Em teste desde o início da semana, o novo ônibus biarticulado agradou aos curitibanos. Fabricado pela Scania, o veículo faz parte da renovação da frota prometida pelo prefeito Rafael Greca (PMN) e conta com algumas novidades que o diferem bem dos modelos já em circulação pelas ruas da cidade — e, exatamente por isso, foi tão bem-avaliado pelos passageiros. Em seu primeiro dia nas ruas de Curitiba, por exemplo, os usuários destacaram a melhor iluminação e o maior espaço entre os assentos.
Confira fotos do interior do veículo
Como explica o gerente corporativo do grupo Cidade Sorriso, Eduardo Tows, são pequenas alterações em pontos fundamentais do veículo que fazem com que ele se torne mais eficiente para quem utiliza o sistema de transporte todos os dias. “Se comparar com os modelos de 2011, você vai reparar que ele não tem nada muito novo. Mas são detalhes que fazem a diferença”, afirma.
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O próprio espaço entre os bancos é um exemplo disso. Segundo Tows, o novo ônibus tem a mesma distância entre os assentos dos modelos da Volvo. A diferença é que, como o interior do veículo está mais claro, a impressão é que ele é maior. “É a mesma coisa quando você está em um carro novo e acha que tudo o que ele faz é melhor”, brinca o gerente.
Mas, na prática, a maioria dos usuários vai realmente sentir a diferença. Isso porque, embora o modelo em teste siga as mesmas normas utilizadas nos carros de 2011, o sistema de transporte de Curitiba ainda tem vários ônibus anteriores à essa padronização — alguns, inclusive, nem deveriam estar mais rodando pela cidade. Assim, em comparação a esses veículos mais velhos, as novidades se tornam muito mais significativas.
Então, conheça algumas das mudanças que você vai encontrar ao embarcar em uma estação-tubo a partir de 2018.
Cor clássica
A primeira novidade dos novos ônibus é aparente já do lado de fora. Contrastando com design mais moderno, o veículo vai ganhar uma cara clássica ao retornar para o vermelho dos primeiros biarticulados de Curitiba — o chamado vermelho-meteoro.
E não se trata apenas de uma retomada nostálgica da Urbs. Embora a nova coloração agrade os passageiros mais saudosistas, a mudança vem para diminuir os custos de manutenção. Segundo Tows, a cor clássica é mais barata do que o vermelho metalizado usado nos biarticulados atuais, já que necessita de uma camada a menos de tinta na hora do acabamento, o que facilita na hora de repor peças. “Fica mais barato para fazer uma manutenção, além de mais fácil, já que o tempo é menor. Assim, o ônibus volta mais rápido para a rua”.
Mais espaço
Embora o espaço entre os assentos não tenha mudado em relação aos ônibus de 2011, o novo biarticulado realmente conta com melhorias no espaço interno. E vão ser os passageiros que viajam em pé que mais vão sentir a diferença.
O veículo conta com o mesmo número de bancos, mas dispostos maneira a oferecer um espaço maior nos corredores entre as portas 2 e 4, onde a circulação de pessoas é maior. “Fizemos um estudo e vimos que as pessoas ficam, em média, 25 minutos dentro do ônibus apenas. A renovação de passageiros é muito grande, por isso o foco nessa área menor”, explica o gerente da viação Cidade Sorriso, onde o ônibus está sendo testado.
Desse modo, os bancos duplos ficaram concentrados próximo às portas 1 e 5, que são utilizadas somente em terminais e estações mais movimentadas — ou seja, nos quais há mais chance de o passageiro fazer viagens acima do tempo médio.
Outra mudança sutil é o modo como as caixas de roda são desenhadas. Elas ocupam menos espaço, o que ajuda a alargar o corredor e atrapalha menos o fluxo de passageiros no interior do ônibus. Além disso, como ficaram mais estreitas, não será mais possível sentar sobre elas.
A capacidade total também segue sem alterações. De acordo com Tows, há uma norma que define um total de 250 passageiros por biarticulado. Assim, sem a possibilidade de aumentar esse número, o foco ficou em oferecer mais comodidade.
