Com a popularização de meios de transporte individuais como Uber e Cabify em Curitiba, muitas pessoas têm deixado o carro e o transporte público de lado ao se deslocar para atividades do cotidiano. Seja para ir ao trabalho ou para a faculdade, parte da população passou a adotar táticas como a divisão do valor das corridas privadas entre colegas, o que muitas vezes pode acabar custando menos do que uma passagem de ônibus.
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É o caso da estudante Renata Simão, de 23 anos, que todos os dias compartilha o transporte individual com três colegas de trabalho. “Há mais ou menos três meses, nós percebemos que íamos sempre para o mesmo lugar depois do expediente, e que talvez fosse melhor pagar um Uber ou Cabify do que pegar o ônibus”, explica Renata, que faz estágio em uma empresa no Centro Cívico durante o dia e, à noite, estuda no Prado Velho. Com a mudança de rotina, os quatro universitários passaram a economizar um pouco - cerca de R$ 11 por mês - e a contar, segundo eles, com “segurança, conforto e rapidez” do carro compartilhado.
De acordo com a Urbs, a queda no número de passageiros foi de cerca de 8% no acumulado de fevereiro a maio. Para a gestora do transporte coletivo, o principal fator causador desta queda está relacionado ao desemprego e, consequentemente, à diminuição do uso de vale-transporte.
“Trabalhar o dia inteiro já é desgastante, e como ainda temos que ir para a faculdade depois, pegar um ônibus lotado, em que temos que ir em pé, acabava sendo muito cansativo”, conta a estudante, que utilizava a linha Boqueirão/Centro Cívico para o trajeto. Segundo Renata, o principal benefício da troca do meio de locomoção é o aumento na qualidade de vida de todo o grupo, sem gastar tanto para isso.
Esse também foi o motivo foi o que fez o empresário Daniel Koleski, 25, em outubro de 2016, passar a adotar os serviços de transporte privado para se locomover entre sua casa e o trabalho. “Muitas vezes eu vou sozinho no Uber, mas já cheguei a dividir o carro com o meu sócio, que mora perto da minha casa. Eu me incomodo de estar em ônibus lotado e usar esse serviço acaba saindo mais barato do que comprar um carro”, afirma Koleski, que gasta cerca de R$ 500 por mês com o serviço.
A auxiliar de produção Clébia Bentes, 30, também costuma recorrer aos aplicativos. “Uso o Uber quando vou para o Centro ou quando preciso fazer uma coisa rápida. É bom, ele vem na porta de casa e ainda dá para dividir com alguém. Com o valor de duas passagens, me desloco com mais conforto. E também uso muito a moto. O ônibus é a última opção, pois demora demais, para vir e chegar ao destino”, diz.
Fortalecimento das marcas
O aumento no número de passageiros que usam os serviços de transporte privado no cotidiano tem sido percebido, também, pelos motoristas. “Eu pego pelo menos umas três ou quatro corridas por dia em que os passageiros dividem para ir ao trabalho, por exemplo”, diz Marcello Santos, motorista da Cabify. Ele explica que o compartilhamento do carro se torna opção principalmente pelo conforto e por chegar ao local de partida muito mais rápido do que ônibus.
Além disso, de acordo com Thais Cunha, gerente geral da Cabify em Curitiba, a preferência pelos serviços de transporte privado também está relacionada ao fortalecimento das marcas na cidade: “As pessoas já conhecem as marcas, sabem como usar e qual a funcionalidade, por isso têm apostado nessas opções”.
Fora a divisão entre pessoas conhecidas, em algumas cidades do Brasil é possível compartilhar corridas com desconhecidos. No Uber, essa modalidade é chamada de “Pool”, e conecta que passageiros com pontos de partida e destino relacionados. A opção ainda não está disponível para Curitiba.
Ônibus e aplicativo
Apesar das comodidades dos transportes privados, em muitos casos o ônibus consegue chegar mais rápido até o destino desejado, já que os coletivos podem transitar pelas canaletas exclusivas. Koleski, por exemplo, acaba optando pelo coletivo quando não vai trabalhar em horários de lotação no transporte público.
De acordo com a gerente da Cabify, apesar de substituir o transporte público em diversas situações, a ideia é que eles sem complementem. “A ideia é trabalhar em conjunto ao transporte público, pois nenhum tipo de transporte anula o outro. No Rio de Janeiro, por exemplo, já fizemos ações de desconto para passageiros que se dirigissem até a estação de metrô”, ilustra.
Além disso, há alguns registros de serviços ruins com motoristas e isso pode inibir o uso dos aplicativos. “Certa vez aconteceram alguns problemas com um motorista de uma das empresas, e não tive nenhum retorno quando relatei o ocorrido. Isso me deixou mais receoso de usar o serviço”, relata o empresário.
Colaborou: Cecília Tümler
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