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Drama indiano

“Tudo que Imaginamos como Luz” retrata mulheres que se fortalecem pela amizade

As amigas Prabha e Anu, que dividem um pequeno apartamento em Mumbai
As amigas Prabha e Anu, que dividem um pequeno apartamento em Mumbai, Índia (Foto: Divulgação)

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Em Mumbai, maior cidade da Índia, três mulheres trabalham num hospital. Parvaty é divorciada e está prestes a se aposentar. Prabha tem cerca de 40 anos e um marido na Alemanha que não se importa com ela. Anu é uma garota de vinte e poucos anos envolvida com um garoto muçulmano. Prabha e Anu dividem um pequeno apartamento. Insatisfeitas, as três são – de alguma forma – a mesma mulher em três fases vitais distintas: juventude, maturidade e velhice. A amizade delas as ajuda a seguir em frente.

A diretora indiana Payal Kapadia, de 38 anos, ganhou o grande prêmio do Festival de Cannes com seu segundo longa-metragem, intitulado Tudo que Imaginamos como Luz, em cartaz nos cinemas brasileiros. A história capta a insatisfação vital dessas três mulheres num país onde a percentagem de casamentos arranjados continua muito elevada, os dotes subsistem de forma camuflada apesar de serem oficialmente proibidos desde a década de 1960, e o sistema de castas condiciona muito a formação de casais. Sem falar no elevado número de estupros, abortos e assédio de mulheres em muitas áreas da Índia.

É claro que Payal Kapadia não está satisfeita com a situação social no seu país e com a vida das mulheres. Ela já havia mostrado isso em seu primeiro longa-metragem, um documentário sobre um casal de universitários que não pode se casar por serem de castas diferentes. O filme se chama Uma Noite sem Saber Nada e pode ser visto gratuitamente na plataforma Sesc Digital.

Em Tudo que Imaginamos como Luz existem duas partes muito diferentes. Os primeiros 60 minutos são na cidade; o resto, numa vila de pescadores. A influência da cineasta japonesa Naomi Kawase, de Sabor da Vida, fica evidente no tratamento da relação Eros e Thanatos. Parece claro que, por enquanto, a diretora nipônica tem mais profundidade do que a indiana. Kapadia chama o espectador para o quadro negro no final do filme, com um toque mágico e um didatismo pesado que só são superados graças ao poder de sua gramática audiovisual e à qualidade das atrizes envolvidas.

O filme concorreu contra o brasileiro Ainda Estou Aqui no último Globo de Ouro na categoria de filmes em língua não inglesa e chegou a ser apontado pela revista Variety como o provável vencedor da noite – Emilia Pérez acabou levando. Por outro lado, Tudo que Imaginamos como Luz não entrou na lista dos 15 títulos que disputam as cinco vagas finais para o prêmio de Melhor Filme Internacional do Oscar, mesmo com apoio americano e europeu na produção. E a grande curiosidade: a obra já arrecadou mais de 12 milhões de reais de bilheteria internacionalmente, mas ainda não foi lançada na Índia.

© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

  • Tudo que Imaginamos como Luz
  • 2024
  • 123 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Em cartaz nos cinemas

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