Um “terrir”, uma aventura clássica e um drama político. Confira as resenhas de três filmes que estão em cartaz no Brasil e podem ser boas opções para quem prefere a experiência de se divertir nas salas de cinema. Observação: Belas Promessas já está no catálogo do Now para locação.
Renfield: Dando o Sangue pelo Chefe
O diretor de animações televisivas Chris McKay (LEGO Batman: O Filme) leva para as telonas um roteiro original de Ryan Ridley a partir de uma ideia original de Robert Kirkman (The Walking Dead). Renfield (Nicholas Hoult) é o empregado do Drácula desde o filme de Tod Browning, de 1931. Ele já tratava de procurar vítimas inocentes para o seu patrão naquela época. Agora, Renfield assiste a sessões com pessoas que sofrem com relações de dependência tóxicas, com o intuito de conseguir gente bacana para servir de alimento ao vampirão. Mas, nessas sessões, Renfield vai se tocando de que é refém de uma relação do mesmo tipo, e decide se libertar de sua escravidão com o Drácula (Nicolas Cage). O ator veterano se sente superabundante nessa divertida patifaria que, por um lado, presta tributo ao Drácula vivido por Bela Lugosi e, por outro, num nível metafórico, propõe uma reflexão sobre os relacionamentos tóxicos.
Comédia negra de ação, disparatada e surrealisticamente sangrenta, Renfield é um coquetel onde se misturam tramas com policiais corruptos, máfias do narcotráfico, terapias e dramas familiares. O filme entrega o que promete, arranca gargalhadas e incentiva o consumo de pipoca. E vale a pena agradecer que os personagens da Igreja tenham ficado do lado do bem. (Juan Orellana) Original em espanhol.
Os Três Mosqueteiros: D’artagnan
Essa superprodução francesa explora, mais uma vez, o clássico de Alexandre Dumas. Planejada desde o início como um filme em duas partes, nessa primeira a produção conta com um orçamento de 70 milhões de dólares e atores conhecidos para atrair o público.
Destinada a uma plateia ampla, Os Três Mosqueteiros: D’artagnan é um produto de entretenimento que, sem ser fora do comum, funciona bem. Além do elenco, o que mais se destaca é o design de produção e a forma como a corte francesa no reinado de Luís XIII é recriada. As cenas de ação são bem filmadas, mas não são brilhantes. A mesma coisa pode ser dita dos diálogos, da subtrama amorosa, dos conflitos ou da maneira em que se coloca o ponto final na primeira parte. A despeito disso, o filme é agradável de se assistir e entretém. (Carmen Azpurgua) Original em espanhol.
Belas Promessas
Clémence Collombet (Isabelle Huppert) é uma política francesa veterana, com larga experiência no posto de prefeita de uma cidade desalentada muito próxima a Paris. Convencida de que seu trabalho é servir os cidadãos, ela se depara com a possibilidade de virar ministra e sua hierarquia de valores começa a chacoalhar.
É preciso reconhecer que o cinema francês tem a capacidade de transformar em narrativa algumas tramas que não soam nada simples de serem adaptadas. A complexidade da vida interna dos partidos políticos ou os conflitos psicológicos que podem provocar a ambição pelo poder parecem mais material para ensaios escritos do que para dramas cinematográficos. E, mesmo assim, em Belas Promessas isso funciona. E funciona justamente como uma abordagem dramática de uma realidade que lemos quase todos os dias nos jornais.
O acerto se dá com um roteiro bem trabalhado – ainda que exija um espectador pouco preguiçoso – com interpretações que entregam tudo, com destaque para a sempre eficaz Isabelle Huppert. Não é um filme para a maioria das pessoas, mas um público interessado em política e em questões sociais vai gostar. (Ana Sánchez de la Nieta) Original em espanhol.
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