Policiais do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial da Polícia Civil do Paraná, o grupo Tigre, estão aprimorando técnicas para lidar com um tipo especial de sequestrador: o terrorista. Nesta sexta-feira (5), 17 policiais do Tigre e mais cinco agentes das polícias Militar (PM), Rodoviária Federal (PRF) e Federal (PF) concluem o curso de 15 dias de resgate de reféns em situações extremas coordenado por dois agentes do Raid, o grupo de elite da Polícia Nacional Francesa, que atua em casos de terrorismo.
Vídeo: treinamento do Tigre com os policiais da França
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Um dos policiais é instrutor do Raid e o outro atuou em todos os casos de terrorismo que assolam a França desde 2015, como o ataque à redação do jornal satírico Charlie Abdo, a chacina da Boate Bataclan, os atropelamentos em Nice e o tiroteio que vitimou outro policial na Champs-Ellysés mês passado, três dias antes da eleição presidencial da França. A vinda dos policiais do Raid foi mediada pela Embaixada Francesa no Brasil a pedido do Tigre.
“Estamos estudando principalmente como é a abordagem com o terrorista, que é o pior tipo de sequestrador para se negociar, já que ele não se importa em perder a própria vida”, explica o delegado-chefe do Tigre, Luís Fernando Artigas Jr. “ Com o terrorista, a negociação já começa frustrada, pois ele não tem nada a perder, o que exige que a ação da polícia seja ainda mais cirúrgica. Por isso estamos aprendendo essas técnicas”, afirma o delegado.
Para se aproximar o máximo possível da realidade, a capacitação do Tigre com os agentes do Raid está sendo feita em locais de real circulação de pessoas. Nesta quinta-feira (4), o treino foi no Aeroporto do Bacacheri, onde também serão feitas simulações em aeronaves. O Tigre também fez a capacitação antiterrorista em um cinema no Xaxim e nesta sexta o trabalho será concluído na sinagoga de Curitiba. “Procuramos parceiros que nos cedessem seus espaços para simularmos situações o mais próximo da realidade que encararíamos com terroristas”, explica o delegado.
Segundo Artigas, o aprendizado não está sendo apenas na prática, com técnicas de tiro, rapel e outras mais. A parte teórica também está sendo muito abordada pelos policiais do Raid. “Estamos estudando casos reais de terrorismo atendidos pela polícia da França, principalmente no sentido de identificarmos quem são os reféns e quem são os sequestradores para mantermos a integridade física tanto dos nossos agentes como das vítimas”, reforça o comandante do Tigre.
Troca de informações
Artigas afirma que os agentes antiterroristas da França levarão para Paris alguns conhecimentos passados pelo Tigre. Entre eles, aponta Artigas, está a técnica de treinamento chamada de rapel de torre – criada pelo grupo da Polícia Civil –, que permite o treinamento de descida em cordas simulando os mais diversos tipos de estrutura, desde prédios até um helicóptero. “É uma técnica barata e eficaz, a partir de uma plataforma de 11 metros, a qual os policiais franceses se interessaram muito”, aponta Artigas.
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