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Série da Netflix

“Treta” combina risos, reflexões e até louvores em igreja da comunidade coreana

O empreiteiro Danny Cho se conecta com Deus cantando numa igreja frequentada por coreanos (Foto: Divulgação Netflix)

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Quem nunca se estressou com alguma barbeiragem de outro motorista? Isso é ainda mais comum em lugares com trânsito caótico, como São Paulo, Nova York ou Calabasas, cidade da Califórnia onde a minissérie Treta (Beef, no original) se passa. Criada pelo produtor Lee Sung Jin, a parceria da Netflix com a A24, responsável por filmes como A Baleia Joias Brutas, acompanha dois estranhos que quase batem o carro e começam a se perseguir regularmente, uma forma de lidar com a raiva e outras frustrações causadas pelos desafios da vida.

A trama da comédia dramática se desenvolve a partir de dois pontos. De um lado, acompanha Danny Cho, um empreiteiro que está tendo problemas com dinheiro e busca agradar sua família após um baque financeiro. Do outro, está Amy Lau, uma empresária bem-sucedida que só pensa em vender seu negócio por um acordo milionário e dedicar-se à filha pequena.

Quando quase colidem seus carros em um estacionamento, os dois personagens estão no ápice do estresse e iniciam uma caça para tirar satisfações – e, de alguma forma, tentar ter algum controle da vida. Essa ideia inusitada gera muitos momentos engraçados entre os dois, como quando o empreiteiro descobre onde a empresária mora e “destrói” o seu banheiro. Ou o momento em que Amy localiza o carro de Danny e pinta diversas mensagens vulgares na lataria, principalmente criticando suas habilidades de direção.

Nesse processo, o espectador fica sabendo mais da personalidade das duas pessoas, além de entender que ambos têm muito em comum, apesar dos estilos de vida totalmente opostos. A ideia é mostrar que qualquer um pode ser afetado seriamente por crises em casa, propondo uma reflexão de que a realização pessoal está muito além da conquista de bens materiais.

Conexão com Deus 

A trama de Treta, que parece totalmente inusitada, foi inspirada em um acidente que quase aconteceu com o produtor Lee Sung Jin. Segundo ele, a situação foi típica, envolvendo os xingamentos e as buzinadas efusivas de situações assim, mas não extrapolou para o que vemos na série. “Após o acidente, nós seguimos para nossas casas e a direção era a mesma, por quilômetros e quilômetros”, relatou Sung Jin, em entrevista ao jornal TODAY. “Foram quase quarenta minutos disso. Tenho certeza de que, na cabeça da outra pessoa, eu era uma espécie de lunático a perseguindo."

As outras situações cômicas entre Amy e Danny surgiram da mente do produtor, tentando imaginar o que aconteceria se a perseguição de carro fosse levada ao extremo por ambas as partes. Mas as inspirações em fatos reais aparecem em outros momentos de Treta, inclusive em cenas mais dramáticas.

Em uma passagem que traz mais informações sobre Danny, por exemplo, ele visita uma igreja coreana e consegue sentir uma conexão com Deus, mesmo tendo ido ao culto com um pé atrás. A atuação de Steven Yeun coroa a cena atípica em grandes produções, que no geral retratam igrejas nos Estados Unidos como lugares de charlatanismo e pessoas iludidas. Um cuidado especial se deu porque tanto o ator quanto o produtor frequentavam este tipo de culto desde crianças.

“A cena foi filmada de uma maneira muito digna, não sentimos que estávamos glamourizando ou fazendo piada com aquele momento. Nós só quisemos refletir a experiência de uma igreja coreana da maneira mais honesta possível”, apontou Yeun em uma entrevista ao Mashable. “Estou familiarizado com isso de ir a um lugar coletivo em que você é dominado por um sentimento.”

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