Por volta das 4 horas da manhã deste sábado (28), o acampamento Marisa Letícia, na Rua Padre João Wislinkski, no Santa Cândida, onde dormem os participantes da vigília pró-Lula, foi atacado a tiros. Ainda não se sabe quem foi responsável pelo ataque. Duas pessoas foram feridas, e uma permanece hospitalizada na UTI do Hospital do Trabalhador.
A pessoa internada é Jeferson Lima de Menezes, 39 anos, de São Paulo. Ele foi atingido por um tiro no pescoço, mas no momento está em situação estável, consciente, segundo informação repassada às 14h30 por integrantes do acampamento. A outra vítima, Márcia Koakoski, de Xangri-lá (RS), foi ferida no ombro, sem gravidade, por estilhaços de um banheiro químico atingido pelos tiros. Ela e outra testemunha vão prestar depoimento na Delegacia de Homicídios sobre o ocorrido.
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As polícias Militar e Civil e peritos da Polícia Científica foram ao local por volta das 7h30 e recolheram cápsulas de pistola 9 mm. Um inquérito foi aberto para apurar o caso.
A informação de quem estava no acampamento é que havia uma movimentação de pessoas próximas que passaram pelo local gritando palavras de ordem e “Jair Bolsonaro”, pré-candidato à Presidência da República pelo PSL. Segundo as primeiras apurações, os disparos teriam sido feitos por uma pessoa a pé.
Ainda durante a manhã deste sábado, os ocupantes do acampamento fecharam por alguns momentos a Avenida Mascarenhas de Moraes, em protesto pelo ocorrido, mas a via já está liberada.
No dia 17 de abril, os manifestantes se mudaram das quadras próximas à Polícia Federal, onde Lula está preso desde o dia 7, e desde então estão acampados em um terreno vazio de mais de 1 mil metros quadrados, a cerca de 800 metros da PF. O espaço foi alugado pelo PT.
PT pede rapidez na investigação
No final da manhã, o presidente do PT do Paraná, o ex-deputado federal Dr. Rosinha, se reuniu com representantes da Secretaria de Segurança Pública. Segundo ele, foram feitos três pedidos ao comando da pasta: a presença permanente da Polícia Militar no acampamento dos apoiadores de Lula; a rapidez nas investigações a respeito do ataque deste sábado; e a garantia de segurança nos atos do 1.º de maio em Curitiba, quando são esperadas 20 mil pessoas.
“Pedimos a eles que a investigação seja feita e concluída o mais rápido possível, e essa também é a vontade deles. Os olhares do mundo estão voltados para Curitiba. Então, é preciso identificar os responsáveis por essa clara tentativa de homicídio”, afirmou o petista. Segundo ele, além da identificação da arma da qual partiram os tiros, a polícia vai utilizar registros de câmeras próximas ao acampamento. Apoiadores que permanecem no local teriam afirmado que alguns veículos passaram pela área por repetidas vezes nos últimos dias, o que será investigado.
Apesar do ataque, porém, Rosinha descartou qualquer possibilidade de mudar o acampamento de lugar. Ele adiantou que haverá reforço na segurança privada que atua no local e também a instalação de câmeras. “Para acabarmos com o acampamento, é só o Lula ser libertado. Lula livre, termina o acampamento”, declarou. “Faço um apelo a todos para que a disputa política fique no campo do debate de ideias. Em 26 anos de vida pública, nunca vi tamanha agressividade. A violência não vai nos conduzir a nada, a não ser vítimas e lágrimas.”
Em nota divulgada mais cedo, a direção nacional do PT afirmou que mais de 20 tiros teriam sido disparados contra o acampamento. O partido classificou o caso como “mais um episódio de violência política contra a democracia” e relembrou o ataque aos ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite de 27 de março, no interior do Paraná.
Exigindo punição imediata aos autores dos dois ataques, aos quais chamou de “crimes políticos”, os petistas pediram o fim da conivência a casos como esses. “Depois do golpe de Estado que derrubou a presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff, aumentaram os ataques e assassinatos contra lideranças sociais no campo e na cidade. E, junto, segue uma inaceitável omissão conivente das autoridades e da mídia golpista que silencia ante a barbárie crescente. O assassinato da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro continua impune”, diz a nota.