Pesquisadores das áreas de Saúde, Informática e Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) desenvolveram um modelo que prevê a evolução dos casos de Covid-19 na capital paranaense.
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Há mais de um mês e meio em testes (com dados desde o início da pandemia), o algoritmo preditivo consegue indicar a tendência de novos casos da doença para os sete dias seguintes. Para isso, o modelo matemático baseado em publicações científicas sobre o coronavírus na Europa e EUA usa dados oficiais das secretarias municipal e estadual de Saúde, com dez variáveis de comportamento da pandemia na cidade, com destaque para o número de casos confirmados, óbitos, pessoas recuperadas, bem como a taxa de propagação do vírus e a disponibilidade de leitos hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
O "monitoramento inteligente" conta com machine learning (aprendizagem da máquina), subárea da Inteligência Artificial, para sugerir o comportamento futuro com base no histórico da doença. "É uma linha de tendência, previsão dos casos totais que vai sendo corrigida pela aprendizagem da máquina", explica a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da PUCPR e também uma das pesquisadoras de Saúde, Paula Cristina Trevilatto.
Ou seja, é a inteligência artificial que permite a previsão e a ajusta conforme a variação dos dados. Mesmo com o possível aumento substancial do aumento de casos confirmados, uma vez que a prefeitura deve fazer a partir de agora cinco vezes mais testes do que foram feitos até o momento, Trevilatto garante que o método não será "rompido", já que esta é apenas uma das variáveis e que apresenta muitas vezes "falsos positivos e negativos".
A ferramenta prevê um aumento do número de casos na próxima semana e a pró-reitora faz uma ressalva. "A taxa de ocupação de leitos exclusivos para Covid-19 passou dos 50% pela primeira vez na série histórica, é um ponto de atenção".
Mecanismo faz parte de estratégia para tomada de decisões
O algoritmo criado pela PUCPR faz parte de um conjunto de estratégias na resposta à Covid-19 e tem função de apoiar futuras decisões. "Mesmo uma previsão de curto prazo é importante, pois auxilia na tomada de decisão lançando luz com dados", diz Trevilatto.
A universidade tem além de um painel de monitoramento, um protocolo para tomada de decisões, que depende tanto dos dados monitorados como dos projetados pelo algoritmo. O documento tem mais de 100 páginas e já foi compartilhado com as autoridades de saúde.
O protocolo utiliza a analogia do “semáforo” – com as cores verde (situação mais favorável), amarelo, laranja e vermelho (lockdown) – para sinalizar os riscos e balizar ações sobre eventual retorno das atividades presenciais.
No momento a situação é laranja, que no protocolo da PUCPR significa mais de 30% dos leitos de UTI disponíveis e taxa de transmissão da doença entre 1 e 2. O verde (perto na normalidade), teria transmissão da doença inferior a 0,5. Trevilatto explica que o modelo da universidade é mais rigoroso do que o do estado, mas que cada local – desde que em Curitiba – poderia fazer uso da projeção de casos e adaptar seu protocolo de tomada de decisões.
Apesar de ter sido criado para a PUCPR, a ferramenta pode ser utilizada para outras instituições e empresas de outros segmentos na cidade. A solicitação pode ser feita pelo e-mail paula.trevilatto@pucpr.br.
Volta às aulas com prudência
Com aulas presenciais suspensas desde o dia 19 de março por causa da pandemia, a PUCPR retomou os encontros nesta semana com 150 dos seus 16 mil alunos em Curitiba.
São universitários de oito cursos da Escola de Ciências da Vida e da Escola Politécnica com encerramento previsto para o primeiro semestre deste ano e necessidade de aulas práticas adicionais. O restante segue de forma remota e sendo monitorado por meio de pesquisas rotineiras, realizadas de forma totalmente on-line, assim como professores e demais colaboradores.
Em aulas de laboratório, por exemplo, só duas pessoas podem entrar no espaço ao mesmo tempo, guardando distância uma da outra (uma em cada 9 m²), além de todas as demais medidas de higienização e uso de máscara.
O plano de contingência diz que os indivíduos que relatarem sintomas serão imediatamente encaminhados a um fluxo de atendimento pela área médica da universidade. "A ideia é que a chance de contaminação dentro da universidade seja praticamente zero", explica a pró-reitora.
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