A revitalização da Avenida Manoel Ribas, principal via que corta o bairro Santa Felicidade, em Curitiba, é um alívio para os moradores. Preocupados com a quantidade de acidentes de trânsito ao longo da rua, eles dizem esperar que as mudanças tragam uma convivência mais harmônica entre os pedestres, carros e as centenas de caminhões que passam pelo local diariamente. Por outro lado, quem tem comércio na avenida não se mostra tão animado e acredita que o novo fluxo da avenida vai fazer despencar as vendas nas região.
É o caso de Isorilde Alves de Souza, de 61 anos, proprietária de uma loja de lâminas na Avenida Manoel Ribas. Ela criticou o projeto de revitalização desenhado pela prefeitura, que estende a duplicação para áreas onde antes eram usadas como estacionamento e que também prevê a implantação de um canteiro central - impedindo o acesso direto às lojas por clientes que transitam pelo lado contrário da via.
“O pior para a gente é que eles vão tirar o estacionamento. E é fato: se não tem estacionamento, cai o número de gente que vem comprar”, afirma a proprietária, que antevê uma queda de 50% no número de clientes após a conclusão das obras.
E a estimativa é experiência própria. Antes de abrir as portas da loja na Avenida Manoel Ribas, o estabelecimento de Isorilde funcionava na Avenida Vereador Toaldo Túlio, que também passou por revitalização. Com as mudanças, a frequência de compradores despencou pela metade e para não ter que desistir das vendas, Isorilde alugou um novo ponto na Avenida Manoel Ribas.
“Parece que estou vivendo a mesma coisa. Ainda ficamos dois anos na Toldo Túlio depois da revitalização, mas não tivemos outra escolha. Ou mudávamos de lugar ou ia todo mundo embora”. Da mesma forma que antes, a proprietária teme pelo emprego dos 15 funcionários que atuam na loja hoje. Além disso, Isorilde afirmou que vai questionar a prefeitura na Justiça pela uso de parte do terreno onde funcionava o estacionamento da loja. Segundo ela, o espaço não está desapropriado e, até o momento, não houve um acordo com a administração municipal - embora as obras já tenham começado.
A revitalização também causa dúvidas na cabeleireira Elisabete da Silva, de 38 anos, que acredita que o salão do qual é uma das proprietárias pode sair perdendo por causa da falta de movimento. “Isso preocupa muito, porque enquanto esse pessoal estiver aqui com as obras vai atrapalhar o movimento com certeza. Eu fico bem aflita com isso. Espero que isso aqui não vire mais uma Linha Verde”, afirmou.
Mesmo assim, a cabeleireira admite que os acidentes e os congestionamentos cada vez piores no horário de pico são um grande problema para moradores da região. “Eu mesma, para ir para casa, desvio para chegar até o contorno. Não pego a avenida aqui, se não levo dez minutos para chegar aqui do lado, de tanto carro e caminhão”.
Menos acidente, mais fluidez
A previsão da prefeitura de Curitiba é de que a revitalização da Avenida Manoel Ribas – cujo projeto foi fechado a um custo de cerca de R$ 20 milhões – fique pronta até o fim de 2018, com obras que contemplam um trecho de aproximadamente 3,2 quilômetros entre o cemitério de Santa Felicidade e o Contorno Norte.
Principal caminho de ligação entre Curitiba e o município metropolitano de Campo Magro, a avenida, no entanto, ainda preocupa pela grande frequência de acidentes. “É uma rua muito perigosa, tem muitos caminhões que circulam por aqui e essa revitalização vai trazer um pouco de sossego para a gente”, opinou a comerciante Marlene Trevisan Ribeiro, de 53 anos.
Marlene contou que já sentiu na pele que as obras podem afetar o comércio – ela disse ter ficado praticamente as duas primeiras semanas dos reparos sem vender quase nada –, mas acredita que o resultado vai criar um ambiente melhor para todos os que circulam pela região. “Se a gente não der o nosso aval, o que vai acontecer? Há quantos anos esse projeto estava na gaveta? Vamos ter que ter paciência, mas vai ser bom”.
Da mesma forma, Sergio Caporasso, que vive na avenida há 42 anos, diz que quem mora na região espera ansioso pela segurança que a revitalização vai trazer para quem trafega no entorno.
Contudo, Coparasso questiona o projeto, que, na opinião dele, deveria contemplar mais reivindicações dos moradores. “Isso vai ser excelente, porque hoje o tráfego aqui é monstruoso. Mas, ainda assim, é um projeto de escrivaninha. O turista vem aqui, almoça e é expulso quando sai do restaurante porque não temos absolutamente nada de estrutura a mais para recebê-los” , observa.
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