“O Garoto de Ouro”. Esse era o apelido pelo qual o pugilista Oscar De La Hoya era conhecido por seus fãs e pela imprensa. Ganhador de diversos títulos mundiais, o então jovem filho de imigrantes mexicanos conquistou para os Estados Unidos, em 1992, o ouro na Olimpíada de Barcelona. Sua principal motivação para a medalha: realizar o sonho de sua mãe, morta dois anos antes após um diagnóstico de câncer.
É com essa história, aparentemente construída apenas por atitudes nobres, que De La Hoya ganhou sua alcunha. Mas o documentário em duas partes The Golden Boy, lançado pelo HBO Max, revela que não era bem assim. Nos bastidores, o boxeador sentia-se como um “robô”, tomando poucas decisões próprias em sua vida e interpretando um papel para manter sua carreira.
“Eu não amava boxear, somente era bom nisso”, resumiu recentemente em uma entrevista ao jornal inglês The Guardian. De La Hoya, hoje com 50 anos, também contou que tinha vontade de lançar esse produto audiovisual há anos, como uma espécie de terapia e para limpar sua consciência de erros cometidos no passado.
Pai ausente e alcoólatra
No doc, realizado pela produtora do ator Mark Wahlberg, o espectador encontrará informações sem filtro sobre o pugilista. Estão lá vídeos de treinamentos, lutas e entrevistas clássicas dadas pelo ex-Garoto de Ouro, reforçando o que fez De La Hoya se tornar um fenômeno no mundo dos esportes.
Por outro lado, há entrevistas com filhos, promotores de luta e ex-treinadores que revelam alguns de seus podres. O lutador foi um pai ausente, teve problemas com álcool e drogas ilícitas e chegou a ser acusado de abusar de uma jovem.
Mesmo que esses momentos claramente sejam abordados para trazer maior efeito dramático à produção, o fato de eles estarem presentes torna o documentário especial por sua franqueza. Dificilmente uma pessoa tão referencial quanto De La Hoya corre o risco de sujar sua imagem de vez. Há inclusive uma revelação bombástica, que certamente mudará toda a percepção do público sobre o boxeador. Mas isso não é importante para ele.
“Não parece falso”, diz De La Hoya sobre The Golden Boy. “Não passa a impressão de que estou sendo controlado. Agora eu estou no controle do meu próprio destino”, conclui.
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