E para quem se empolgou com os bancos almofadados, fica a triste notícia: eles não vão ficar na versão final do ônibus.
Outro destaque é que, a partir de agora, os ônibus passam a contar com dois espaços para cadeirantes em frente à porta 3. “Antes, se um desses lugares estava ocupado, o outro cadeirante tinha que ficar no meio do corredor. Agora isso acaba. Acredito que é o primeiro ônibus com esses dois espaços para facilitar o embarque e o desembarque”, conta.
Ganho em iluminação
Quem embarcou nos testes do ônibus da Scania percebeu que ele é muito mais claro do que os modelos anteriores. O veículo conta com iluminação de LED ao longo de seus 28 metros — incluindo nas articulações, o que é uma novidade —, além de já contar com espaço para publicidade também iluminado. “Enquanto não tem propaganda, o passageiro ganha mais luz”, afirma Tows.
Só que o verdadeiro ganho em luminosidade está no chão e nas paredes. O interior do ônibus ganhou cores mais claras que tornam a viagem menos cavernosa. Além disso, as janelas são um pouco maiores, o que colabora nesse sentido. Segundo o gerente da Cidade Sorriso, a ideia é melhorar a luminosidade para oferecer mais segurança aos usuários.
Portas maiores
Outro destaque poderá ser percebido já no embarque. A porta dos novos biarticulados é um pouco maior do que a existente em outros ônibus — 1,45 metro de largura contra os 1,25 m atuais. No entanto, embora esses 20 centímetros a mais possam facilitar a entrada e a saída de passageiros, pode ser que o modelo final do veículo não traga esse aumento.
O gerente da Cidade Sorriso explica que tudo ainda está em fase de análise e que não há nada definido — e o tamanho da porta é um exemplo disso. “A porta maior realmente ajudaria, mas só se os tubos estivessem preparados para isso”, afirma. Ele conta que, durante os testes, os centímetros adicionais resultaram em alguns problemas. “Na estação Holanda, onde colocaram uma estrutura antipulo, a plataforma está batendo”.
Outra porta que ficou maior — e que, desta vez, é certeza que vai ficar — é a de evacuação, localizada à esquerda do ônibus. De acordo com Eduardo Tows, a ideia é facilitar o desembarque em casos excepcionais. “Em uma situação de emergência, até um cadeirante consegue sair por essa porta. Nos ônibus antigos, ele teria de ser retirado no colo por alguém”.
Motorista e potência
As novidades também vão afetar o motorista. A principal mudança é que o motor sai do meio do veículo e vai para a parte frontal, além de ter se tornado mais poente. Os novos ônibus contam com um motor de 360 cavalos contra os 340 usados até então, o que significa que ele terá uma resposta melhor na há hora de subir uma ladeira mesmo cheio, por exemplo.
Segundo Tows, a mudança no posicionamento do motor não representa um problema para o profissional. Mesmo com a estrutura sendo colocado ao lado da cabine, um sistema duplo de isolamento garante que a temperatura não seja um problema para quem está no volante. Para o gerente da Cidade Sorriso, é possível sentir um aumento na temperatura, mas nada fora do comum. “Fiz uma viagem do Umbará até o Santa Cândida dirigindo o novo biarticulado. Percebi o calor, mas nada problemático”, conta.
Isso sem falar que, na prática, quem sai ganhando também é o passageiro, já que a retirada do motor da parte central faz com que essa região fique um pouco mais fresca.
Testes continuam
Segundo a prefeitura, os testes do novo biarticulado devem se repetir ao longo das próximas semanas, desta vez em horário operacional completo. A previsão é de que ele circule pela linha Santa Cândida-Capão Raso até fevereiro. Após essa data, ele poderá ser testado em outra linha.
A previsão é que, em março, sejam entregues 25 novos biarticulados como parte do programa de renovação da frota do transporte coletivo da cidade. A expectativa é que, até 2020, sejam 450 ônibus novos em circulação.
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