Ninguém pensa em Sylvester Stallone como um dos maiores atores da história do cinema. Ele sequer chega aos pés de nomes como Jack Nicholson, Anthony Hopkins e Marlon Brando, só para citar alguns gigantes. Mas a percepção icônica é defendida com unhas e dentes por Sly, o novo documentário da Netflix. Em vez de relacionar isso aos triunfos do intérprete de Rambo e Rocky, a produção se vale da personalidade e da vida do astro para criar um retrato inspirador.
Para quem conheceu mais da intimidade de Sly pelo reality show Família Stallone, o novo doc pode surpreender. Ele não está como coadjuvante da situação e consegue demonstrar melhor o seu lado mais introspectivo e, por vezes, “intelectual”, citando grandes obras do cinema e seu amor pela arte.
A honestidade também é um dos grandes trunfos da película. Em determinado momento, após falar sobre a negligência de seus pais, Stallone assume com os olhos marejados que o carinho dos fãs traz uma espécie de conforto pela falta de amor recebida em casa. Para quem o enxerga como um cara bombado de filmes de ação, esse tipo de cena pode trazer uma nova perspectiva.
Garanhão italiano
Com esse cenário posto, o documentário segue uma linha bastante convencional. Aborda a infância, o momento em que ele decidiu ser ator, as dificuldades do começo, os grandes papéis e o envelhecer. Curiosidades vão aparecendo ao longo do percurso na tentativa de convencer o espectador de que o carismático Stallone teve até algo de inovador em sua trajetória.
Logo no começo, ele explica como sua face ficou paralisada como resultado de sua mãe não ter ido para a maternidade no momento adequado. Revela também que trabalhou como lanterninha num cinema, usando o cargo para gravar o áudio dos filmes exibidos e treinar suas capacidades de atuação, além de melhorar seu entendimento sobre o funcionamento de um roteiro.
Stallone foi a mente criativa por trás das franquias que o fizeram estourar. A história do “garanhão italiano” Rocky saiu de sua própria cachola; do primeiro ao sexto filme os roteiros são dele. Embora hoje seja comum ver atores se aventurando na escrita ou na direção, Sly foi um dos precursores disso em Hollywood.
Esse é justamente um dos fatos bastante elogiados pelo cineasta Quentin Tarantino, que dá depoimentos para o longa. Além dele, que é uma presença essencial para a produção, os atores Arnold Schwarzenegger, Henry Winkler e Talia Shire também dão seus insights sobre o velho Stallone. Mesmo que passe a impressão de ter sido realizado por um fã, o documentário dirigido por Thom Zimny sabe justificar bem seus pontos e entrega um resumo convincente e, de certa forma, inspirador de uma das figuras mais populares da indústria do entretenimento.