O trote ainda é um dos principais problemas enfrentados pelos serviços de atendimento de emergência. De acordo com a Polícia Militar do Paraná, a cada 10 ligações recebidas pelo número 190, quatro são indevidas com pessoas fazendo piadas ou solicitando atendimento inexistente. Isso corresponde a uma média anual de 40% das chamadas, o que afeta diretamente a qualidade do serviço prestado e evita que quem realmente precisa de socorro ou de assistência seja atendido.
E não é apenas a PM que sofre com esse incômodo. Embora o 190 seja o serviço mais comum, outros números de socorro acabam sendo vítimas de trotes. Segundo o diretor do Departamento de Urgência e Emergência da prefeitura de Curitiba, Vinícius Augusto Filipak, o Samu de Curitiba recebe uma média de 500 chamadas todos os dias, sendo 40 delas falsas. “O mais comum é chamarem a ambulância para lugares em que não é preciso. Não sei o que veem de engraçado nisso. É quase doentio”, desabafa.
O Corpo de Bombeiros é outro alvo recorrente dos trotes, seja com pedidos falsos de ambulância ou para alertar um incêndio que não existe. “Ele ocupa aquela linha e alguém que está precisando realmente de socorro pode ficar na espera ou mesmo não conseguir o atendimento porque outra pessoa está falando besteira”, aponta a tenente Rafaela Diotalevi. Segundo ela, tanto quanto as crianças, muitos adultos também usam os serviços de emergência para fazer graça. Para Filipak, a divisão chega a ser equivalente entre as duas faixas etárias.
Lei estadual
Desde 2012, uma lei estadual prevê punição para quem passa trote para serviços de emergência. Quem for identificado fazendo ligações indevidas pode acabar pagando multa no valor de R$ 135,78 cobrados diretamente na conta telefônica. E os responsáveis pelo atendimento são treinados para identificar quando a pessoa não precisa de verdade de ajuda.
De acordo com o responsável pelo Samu, há uma série de procedimentos que ajudam a verificar se a solicitação é ou não procedente. Em muitos casos, a própria percebe que foi descoberta e desliga, mas há aqueles que persistem. “Quando o trote é identificado, avisamos que é cabível de multa”, conta.
Ainda assim, há chamadas falsas que nem mesmo a experiência consegue identificar . Segundo Filipak, cerca de 1% dos trotes acabam não sendo detectados e fazem equipes se deslocarem até o local. Para a tenente Rafaela, esse é o pior tipo de “brincadeira”. “Alguns passam informações e nos fazem deslocar a viatura para, quando chegarmos, não encontrarmos nada. É algo que atrapalha tudo, tempo e recursos”, critica. E esse tipo de situação é bastante comum, conforme relata.
Para contornar problemas desse tipo, os serviços de emergência gravam as ligações recebidas, o que permite identificar o número. “A gente tem tudo gravado e temos o número. A partir disso, vamos atrás”.
Assim, para o responsável pelo atendimento do Samu, a melhor maneira de prevenir esses problemas é com consciência. “É preciso ter em mente que o recurso pode fazer muita falta para alguém que precisa de verdade. Uma ambulância pode ir para uma ocorrência falsa, deixando alguém na mão. E estamos falando de recurso público. No fim, todo mundo paga por aquela brincadeira”, diz Filipak.
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