Rua Salustiano Cordeiro, em frente à pizzaria Baggio, no dia 22 de dezembro: alagamentos são recorrentes na região.| Foto: Colaboração/Juliana Rodacinski

A forte chuva que atingiu a região do bairro Água Verde, em Curitiba, na última terça-feira (16), mais uma vez gerou alagamentos e causou estragos nos arredores do cemitério municipal da região. Além de ter danificado e até aberto vários túmulos, como já havia acontecido depois de uma chuva em dezembro do ano passado, a água chegou a alagar ruas, comércios e garagens de condomínios. A situação traz preocupação aos moradores sobre os problemas que uma próxima tempestade pode vir a causar.

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IMAGENS: Veja fotos dos danos causados pela chuva nesta terça (16)

“Foi a primeira vez, em 14 anos que eu moro aqui, que a água chegou a invadir a nossa garagem”, explica Nilson Martins Lima, síndico de um condomínio de prédios na Rua Samuel Cezar. De acordo com o síndico, alagamentos na região são recorrentes, mas dessa vez a água invadiu o fosso do elevador do edifício, que teve de ficar desativado ao longo de toda a quarta-feira (17) e deixou alguns condôminos presos em casa. “Uma senhora que mora aqui não pôde ir ao médico, porque ela sabia que não conseguiria subir a escada na hora de voltar”, exemplifica.

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Como o problema de enchente já é conhecido da região do cemitério, que foi construída por cima de um afluente do Rio Água Verde, o condomínio de Lima tem duas bombas de drenagem instaladas no subsolo. Elas são responsáveis por pegar a água que se acumula na garagem do edifício e jogá-la para as galerias da rua. Mas, com a chuva de terça-feira as galerias ficaram cheias, fazendo a água voltar e subiu até a metade das rodas dos carros estacionados.

Marca de água em túmulo no Cemitério do Água Verde: enchentes preocupam pela possibilidade de contaminação do solo. 

Outra rua que costuma ter problemas em dias de chuva é a rua Salustiano Cordeiro, onde a Pizzaria Baggio chegou a construir uma barreira para impedir a água de invadir o estabelecimento. Mesmo assim, não teve jeito de evitar totalmente a enxurrada. “Como essa é a parte mais baixa da região, toda a água se acumula aqui”, avalia a gerente do restaurante, Juliana Rodacinski. Segundo ela, a chuva de terça-feira alagou a rua e só não danificou os carros estacionados em frente à pizzaria porque eles foram retirados antes.“Da outra vez, um cliente deve que sair correndo atrás do carro”, lembra a gerente.

Para a advogada Joyce Moreira, que mora em um prédio na mesma rua, o problema tem se agravado nos últimos meses: “Antes a água subia um pouco na garagem, mas a gente vê que nas últimas tempestades ficou ainda pior. Daqui a pouco os carros vão ficar boiando”, comenta.

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Túmulos danificados

Vários túmulos do Cemitério Municipal Água Verde amanheceram danificados pela água da chuva na quarta-feira (17). O local enfrenta há anos problemas de enchentes em suas áreas mais baixas. Mas a situação parece se agravar cada vez mais, com a água chegando na altura da segunda gaveta de alguns dos túmulos, a cerca de um metro do chão. “Já tem anos que as galerias enchem e invadem as calçadas, mas dessa vez a água abriu buraco na calçada e deixou caixão exposto”, contou um funcionário, que preferiu não se identificar.

Já ao longo da tarde de quarta, porém, funcionários da prefeitura fecharam os túmulos abertos e sinalizaram áreas em que a calçada ficou danificada e aberta. Mas, além dos danos às sepulturas, outra preocupação das enchentes no cemitério é a contaminação da água, que pode ter entrado em contato com corpos em decomposição e levado componentes tóxicos ao lençol freático.

Na situação de dezembro de 2017, uma tempestade também deixou alguns túmulos abertos. Na ocasião, a prefeitura informou que foram executados reparos emergenciais em sete sepulturas danificadas pela subida do nível de água da chuva.

Solução pode demorar

De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP), as enchentes na região acontecem há mais de 30 anos, porque as galerias são antigas e pequenas demais para dar conta do fluxo. Para resolver o problema, o Departamento de Pontes e Drenagem tem um projeto técnico de ampliação das galerias da região do Cemitério do Água Verde, que incluiria também a construção de um reservatório para aumentar a vazão e reduzir os alagamentos.

A execução do projeto, porém, não deve acontecer num futuro próximo. A secretaria alega que o motivo é o tamanho da obra, que é considerada de grande porte e precisaria de recursos do governo federal ou estadual.

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A médio prazo, a secretaria afirma que algumas que já estão em andamento pela cidade devem ajudar a diminuir a intensidade das enchentes. Entre elas, a transformação de afluentes do rio Pinheirinho, que fica pronta em janeiro de 2019, e a drenagem de 22 km do Rio Barigui, que deve ser entregue ainda no primeiro semestre deste ano.

Marcas mostram o nível a que chegou a água nos túmulos do Cemitério Água Verde nesta terça-feira (16).
Marcas mostram o nível a que chegou a água nos túmulos do Cemitério Água Verde nesta terça-feira (16).
Galerias no cemitério: pontos de escoamento da água foram demarcados após serem destruídos pela chuva.
Água da chuva danificou vários túmulos do Cemitério Água Verde.
Condomínio de prédios na rua Samuel Cezar, ao lado do cemitério, ficou com a garagem alada nesta terça.
Marca na garagem de condomínio mostra até onde chegou a água nesta terça-feira.
Marcas mostram o nível a que chegou a água nos túmulos do Cemitério Água Verde nesta terça-feira (16).
Galerias no cemitério: pontos de escoamento da água foram demarcados após serem encharcados pela chuva.
Galerias no cemitério: pontos de escoamento da água foram demarcados após serem destruídos pela chuva.