O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), anunciou nesta terça-feira (2) a realização de 55 mil testes rápidos de coronavírus, voltado a profissionais de serviços essenciais, pacientes com sintomas leves que se enquadrem dentro de grupos de risco, e contatos de pacientes com Covid-19 confirmada. O número de exames moleculares, do tipo PCR, também será ampliado, conforme a evolução do número de casos. Até agora, Curitiba realizou cerca de 11 mil exames.
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Segundo a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, não se trata de testagem em massa – isso ocorre quando são aplicados exames de forma aleatória em boa parte da população. Os testes serão direcionados para profissionais de saúde, agentes funerários, trabalhadores do transporte público e de armazéns públicos, educadores e assistentes sociais e guardas municipais, dentre outros. “Todos os servidores que estão no dia a dia no nosso front, que não pararam. Os primeiros a serem testados serão os profissionais da saúde e da guarda municipal”, afirmou. Na área da saúde, o objetivo é testar todos os profissionais, tanto da rede pública como da rede privada.
Para a população em geral, a ampliação dos testes de Covid-19 permitirá acompanhar pessoas do grupo de risco que apresentem sintomas gripais. Até então, essas pessoas eram orientadas a realizar o isolamento social em casa – os testes, em número limitado, eram direcionados apenas a casos mais graves. A realização de exames continua seguindo critérios médicos. Após o teleatendimento inicial (3350-9000), será sugerido a realização do teste. Segundo Márcia, idosos em casas de longa permanência, e os cuidadores, também serão monitorados.
Cronograma
A médica infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Marion Burger, esclareceu que o cronograma para aplicar os 55 mil testes durará meses, e que ninguém precisa ficar preocupado se não for procurado nos próximos dias. “Essa testagem vai auxiliar em dois aspectos. Primeiro, acompanhar mesmo quem tem sintomas leves, mas tem doenças crônicas ou é idoso, ou que vive em regiões com alta vulnerabilidade. Será importante diferenciar quem está infectado de quem necessita isolamento rigoroso. Em segundo lugar, a testagem sorológica, que vai verificar a presença de anticorpos vai nos delinear qual o grau de transmissão, e saber quais pessoas já tiveram essa doença, já desenvolveram anticorpos e podem trabalhar com grau de segurança maior”, explicou.
Marion ressaltou que o “passaporte da imunidade” a quem já se infectou não é algo garantido, mas muito provável que haja a proteção. “Quem já apresentou infecção e tem anticorpos é sinal de que não vai se reinfectar novamente nos próximos meses. Podem trabalhar em serviços de assistência, com proteção sempre, mas sabendo que têm uma imunidade”, ressaltou. Por outro lado, familiares de pessoas já infectadas precisam manter o alerta, caso exames apontem resultado negativo para a Covid-19.
Casos ativos
Com a ampliação dos testes, aumentará bastante o número de casos de Covid-19 confirmados em Curitiba. Mas não é este número que preocupa a prefeitura de Curitiba, e sim o de casos ativos, que são a diferença do total de positivos entre os recuperados e os mortos. Em outras palavras: casos ativos são pessoas portadoras do vírus em condições de transmitir para outros. Segundo Marion, a SMS faz essa contabilidade, e desde o avanço da pandemia o número de casos tem se mantido constante, o que mostra que os casos estão sob controle. “Outro cálculo que a gente faz e será divulgado no decorrer da semana são casos novos testados por PCR. Não fazemos essa diferenciação hoje porque a sorologia [teste rápido] entrou posteriormente”, explicou.
O PCR continuará a ser aplicado em pessoas com sintomas gripais, desde que estejam entre três e cinco dias do início dos sintomas, no máximo sete dias. Depois disso, ele deixa de ser eficaz. Os testes sorológicos, por sua vez, que investigam a quantidade de anticorpos, são indicados para períodos de mais de duas semanas após contato com o vírus.
Teste na hora “certa”
A secretária de Saúde defendeu a estratégia de ampliação de testes neste momento, após 80 dias de circulação do vírus na cidade, com um total de 1.158 casos confirmados para uma população de quase 2 milhões de habitantes. Segundo ela, não havia justificativa epidemiológica para realizar isso antes – ao contrário de outras capitais que registraram grandes focos de contaminação. “Seria jogar dinheiro fora. Um teste negativo não nos diz nada”. Além disso, agora é que os testes rápidos foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde. O governo do Paraná que cede os testes moleculares.
Curva achatada
A previsão da SMS é que a convivência com o vírus será longa, e que a máscara se tornará um item de longa permanência. Segundo Márcia, a adesão ao uso desse equipamento de proteção é alta em Curitiba. Ela destacou o pioneirismo da cidade, ao implantar a obrigatoriedade do uso em espaços coletivos e comércios em 17 de abril, mas ressaltou que mudanças de hábito levam tempo, e por isso é de se esperar que ainda circulem pessoas sem máscara.
Entretanto, o uso da máscara dentro de casa não é uma prática comum, e por isso tem ocorrido a transmissão dentro de casa. “Não basta o idoso estar isolado, se tem uma pessoa que circula por aí e vai lá e abraça, dorme na casa da avó. As pessoas não entenderam bem: jovem que circula pode estar transmitindo vírus, ter quadro leve, não perceber, e transmitir para quem tem alguma comorbidade”, lamentou Márcia.
Marion destacou que, no geral, os cuidados tomados em Curitiba tornaram a curva de transmissão achatada, o que possibilitou o bom funcionamento dos equipamentos de saúde e do controle do número de mortes. Por outro lado, essa curva se mantém constante por um longo período.
Manifestações
As manifestações de rua são motivo de preocupação para a SMS. Márcia destacou que no ato que ocorreu na noite de segunda-feira em Curitiba, é possível ver um grande número de pessoas sem máscara. Ela destacou ainda a dificuldade de realizar distanciamento social em um evento com presença de muitas pessoas.
Por esta lógica, a SMS continua defendendo a suspensão de atividades coletivas. A partir de julho ou agosto a situação pode mudar, afirmou Márcia, mas ela ressaltou que não é possível fazer previsões. Por outro lado, o município pode determinar o fechamento de atividades já reabertas, caso os casos de Covid-19 comecem a subir de forma descontrolada.
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