Cercada de muita polêmica, a nova linha ligeirão Norte-Sul começa a circular no próximo dia 28 de março, véspera do aniversário de Curitiba, com a promessa de diminuir o tempo de viagem de quem sai do Santa Cândida em direção à região do Batel. Segundo a prefeitura, serão 20 minutos a menos no trajeto em comparação com o atual Santa Cândida/Capão Raso que vão beneficiar cerca de 36 mil passageiros diariamente.
No entanto, o início da operação da linha conta ainda outras novidades que vão muito além desse menor tempo ou da polêmica envolvendo a reabertura de uma rua no meio da Praça do Japão — que virou motivo de protesto de moradores, brigas judiciais e até bate-boca com o prefeito.
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Conheça um pouco do que muda com a chegada do novo ligeirão.
Ligeirão vermelho
A primeira novidade é percebida já do lado de fora. Ao contrário dos atuais ligeirões que fazem as linhas Boqueirão e Pinheirinho/Carlos Gomes, os ônibus que vão ligar o Santa Cândida à Praça do Japão não serão azuis, mas vermelhos como a grande maioria dos biarticulados da cidade.
Dessa forma, a prefeitura acredita que conseguirá reduzir os custos operacionais e, consequentemente, manter a tarifa em R$ 4,25. “Mais cores significa mais veículos reservas, e carro parado significa custo”, explica o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto. “Com a cor vermelha, pode-se usar os ônibus vermelhos já existentes quando for necessário, sem precisar comprar mais ônibus para ficar na reserva”.
Assim, a diferenciação entre o ligeirão e a linha Santa Cândida/Capão Raso tradicional será feita pelo painel de cada veículo — o que vai exigir mais atenção do passageiro para não entrar no ônibus errado.
Menos paradas
Para percorrer os mais de 10 km entre o Santa Cândida e o Batel em 20 minutos a menos do que as linhas regulares, o novo ligeirão vai ter de fazer menos paradas durante o trajeto. No caso, ele vai passar em apenas oito estações-tubo — metade do que é feito atualmente pela linha Santa Cândida/Capão Raso.
Segundo a prefeitura, os pontos serão, além do terminal Santa Cândida e o tubo final, a estação Bento Viana, os terminais Boa Vista e Cabral e as estações Passeio Público, Central (Praça Santos Andrade), Eufrásio Correia e Oswaldo Cruz. Eles foram escolhidos com base no fluxo de passageiros a cada embarque e desembarque.
Meio do caminho
Toda a polêmica envolvendo a Praça do Japão se deu porque o ligeirão vai fazer apenas metade do trajeto previsto nesta primeira fase do projeto. A expectativa é que, até 2019, a linha chegue ao terminal do Capão Raso.
Para que isso aconteça, contudo, a prefeitura vai ter de transformar a Avenida República Argentina em um gigantesco canteiro de obras, desalinhando estações-tubo para garantir a ultrapassagem dos ligeirões em pontos de parada dos biarticulados convencionais. O dinheiro para essa mudança já foi aprovado.
Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), os próximos pontos do ligeirão Norte-Sul devem ser as estações Petit Carneiro, Sebastião Paraná, Vital Brasil e Hospital do Trabalhador, que também contam com um maior fluxo de passageiros. A estação-tubo Herculano de Araújo, a última antes de chegar no terminal do Capão Raso, seria desativada. No entanto, nada disso é definitivo.
Certo mesmo é que, até lá, os moradores do Batel vão ter que se acostumar com o biarticulado cortando a Praça do Japão para fazer o retorno e seguir em direção ao Santa Cândida.
Ônibus novos
Para celebrar o início da nova linha, a prefeitura vai colocar 25 novos biarticulados circulando pela cidade — e muitos deles vão operar exatamente na Norte-Sul. Fabricados pela Volvo, esses veículos contam com algumas novidades bem interessantes em relação aos modelos já em operação.
A principal delas é uma nova tecnologia de controle programado de velocidade em determinadas áreas. Isso significa que a Urbs pode criar um perímetro em algumas regiões da cidade e definir uma velocidade máxima no trecho. Assim, quando o biarticulado passar por ali, ele não vai ultrapassar aquela marca, independente do quanto o motorista tente acelerar.
Essa programação pode ser definida à distância e funcionar tanto em áreas específicas quanto em horários determinados — como entrada e saída de escolas, por exemplo —, diminuindo o risco de acidentes. Segundo a prefeitura, a região da Praça do Japão será uma das contempladas com essa barreira digital de velocidade, definida em 30 km/h.
Outra tecnologia de segurança dos novos veículos é a suspensão e freio eletrônico e também o sistema dayligth (luz diurna), que melhora a visibilidade do veículo, além do motor Euro 5 que emite menos poluentes.
Câmeras
Outra novidade que chega com os novos ônibus é a presença de câmeras — uma reivindicação antiga de motoristas e cobradores e que já era previsto em lei municipal, ainda que não cumprida. Ao todo, serão oito câmeras, sendo sete no interior do veículo e outra na parte externa do biarticulado que será conectada a um monitor no painel do motorista.
Em 2017, os motoristas e cobradores e Curitiba e Região Metropolitana fizeram vários protestos e organizaram greves pedindo por mais segurança no interior dos ônibus, sendo a instalação de câmeras sua principal demanda.