O sonho de visitar a Europa e a Terra Santa se transformou em um pesadelo para um grupo de moradores de Curitiba e Região Metropolitana que teme ter sido vítima de um golpe aplicado por uma agência de viagens. A Fidei Turismo, empresa com sede em São Bento do Sul (SC), teria cancelado a viagem em cima da hora e não deu mais respostas para os clientes sobre uma possível remarcação do passeio e muito menos a devolução do dinheiro. O prejuízo estimado é de quase R$ 600 mil. Só na região de Curitiba, 34 pessoas se dizem lesadas — mas o número pode chegar a 80 levando em conta outros estados.
O aposentado Tadeu Grzelkovski, de 68 anos, e a esposa estão entre as possíveis vítimas. Ele conta que a viagem estava marcada para o último domingo (4), mas que foi surpreendido por uma mensagem via WhatsApp dois dias antes, em pleno feriado de Finados, avisando sobre o cancelamento. “Era a viagem dos sonhos para muita gente. Ir para Roma, Terra Santa e Polônia seria um marco na vida delas. Muitos, como eu, são descendentes de poloneses e seria bom poder rever as raízes do nosso povo. E, lógico, nós não temos alto poder aquisitivo. Um valor como esse que pagamos é um gasto enorme para cada um de nós”, desabafa.
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O pacote incluia passagens, traslado, hospedagem, alimentação e passeios com guia para o casal em todos os destinos escolhidos. Cada cliente pagou cerca de R$ 16 mil. Embora more em Curitiba, Grzelkovski contratou o serviço por meio de um representante da empresa na Lapa, na Região Metropolitana. Ele explica que nem desconfiou que pudesse haver algum problema com a agência de turismo, pois ela estava há alguns anos no mercado e outras pessoas já tinham viajado com a empresa sem problemas. “Nos sentimos lesados. São pessoas de má índole se aproveitando de tanta gente. Fica um sentimento de ter passado por trouxa”, lamenta.
E o aposentado não foi o único que ficou sem embarcar. Além dele, outras 32 pessoas de Curitiba e região que também iriam embarcar para os mesmos destinos também tiveram as viagens canceladas. Incluindo turistas de outros estados, o total chegaria a 80 pessoas. Segundo Grzelkovski, ele e outros clientes tentaram entrar em contato com a empresa para buscar explicações, mas sem sucesso.
Inquérito
De acordo com o advogado Diego Timbirussu Ribas, que representa o casal de Curitiba e outras 32 pessoas da Lapa e de São José dos Pinhais, a agência de turismo informou a ele, através de sua advogada, que a empresa faliu e que não terá capital para ressarcir os clientes. “Hoje estive na delegacia de SJP pedindo a abertura de inquérito para investigar crime de estelionato. Quanto às ações indenizatórias, é provável que não tenhamos êxito, mas vamos aguardar o inquérito”, afirma.
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No total, o valor empenhado pelas 34 pessoas que Ribas representa soma uma quantia de quase R$ 600 mil. Tudo pago antecipadamente. Alguns começaram a pagar em setembro do ano passado. Os que pagaram no cartão de crédito estão tentando cancelar as faturas.
Ribas lamenta pelo fato de haver muitos aposentados entre as vítimas. “Alguns fizeram economia para poder realizar esse sonho e acabaram ficando ao vento”, diz. Segundo o advogado, além de não informar aos clientes que estava indo mal das pernas, a empresa continuava vendendo pacotes turísticos e chegou a cobrar um valor extra nos últimos 3 meses – o que deu em torno de R$ 3 mil de cada cliente – para cobrir custos por causa da alta do dólar.
A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com a Fidei Turismo, mas até o fechamento deste texto não havia obtido resposta. A empresa segue divulgando pacotes turísticos em seu site, a maior tarde para destinos de apelo religioso. A 1ª Delegacia Regional de Polícia de São José dos Pinhais informou que vai investigar o caso.
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