A atriz Kaitlyn Dever, que faz a personagem Brynn, cuja casa é invadida por extraterrestres| Foto: Divulgação Star+
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Há muito conteúdo na internet sobre Ninguém Vai te Salvar. Análises emocionadas no YouTube, críticas de espectadores impactados em fóruns e redes sociais, loas e mais loas para a atriz Kaitlyn Dever, que protagoniza o filme todo sem dizer palavra. Se fosse apenas uma obra de terror com alienígenas, é certo que o lançamento exclusivo do Star+ não causaria tanto buchicho. Mas o diretor, roteirista e produtor Brian Duffield pariu algo especial, cujo retorno positivo é mais do que merecido.

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Após ser exibido em algumas salas nos Estados Unidos no mês passado, Ninguém Vai te Salvar aterrissou rapidamente no streaming (por lá, no Hulu) e foi o filme mais visto no país no fim de semana de estreia. A audiência seguiu alta nos dias seguintes com a distribuição em outros territórios por meio dos canais da Disney. Num primeiro momento, o fato de ser um terror com alienígenas e sem diálogos chama mesmo a atenção. Mas, quem embarca na história, descobre que há muito mais em pauta.

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Kaitlyn Dever encarna Brynn, uma jovem que vive isolada em sua casa, longe do centro da cidade. Quando sai para passear, recebe olhares condenatórios de todos os habitantes do local. Isso quando não leva uma cusparada. O espectador tem a certeza de que ela é odiada, apesar de suas características singelas. Só que a razão desse ódio todo só será revelada na parte final do filme.

Antes disso, Brynn precisa lidar com alienígenas que invadem sua casa. São extraterrestres humanoides, daquele tipo mais convencional, alguns com umas pernas a mais. Não são nada fofinhos. Os confrontos entre a mocinha e os invasores são verdadeiramente amedrontadores. E o pior: Brynn logo descobre não ser o único alvo. Os aliens estão por toda a cidade, abduzindo corpos, chipando-os para explorações em discos voadores.

Errar é humano, perdoar é ET

Ela é a mais resistente, a brava que enche a casa de armadilhas (como o personagem de Macaulay Culkin em Esqueceram de Mim) no afã de se livrar dos invasores. É a partir dessas artimanhas que a resiliência de Brynn começa a virar o tema. E não só por conta dessas batalhas com os seres de outro mundo. O espectador é levado a refletir no quão difícil é sobreviver num ambiente hostil, sozinha, sentindo falta da falecida mãe e de sua melhor amiga.

E então chega a questão do perdão. Duffield parece querer nos dizer que errar é humano, mas perdoar é cada vez mais algo alienígena, um sentimento que nosso planeta não mais alcança. As interações de Brynn com os ETs acabam revelando o que ela fez de tão grave para ter toda a cidade contra si. E, antes de conseguir o perdão dos outros, a garota precisa perdoar a si mesma. Ou seja, todo o apuro que ela passa lutando e até aniquilando aliens termina sendo salutar para que haja um entendimento sobre um grande erro do passado, sua necessária superação e a evolução para um estágio melhor – o que o diretor prefere ilustrar com muita ironia nas cenas derradeiras.

Bastante original, Ninguém Vai te Salvar tem apelo para várias audiências, indo muito além do terror, da ficção científica ou da experimentação de um filme sem diálogos. Há valores morais em debate enquanto um alienígena tem a cabeça perfurada e outro é carbonizado dentro de um carro em chamas. Propostas singulares assim só merecem aplausos numa era cinematográfica cada vez mais dominada por mesmices e tolices.

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