Ouça este conteúdo
Quando se fala em faroestes clássicos, a tendência é sempre citar cineastas como John Ford, Sergio Leone, Howard Hawks, Anthony Mann, Sam Peckinpah e John Sturges, os diretores que fizeram as obras mais icônicas do gênero. Aqui vai uma escolha pessoal de três faroestes maravilhosos e pouco citados em listas dos melhores filmes do estilo. O primeiro é com John Wayne, o segundo é uma produção recente, e o terceiro é uma relíquia da década de 40 que está no YouTube.
O Último Pistoleiro (1976)
Mesmo se não fosse um grande filme, O Último Pistoleiro mereceria ser visto por ser o último filme estrelado pelo maior ator de faroestes de todos os tempos, John Wayne. Mas é um western glorioso, e um que parece ter sido feito sob encomenda para Wayne.
Dirigido por Don Siegel, um veterano que havia feito clássicos da ficção-científica (Vampiros de Almas, 1956) e dos filmes de justiceiro (Perseguidor Implacável, de 1971), O Último Pistoleiro foi adaptado de um romance lançado em 1975 por Glendon Swarthout e conta a história de um velho pistoleiro, J.B. Books, que descobre que tem um câncer terminal e decide se despedir do mundo como sempre viveu: atirando.
John Wayne interpreta Books com uma emoção genuína. Na vida real, Wayne havia sido diagnosticado com câncer no pulmão em 1965, e passou os anos seguintes em tratamento. O Último Pistoleiro foi seu último trabalho no cinema. Ele morreria de câncer em 1979, aos 72 anos.
Onde assistir: Looke, Oldflix, Pluto TV e Netmovies.
Retorno da Lenda (2021)
Maravilhoso faroeste que se se passa em 1906, no estado de Oklahoma, e conta a história de um viúvo, Henry, o sensacional Tim Blake Nelson, que já atuou em filmes de Spielberg (Minority Report, Lincoln) e dos Irmãos Coen (E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? e o papel principal em A Balada de Buster Scruggs). Ele mora num rancho humilde com o filho pequeno, Wyatt (Gavin Lewis).
Henry é um tipo franzino e tímido, que vive isolado e parece não querer contato com o mundo. Mas sua vidinha pacata muda quando ele e o filho encontram um homem, Curry (Scott Haze), ferido, junto a uma bolsa cheia de dinheiro.
Retorno da Lenda tem uma trama simples e engenhosa, mas o que impressiona mesmo é a direção de Potsy Ponciroli e a interpretação absolutamente fantástica de Tim Blake Nelson. É um filme visualmente muito bonito e bem dirigido, tanto nas tomadas plácidas da natureza de Oklahoma, quanto nas cenas de ação. E o final é inesquecível.
Onde assistir: Netflix.
Consciências Mortas (1943)
Este filme é obrigatório, um dos maiores títulos do chamado “faroeste psicológico”, subgênero de filmes que tinham, além das tradicionais cenas de tiroteios e perseguições a cavalo, uma preocupação com o aspecto psicológico dos personagens e em contar histórias com fundo social.
Dirigido por William A. Wellman, um veterano que havia trabalhado no cinema mudo (dirigiu o clássico filme de aviação Wings, de 1927, vencedor do primeiro Oscar de Melhor Filme), conta a história de três homens que são acusados de matar um rancheiro e, por isso, sentenciados à morte por uma turba de caubóis enfurecidos. O elenco é grandioso: Henry Fonda, Dana Andrews, Anthony Quinn, entre outros.
Consciências Mortas lida com questões profundas como o racismo, preconceito e o perigo de julgamentos fora-da-lei. É, ao mesmo tempo, um ótimo filme de ação e um drama psicológico arrasador.
Onde assistir: disponível, em HD e com legendas em português, no canal Cine Antiqua, no YouTube.
