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Com produções do tipo Yellowstone, Território e Horizon: An American Saga aparecendo a torto e a direito, não seria exagero dizer que o gênero dos faroestes está entrando na moda novamente. A Netflix, ciente disso, lançou mais uma série nessa pegada este ano: Terra Indomável. Com apenas seis episódios, a produção está há semanas no top 10 do streaming, revelando-se um novo fenômeno para maratonar.
Criada por Mark L. Smith, o roteirista de Twisters e O Regresso, a história acompanha principalmente Sara e Devin, mãe e filho que viajam em direção ao Oeste para tentar encontrar o pai do garoto. É com eles que o espectador descobre muito da ambientação americana de 1857, especialmente do território de Utah.
A região ainda está sendo conquistada e serve de palco para o embate entre diferentes grupos. Há a presença de indígenas, membros do exército, milícias e até membros de igreja Mórmon. A união de todos no mesmo pedaço de terra é um verdadeiro barril de pólvora prestes a explodir.
É importante frisar que o seriado vende um retrato dos mais violentos da história dos Estados Unidos, com mortes bastante gráficas e chocantes. Logo no primeiro episódio, Sara e Devin ficam traumatizados com um assassinato completamente sem sentido, por exemplo.
Sem mentiras pacíficas
Terra Indomável aposta numa abordagem que sintetiza o termo Wild West, pois a “selvageria” atua como o principal chamariz do seriado. É isso que explica algumas das críticas negativas realizadas à minissérie na plataforma Rotten Tomatoes, onde críticos se queixaram da violência exacerbada. Mas a ideia é justamente essa.
Segundo o produtor executivo Eric Newman, o propósito de Terra Indomável é lançar um olhar “anti-nostálgico” e “realista” sobre o desenvolvimento dos EUA. “Esse prisma idealista com os qual vemos o passado, desde o primeiro Dia de Ação de Graças, é repleto de mentiras. É destinado fazer com que nos sintamos bem com esse caminho realmente difícil e brutal que tomamos”, pontuou em uma entrevista para a própria Netflix.
Seja como for, essa reflexão cabe muito mais ao povo daquele país. Para quem está no Brasil, o que vale é o roteiro bem construído que prende no sofá quem gosta de história ou de faroestes. Não à toa, desde seu lançamento no dia 9 de janeiro, seus episódios já acumularam mais de 24,7 milhões de visualizações mundialmente.
Pós-rock no Velho Oeste
Outro ponto forte é o cuidado artístico. A produção investiu em uma pesquisa histórica extensa sobre um evento conhecido como Massacre de Mountain Meadows, que serve de pano de fundo para a série. Há menções a pessoas reais, cuidado com os figurinos e até detalhes sobre os costumes das diferentes “tribos” conviventes em Utah, dos religiosos aos índios.
A trilha sonora também merece destaque, um oferecimento da banda de pós-rock Explosions in The Sky. O som do quarteto em Terra Indomável remete ao último trabalho do compositor Robbie Robertson, colaborador de Martin Scorsese no filme Assassinos da Lua das Flores, que morreu em 2023. Os riffs de guitarra ou violão que permeiam os episódios ajudam a dar o tom, mostrando a sagacidade do grupo em utilizar cada instrumento adequadamente para momentos calmos ou de extrema tensão nos episódios.
Como minissérie, Terra Indomável funciona muito bem, ainda que passe perto de se arrastar demais. Caso os produtores e o streaming decidam expandir a produção com uma nova temporada, corre-se o risco de alienar o espectador e estragar algo que está bom do jeito que está.
- Terra Indomável
- 2025
- Seis episódios
- Indicado para maiores de 18 anos
- Disponível na Netflix