Esconder o celular e a chave do carro, caminhar com passos rápidos e ficar atento a todas as pessoas que passam ao redor. Esses detalhes fazem parte da rotina de quem chega ou sai do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o conhecido HC. Localizado no Alto da Glória, em Curitiba, o local é referência nacional na área de saúde, mas o seu entorno se tornou cenário para assaltos à mão armada, arrombamentos e outros crimes que assustam a população.
“O problema é bem grande, pois muitos alunos residentes, funcionários e pacientes estão sendo vítimas da criminalidade aqui na região. Em apenas uma semana no mês de maio, nós tivemos três casos graves ao redor do hospital e situações assim são frequentes”, lamenta uma colaboradora do HC, que prefere não se identificar. Segundo ela, entre esses casos está o de um colega que foi assaltado e agredido. “O rapaz estava chegando para trabalhar por volta das 7h, quando foi abordado por um homem armado. Esse bandido queria o carro dele, mas, antes de levar o veículo, bateu no nosso amigo, quebrou seu dedo e até um dente”, contou.
A funcionária de uma farmácia localizada em frente ao hospital confirma a situação e garante que já está cansada de tanta violência. “Nós já fomos assaltados tantas vezes que perdemos a conta. Teve semana em que fomos alvos dos bandidos três vezes”, revela a trabalhadora, que tem medo de caminhar até o ponto de ônibus. “Precisamos de mais policiamento urgentemente por aqui”.
Outras outras duas jovens foram vítimas de assaltos no momento em que entravam no carro. “Nós chegamos e saímos do trabalho com muito medo porque temos que estacionar nossos veículos nas ruas ao redor da General Carneiro e todas as vias por aqui são alvos de criminosos. Esperamos que algo seja feito antes que aconteça o pior”, pede a funcionária.
Assim como ela, a enfermeira Cheila das Neves, 31 anos, também sente medo ao chegar no local. “Eu venho aqui acompanhando algumas pacientes e já fui assaltada no ponto de ônibus. Nunca vou esquecer o sentimento de terror que tomou conta de mim quando o rapaz chegou pra roubar minha bolsa”, conta a mulher, que sempre ouve a respeito de furtos e roubos ao redor do hospital. “Inclusive, o pessoal sempre fala que é pra termos cuidado aqui”, pontua.
Segundo Juarez Juvêncio Bueno, de 65 anos, a falta de segurança nos arredores do hospital é um problema antigo na região. “Em 23 anos como supervisor de segurança do HC, eu já vi muita coisa ruim acontecer aqui, pelas ruas e nas saídas dos bancos próximos. Afinal, a falta de segurança nessa região é uma reclamação antiga”, afirma o curitibano, que hoje atua na parte administrativa.
Ruas escuras
Quem trabalha, estuda, mora ou passa pela região também enfrenta outro problema que facilita a ação dos suspeitos: a escuridão. “Os postes aqui são bem afastados um do outro e muitos estão com o foco queimado, então a claridade nas ruas é muito ruim e os ladrões se aproveitam dessa situação”, comenta Juarez.
De acordo com a prefeitura de Curitiba, a falta de iluminação na Rua General Carneiro já está sendo corrigida por meio da troca de todos os pontos apagados e ainda a substituição das lâmpadas em bom estado por outras que promovem maior claridade.
Além disso, em 28 de março deste ano, foi assinada a ordem de serviço para revitalização do trecho de 370 metros entre a Rua Conselheiro Araújo e a Avenida Agostinho Leão Júnior, principal entrada para os laboratórios do HC. Neste projeto, está prevista iluminação para pedestres com postes baixos e ainda calçamento e paisagismo.
A obra terá investimento de R$ 355 mil e prazo de execução até o fim de agosto. “Essa é uma obra importante que garantirá acessibilidade para os usuários do hospital”, comentou o vice-prefeito e secretário de Obras Públicas e Infraestrutura, Eduardo Pimentel.
Reforço na segurança
Segundo o coronel Wagner Lucio dos Santos, comandante do 22.º Batalhão da Polícia Militar, o trabalho já começou no entorno do HC e conta com policiais a pé, de motocicletas e ainda com uma unidade móvel. “Esse módulo é um dos cinco que separamos para realizar o policiamento comunitário com o objetivo de realizar patrulhamento, conversar com os comerciantes e oferecer o suporte que a população precisa”, afirmou.
Ele explica que essa unidade e todas as equipes policiais sempre são colocadas nos pontos com maior índice de criminalidade, ou seja, nas regiões com mais boletins de ocorrência e solicitações via 190. “Infelizmente, muitas vítimas de furtos, roubos e outros crimes não fazem o B.O. Isso prejudica nossa visão de como está a ação dos bandidos em determinadas regiões e pode afetar o policiamento ali”.
Por isso, o coronel solicita que as vítimas sempre liguem para o número 190 no momento do crime e que registrem o B.O. em uma delegacia. “Assim, nossa central conseguirá acionar a viatura mais próxima, para que possamos dar uma resposta rápida à população tentando prender os suspeitos. E ainda teremos o registro da situação logo depois na delegacia”.
O coronel Wagner ressalta ainda que a prevenção pode evitar assaltos. “Ao se aproximar do veículo, muita gente ainda quer conversar, usar o celular e ficar dentro do carro parado. Isso chama a atenção dos assaltantes que estão no entorno só esperando uma oportunidade para agir. Então, evite fazer isso durante o dia e durante a noite. Sempre fique atento ao que está acontecendo ao redor”, aconselha.
Lula arranca uma surpreendente concessão dos militares
Polêmicas com Janja vão além do constrangimento e viram problema real para o governo
Lista de indiciados da PF: Bolsonaro e Braga Netto nas mãos de Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
Lula diz que “agradece” por estar vivo após suposta tentativa de envenenamento
Deixe sua opinião