A jovem professora Carla Nowak ensina matemática e educação física para uma turma do sétimo ano de uma escola secundária alemã há vários meses. Alegre e entusiasmada, a professora, de origem polonesa, dedica-se ao seu trabalho e parece ter uma boa ligação com os alunos. Mas um pequeno roubo perturba o ambiente e Carla não se convence das medidas tomadas pela direção sob o axioma da tolerância zero.
Em cartaz nos cinemas brasileiros desde quinta-feira (29), A Sala dos Professores foi indicado a Melhor Filme Internacional no Oscar 2024. E, desta vez, o nível nesta categoria está muito alto. Tão alto que, na visão de muitos especialistas, há mais qualidade nessa categoria do que em metade dos filmes que aspiram ao Oscar principal. Representante da Alemanha, A Sala dos Professores disputa a estatueta com Zona de Interesse (Reino Unido), A Sociedade da Neve (Espanha), Dias Perfeitos (Japão) e Eu, Capitão (Itália).
Dirigida pelo alemão İlker Çatak, que divide o roteiro com Johannes Ducker, a história é inspirada na própria experiência escolar do cineasta, que estudou em uma escola secundária de Berlim. A partir da 8ª série, Çatak foi para uma escola na Turquia, onde presenciou um caso semelhante.
Ao ver a enorme força do longa-metragem, rodado na escola Albert-Schweitzer e na antiga sede da Universidade de Ciências Aplicadas de Arquitetura e Engenharia Civil de Hamburgo, você entende o que acontece com outros bons filmes que se aproximam de um ambiente profissional de maneira equilibrada. Tudo é verossímil, mas não se renuncia ao poder de dramatização que caracteriza uma história de ficção. Um filme é um filme – fingir que ele é uma conferência ou um artigo com fontes citadas é um absurdo.
Porque, paradoxalmente, o que se conta, a memória do diretor que dá origem à história, ocorreu na Turquia. A Sala dos Professores é uma abordagem inteligente e ousada à profissão de docente, aos protocolos no domínio educativo. Quem pensa que o filme exagera faria bem em dar uma olhada em qualquer instituição de ensino hoje. Obviamente, trata-se de ficção, e a equipe do filme sabe criar um ritmo sensacional, administrando as informações com muita habilidade, evitando tramas secundárias que prejudicariam a enorme tensão deste thriller, que em nenhum momento é uma paródia. A inclusão na história do jornal escolar, as conversas com o pessoal administrativo, a conduta da diretora, etc., é muito inteligente nesse sentido.
A atuação de Leonie Benesch como a professora é maravilhosa: com equilíbrio invejável, ela carrega nas costas o peso dramático desse thriller escolar. O filme estreou em maio de 2023 na Alemanha, após exibição na seção Panorama da Berlinale. Ele ganhou os prêmios de Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Atriz Principal no German Film Awards, e domingo que vem terá o páreo duro no Oscar. Ao lado de Ser e Ter, O Que Traz Boas Novas e O Substituto, figura entre as melhores obras sobre educação dos últimos 50 anos.
© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
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