Em “Bird Box Barcelona”, personagens precisam andar vendados| Foto: Netflix/Divulgação
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Um homem tenta proteger sua filha em um mundo apocalíptico. Essa premissa clichê é a força motriz do terror Bird Box Barcelona durante seus primeiros trinta minutos, até que uma reviravolta repentina entrega que o espectador pode estar enganado sobre o que está assistindo.

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Embora seja uma história independente, o novo longa, que está no top 10 dos mais assistidos da Netflix, expande o universo de Bird Box, estrelado por Sandra Bullock, em 2018. Ambos os filmes são ambientados em um mundo onde criaturas sobrenaturais entram na mente das pessoas levando-as a uma morte repentina e inevitável ou à loucura.

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A única saída para evitar o contato com os seres invisíveis é utilizar vendas em áreas externas, tapando a visão e, com isso, dificultando a busca por um lugar seguro. No primeiro capítulo da saga, a saída encontrada pela protagonista era usar uma caixa com pássaros que alertavam sobre perigos iminentes. Já em Barcelona, o protagonista Sebastián, interpretado por Mario Casas, não se preocupa muito com isso, o que é esquisito em um primeiro instante.

Quem é o vilão? 

O filme mostra que os maiores riscos estão no próprio ser humano corrompido, não no monstro invisível que pode levar sua vida. Logo na primeira sequência, vemos Sebastián em um momento leve com sua filha, quando acabam atacados por cegos e têm suas provisões roubadas. Depois do ataque, o pai busca abrigo numa comunidade e recebe a permissão para entrar no local, sem deixar de lado sua aparente preocupação em proteger a menina. Conversas entre os residentes logo revelam que eles também já sofreram ataques brutais de desconhecidos, o que os aproxima.

Repentinamente, enquanto todos dormem, Sebastián decide roubar um ônibus e destrói a proteção daquele espaço, deixando o espectador perdido por alguns segundos. Afinal, qual seria sua motivação? Nesse momento é revelada a principal diferença entre Bird Box Barcelona e seu antecessor: o personagem principal já foi atacado pelo monstro. A reviravolta, importante para o desenvolvimento do roteiro, chega mais rápido do que deveria. Seu efeito seria muito maior se só ocorresse no final, como acontece em Clube da Luta ou Amnésia, só para citar dois filmes que arrebatam com guinadas derradeiras.

Apesar desse probleminha, o filme consegue prender o espectador. Ele expande o universo do longa inaugural com Sandra Bullock, destacando como o apocalipse afetou outro país além dos Estados Unidos, e inova em sua abordagem ao acompanhar um personagem que pode até ser classificado como um "vilão bem-intencionado".

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