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Andrew Ridgeley e George Michael formavam a dupla Wham!, tema de novo documentário
Andrew Ridgeley e George Michael formavam a dupla Wham!, tema de novo documentário| Foto: Netflix/Divulgação

Colocar Wake Me Up Before You Go-Go, Club Tropicana ou Freedom em qualquer festa com pessoas de mais de 40 anos pode surtir efeitos imediatos, agitando os quadris de quem mantém o espírito jovem ou ao menos deixando as melodias chiclete na cabeça de quem viveu os anos 1980. E era isso mesmo que os ingleses George Michael (1963-2016) e Andrew Ridgeley buscavam quando montaram o Wham!, duo de vida breve que inspirou o documentário de mesmo nome lançado pela Netflix na semana passada. “Tudo era pop. E o Wham! nunca seria adulto”, sintetiza uma frase presente logo no início do filme.

Wham! conta como a bonita amizade entre Michael e Ridgeley surgiu. Conectada pela música de nomes como Elton John e David Bowie, a dupla integrou uma banda de ska antes de decidir que queria outro tipo de som. A resposta foi encontrada em discotecas que botavam a juventude para dançar e ser feliz. O único objetivo do grupo era fazer um bom pop – ainda que nos primeiros hits as letras trouxessem comentários sociais no formato de rap, a novidade da época.

O documentário, conduzido pela voz de Andrew Ridgeley e por trechos de entrevistas e depoimentos deixados por George Michael, defende as qualidades da música popular voltada para os jovens. Começa destacando a visão artística do duo e seu amadurecimento na parte da composição. Diferentemente de muitas outras estrelas do pop, como Michael Jackson e Madonna, o Wham! não delegava a criação de músicas para autores experientes. Ainda com 18 aninhos, Michael e Ridgeley já tinham escrito o rascunho do mega sucesso Careless Whisper – e esse registro integrou a primeira fita cassete que eles levaram para mostrar nas gravadoras. Superexposta ao ser lançada anos mais tarde, a balada romântica tem valor inegável por ter permanecido no imaginário pop até hoje, com seu indefectível solo de saxofone comumente classificado como cafona ou como “trilha de motel”.

Porre natalino e turnê chinesa

A produção segue com aquele conteúdo obrigatório em qualquer produto sobre a história de um conjunto musical. Estão lá a dificuldade de fechar um contrato, a falta de dinheiro depois de um acordo ruim, a rotina com fãs e as curiosidades sapecas – você sabia que Michael e Ridgeley ficaram completamente bêbados na gravação do clipe do hit natalino Last Christmas? E que a dupla passou uma temporada se apresentando na fechada China comunista basicamente para ganhar as manchetes da mídia americana?

A sexualidade de George Michael também entra em foco, sendo esse um tema crucial para determinar o fim do Wham! e o início de sua gloriosa trajetória como solista. “Não mudava nada entre nós”, chega a dizer Ridgeley. Porém, assumir a homossexualidade foi importante para que ele, nascido Georgios Kyriacos Panayiotou, parasse de mentir nas entrevistas que sempre batiam na tecla do assédio da mulherada (quem aproveitou bem esse aspecto da fama juvenil foi Ridgeley).

A decisão de encerrar o projeto também teve a ver com a crescente monopolização de Michael, que passou a escrever as músicas sem o parceiro e assumiu o papel de produtor dos hits. O documentário mostra Ridgeley perdendo cada vez mais espaço, tornando-se uma espécie de rosto bonito para as revistas, além de ocasional figurinista – era ele quem escolhia o visual da banda em shows e clipes.

Entre o primeiro single, lançado em 1982, e o último show, em 1986, a amizade dos dois não sofreu qualquer abalo. Ridgeley demonstrou imensa grandeza no momento em que precisou ser “deixado para trás” para que aquele menino que ele conhecera na escola brilhasse sozinho. Não está no documentário, mas George Michael soube retribuir o gesto chamando Ridgeley para participar de seu segundo show no Rock in Rio de 1991, diante de um estádio do Maracanã lotado. E o Wham! nunca mais se reuniu. Foi efêmero como uma boa história do mundo pop.

Conteúdo editado por:José Flávio Júnior
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