O advogado Daniel da Costa Gaspar, contratado pela família de Rachel Genofre, assassinada em 2008, disse neste sábado (21) que “o primeiro grande alívio foi descobrir que não era ninguém próximo”. Ele se refere a Carlos Eduardo dos Santos, apontado pela Polícia Civil na última quinta-feira (19) como suspeito do homicídio, a partir da comparação do DNA recolhido na cena do crime a um banco de perfis genéticos de criminosos.
“Depois de um tempo, eles passaram a desconfiar de todos, dos amigos de longa data, das pessoas que frequentavam a casa, das pessoas que tinham a confiança da Rachel. Aí, quando chegou o resultado, de que era uma pessoa completamente diferente, trouxe, inclusive, um reencontro com as pessoas”, contou ele, em entrevista à Gazeta do Povo.
Gaspar disse que deve ir a São Paulo na segunda-feira (23) para levantar informações sobre o suspeito, que, de acordo com a Polícia Civil do Paraná, está preso na Penitenciária II de Sorocaba desde 2017, condenado a 22 anos de prisão por estelionato, estupro, roubo e falsificação de documento. Agora, o suspeito deve ser convocado para um interrogatório em Curitiba. A Gazeta do Povo ainda não conseguiu contato com a defesa de Carlos Eduardo dos Santos.
O advogado quer sugerir aos investigadores do Paraná que haja um pedido de prisão temporária do suspeito por conta do caso Rachel Genofre. “Porque as autoridades de São Paulo ainda não sabem que eles têm nas mãos deles um dos criminosos mais hediondos do Paraná. Então pode ser que ele tenha algum benefício processual específico lá, que o leve à liberdade. Então a gente poderia fazer o pedido para mantê-lo preso, independentemente de qualquer coisa”, antecipou ele.
Gaspar lembra ainda que não há um prazo para o oferecimento da denúncia – quando o suspeito passa para a condição de acusado. “Não vamos acelerar para produzir uma denúncia oca. Vamos resgatar provas, ir atrás de mais provas. A ideia é fazer uma denúncia robusta que não dê margem a erros processuais. Para que o Tribunal do Júri faça sua convicção para além do DNA”, avaliou ele. “Eu tenho uma expectativa de mais de 40 anos [de pena]. Das nove qualificadoras, eu acho que a gente consegue colocar sete.”
Questionado se a compatibilidade do DNA deve ser considerada prova suficiente para o julgamento do caso, o advogado explica que “tem mais coisas para serem trabalhadas”. “Esta prova [do DNA] me dá certeza de quem é como pessoa. Porém, processualmente falando, ainda tem mais coisas para serem trabalhadas. Ele deixou vestígios que hoje a gente consegue ligar a ele. Se eu tenho quem ele é, eu posso saber qual era a rotina dele, posso saber quem eram as pessoas próximas dele. Ou seja, a partir de agora, nós temos como buscar mais provas”, disse ele.
“Ele não é um gênio do crime. Ele apenas cometeu um crime e, por conta de diversas cortinas de fumaça, saiu ileso na época. Foram 120 materiais genéticos recolhidos, mais de 200 pessoas investigadas, e a gente não passou nem perto”, acrescentou o advogado. Para ele, a Polícia Civil “cometeu equívocos que nos deixaram mais distantes da solução”. “Mas devo dizer que o delegado Riad [delegado-geral-adjunto da Polícia Civil, Riad Farhat] foi muito honrado ao reconhecer as falhas e pedir desculpas.”
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