A versão da família Brittes para a morte do jogador Daniel Corrêa, ex-atleta do Coritiba e São Paulo, é mentirosa. Quem afirma é o delegado Amadeu Trevisan, da Delegacia de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que comanda as investigações. Em coletiva de imprensa na manhã dessa terça-feira (6), o policial disse que o caso já está muito perto de ser resolvido e ressaltou não haver dúvidas da participação do comerciante Edison Brittes, 38 anos, da esposa e da filha dele, Cristiana, 35 anos, e Allana, 18 anos. Outros três homens que ajudaram a espancar Daniel na casa da família Brittes também serão indiciados por homicídio qualificado. Daniel, com passagem curta pelo Coxa em 2017, foi encontrado morto na zona rural de São José dos Pinhais no dia 27 com sinais de tortura: o corpo estava com o pescoço quase degolado e o pênis foi decepado.
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“A família está mentindo”, foi o resumo feito por Trevisan sobre o caso. “ Eles começaram mentindo, inventando uma história e logo após a descoberta da autoria, através de testemunhas, eles mudaram a versão”, afirma o delegado.
Procurada, a defesa da família ainda não se pronunciou. Mas, conforme o delegado, um dos indícios mais evidentes da relação dos três na morte de Daniel diz respeito ao fato de eles terem tentado coagir um amigo do jogador, que virou testemunha do caso. O rapaz confirmou à polícia que se reuniu com Edison, Allana e Cristiana em um shopping um dia após o crime. O encontro era uma tentativa de o comerciante criar uma versão única dos fatos para ser apresentada à polícia.
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“O Edison pediu para que eles fechassem uma historia só. Eles queriam tirar algumas pessoas que estavam na casa do rol de testemunhas. Então eles pedem que contem uma história só. O Edison é muito claro e ele ameaça a testemunha que não poderia romper aquele elo”, explica Trevisan.
Pela perspectiva de Edison, a história que deveria prevalecer era a que já vinha sendo sustentada pela família: no começo da manhã de sábado (27), o jogador teria deixado a casa dos Brittes pelo portão da frente. O mesmo relato foi reproduzido por Allana em conversas de WhatsApp com a família de Daniel.
“Enquanto eles só tinham um cadáver no chão, eles vinham dizendo que o rapaz saiu pelo portão. Depois de levantada essa testemunha, ele mudou a versão dele para uma violenta emoção”, acrescentou Trevisan.
A “violenta comoção” que teria motivado a morte do jogador é a base do principal argumento dos acusados. O comerciante mantém a narrativa de que Daniel teria tentado estuprar Cristiana enquanto ela dormia no quarto do casal – por isso a briga e, depois, o assassinato. Mas, para a polícia, essa é uma versão que será difícil comprovar, já que não há como confrontar a versão de Cristiana.
Depoimento
Cristiana e Allana prestaram depoimento nesta segunda (5). Na oitiva, a mulher voltou a afirmar que estava na cama e que acordou com Daniel, seminu, ao seu lado. Já o depoimento de Edison deveria ter ocorrido na manhã desta terça (6), mas o advogado dele, Claudio Dalledone Junior, não compareceu à delegacia. A nova data do depoimento do comerciante ficou para quarta-feira (7).
Edison, Cristiana e Allana estão presas na Delegacia Regional de São José dos Pinhais. Na manhã desta terça, Trevisan adiantou que estuda já uma transferência de mãe e filha para o 5º. Distrito Policial, no bairro Bacacheri, em Curitiba, que tem carceragem feminina. “Eu vou indiciar todos por homicídio qualificado e eles deverão responder por isso perante o Tribunal do Júri. Todos os que participaram ate agora só sairão da delegacia, se saírem, através da Justiça”, completou o delegado.
Carreira
Daniel teve uma passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve passagem por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Coritiba, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento (SP). O corpo do jogador foi enterrado dia 31 na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.
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