A professora que uniu Medicina Veterinária e cultura Marina Pilato Uma professora de modos delicados chega diariamente ao campus Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com seu Fusca, estaciona e carrega para a sala o projetor que usa para dar aulas. A cena cotidiana se tornou um clássico entre os estudantes de Medicina Veterinária nos anos 80 e 90. A docente em questão era Clotilde de Lourdes Branco Germiniani, falecida em março deste ano, aos 80 anos.
Graduada há 58 anos pela Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Paraná, era uma das professoras mais antigas em atuação no estado. Pode-se dizer que o gosto pelo tema veio de berço. Seu pai, Manoel Lourenço Branco, foi médico veterinário do Exército, professor de Fisiologia da UFPR – assim como ela – e seria eterna influência para a filha na profissão que ambos escolheram.
Iniciou a carreira na docência muito cedo, logo após a graduação. Ao longo dos anos, se destacava por reservar igual atenção aos estudantes que iniciavam os estudos em veterinária – Fisiologia é uma das matérias de currículo básico do curso, logo no início – e aos que pretendiam seguir o caminho acadêmico e cursavam pós-graduação na área. Manteve-se lecionando a Fisiologia para os novos alunos ao mesmo tempo em que atuava na coordenação do programa de pós.
Era tão parte do campus que quando o departamento de sua matéria se mudou para outro local da Universidade,ela bateu o pé para permanecer no laboratório que com tanto empenho construiu no Agrárias. Eram atitudes como esta, junto com o constante apoio e aconselhamento aos estudantes que fazem com que seja lembrada até hoje, mesmo tendo se aposentado no final dos anos 90.
Teve papel vital na escolha de alguns de seus alunos em seguir carreira como professores e acadêmicos. Tinha a sensibilidade para perceber os que se identificavam mais com isso e os incentivava na trilha do conhecimento. O hoje professor no curso de Medicina Veterinária da UFPR Ricardo Vilani foi um deles. Ele conta que, por ser extremamente envolvida com o campo das artes e da música clássica, Clotilde se preocupava com que os estudantes exercitassem gostos extracurriculares. “Ela organizava palestras sobre temas como a ópera, por exemplo. Queria que a nossa formação fosse recheada de cultura”, relembra. Além disso, incentivava o intercâmbio durante o curso, em especial para a França, cuja cultura a envolvia, em uma época em que a prática não era tão comum.
Fez parte da Academia Paranaense de Letras, da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e, sendo estudiosa da história desta ciência no Paraná, participou como consultora na reformulação do projeto pedagógico do curso na UFPR em 2016, tanto na conversa com os coordenadores e professores, quanto com os novos alunos, que se encantaram em poder contar com tão importante figura em sua formação. Clotilde deixa marido e um filho.
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