o número de garotas que ganharam o nome de Romária em 1994, com entrevista com duas delas na cidade de Exu, Pernambuco. A matéria mais bacana está no episódio final: um papo com Guilherme, o torcedor do São Paulo que invadiu o gramado do Rose Bowl e ficou um tempão celebrando o tetra abraçado com os jogadores (ele pensou que todo mundo faria o mesmo, portanto não corria o risco de ser devolvido ao seu assento por um segurança).

Nenhuma ressalva impede essas séries de chegarem em sua plateia preferencial, que é Neymar e companhia. Para sonharmos com o hexa, nossos jogadores precisam voltar a ser mandingueiros e a inventar coisas constrangedoras como entrar em campo de mãos dadas para demonstrar união. Tem de ter alguém machucado que só sirva para animar o pagode. E um amuleto tipo o finado velho Lobo, que sequer se dirigia à estrela do time, mas transformava tudo em 13. Falta dois anos para construirmos outro cenário inusitado como esse que nos valeu o tetra. Aliás “hexacampeão 26” tem 13 letras.

  • O Tetra pelo Tetra
  • 2024
  • Sete episódios
  • Classificação livre
  • Disponível no Disney + Premium
  • Tetra 30
  • 2024
  • Quatro episódios
  • Classificação livre
  • Disponível no Globoplay

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