Ciclistas paranaenses acreditam que a instalação de placas de sinalização alertando motoristas a respeito da presença dos atletas na BR-277 pode evitar novos acidentes como o registrado no último dia 8 de outubro. Nessa data, um ciclista morreu após ser atropelado por uma motorista com sinais de embriaguez. Um ano antes - dia 8 de outubro de 2016 -, outra colisão na mesma rodovia deixou duas vítimas em estado grave e causou outra morte. Entre um acidente e outro, a única proposta para garantir mais segurança aos atletas que trafegam pelas rodovias foi apresentada pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), que pretende instalar 64 placas em trechos da BR.
De acordo com o ciclista Yuri Siqueira, de 56 anos, a instalação dessas placas de sinalização focadas na segurança dos atletas é uma solicitação muito antiga. “Estou envolvido com ciclismo há 45 anos e já vi muitas promessas, mas nada foi concretizado”, lamentou. Segundo ele, o último pedido dos ciclistas foi feito à Ecovia. “Entramos em contato com eles pedindo sinalizações de atenção, de atletas em treinamento e outras opções que alertariam motoristas, mas não conseguimos nada”.
A Ecovia – concessionária responsável pelo trecho entre Curitiba e o Litoral paranaense, do quilômetro 0 até o 83 - confirma esse pedido e afirma que uma reunião foi realizada com a presença de ciclistas, representantes da empresa e também do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR). No entanto, os atletas deveriam protocolar um projeto de sinalização, algo que – segundo a concessionária – ainda não aconteceu.
O pedido de uma sinalização específica também chegou à Rodonorte, responsável pelo trecho entre o Parque Barigui e a região de São Luiz do Purunã, em Balsa Nova (quilômetros 94 ao 138 da 277) e a empresa decidiu utilizar seus painéis eletrônicos para informar a respeito da presença de ciclistas na rodovia. De acordo com a concessionária, a ação já tem acontecido durante os fins de semana e possibilita a edição rápida da mensagem apresentada em casos de emergência.
Para o ciclista Juliano Elisio Pereira, de 36 anos, todas es entidades responsáveis pela rodovia deveriam desenvolver estratégias com foco na conscientização dos motoristas. “Nem todos respeitam quem está de bicicleta, que é bem mais fraco”, afirmou o eletricista, que pedala nas rodovias do estado seis dias por semana. “O motorista precisa ter atenção e muita prudência, pois ele é responsável pelas vidas que encontra pelo caminho”, afirmou.
Instalação das placas
Segundo o Detran, o projeto piloto que pretende instalar 64 placas na rodovia atende essa demanda ao apresentar orientações ao motorista e ainda chamar a atenção dos atletas com dicas de segurança. A sinalização será instalada em dois trechos da BR-277. O primeiro deles vai do Parque Barigui até o pedágio de São Luiz do Purunã, no sentido interior do estado. Já o outro segue do Centro Politécnico da UFPR, no Jardim das Américas, até o pedágio de São José dos Pinhais, no sentido Litoral.
A previsão é de que o projeto seja concretizado durante o próximo verão, pois, segundo o Detran, a BR-277 está sob responsabilidade do DER-PR, e existe a necessidade de firmar um convênio com essa instituição antes de abrir os editais de licitação para confecção e instalação das placas. No entanto, a entidade afirma que esse convênio já está em andamento e a expectativa é de que seja assinado nos próximos 15 dias.
Outras iniciativas
O presidente da Federação Paranaense de Ciclismo, Eduardo Pereira, afirma que quase 5 mil ciclistas de Curitiba e Região Metropolitana serão beneficiados com a iniciativa, mas somente ela não é suficiente para amenizar o problema da segurança nas estradas do estado. Para ele, é necessário desenvolver campanhas educativas que cheguem às salas de aula. “É necessário educar as crianças, na escola, para que se tornem motoristas conscientes”, afirmou.
Além disso, o presidente afirma que as leis precisam ser mais severas em relação aos motoristas que dirigem embriagados, pois, segundo ele, esse ainda é o principal motivo dos graves acidentes envolvendo ciclistas no país. “É absurdo saber que alguém que saiu da balada pela manhã acabou tirando a vida de uma pessoa que estava pedalando no acostamento para cuidar de sua saúde, como ocorreu no último dia 8. E, na maioria dos casos que temos conhecimento, o motorista pagou fiança e foi liberado”, lamentou.
Dicas de segurança
Enquanto essas mudanças não acontecem e os projetos de sinalização com foco nos ciclistas não saem do papel, os atletas devem fazer o possível para evitar colisões. Para isso, Pereira explica que os atletas precisam trafegar sempre de maneira defensiva pelo acostamento, vestindo roupas coloridas e fazendo sinais aos motoristas com uma das mãos. “ Acenar com a mão, utilizar roupas coloridas, e sempre usar óculos, luvas e capacete são algumas dicas”, informou o eletricista.
Outra recomendação, segundo Siqueira, é adquirir experiência dentro da cidade e em locais específicos para treino antes de se aventurar pelas rodovias em direção às praias paranaenses. “Lembrando que nunca se deve pedalar sozinho pelas estradas porque, em caso de emergência, é importante ter alguém para ajudar”, afirmou.
Já a Polícia Rodoviária Federal orienta os ciclistas que desejam realizar treinos com bicicleta a procurar locais adequados para essa prática, evitando utilizar as rodovias, por questões de segurança. No entanto, se for necessário utilizar a BR, a solicitação é andar em fila única, sempre o mais à direita do acostamento.
Além disso, a PRF explica que o ciclista nunca deve transitar pela faixa de rolamento e nem dividir espaço com veículos maiores, pois a velocidade dos carros é mais alta, reduzindo a capacidade de reação do ciclista em uma manobra defensiva. Para completar, a orientação da polícia é de que os atletas prefiram circular durante o dia.
Assaltos na BR
Evitar pedalar à noite e ter a companhia de outros ciclistas também pode evitar assaltos, algo que tem se tornado comum em alguns trechos da BR-277. “Para se ter uma ideia, a situação é tão complicada que, entre a Ponte do Rio Iguaçu e a Coca-Cola, o ciclista continua pedalando com pneu furado só pra não parar por medo de ser alvo de bandidos”, diz.
Outro local crítico, segundo Pereira, é a região próxima ao Parque Barigui, onde ele já foi assaltado e perdeu sua bicicleta. “Eu estava com um colega, quando um grupo de rapazes armados nos abordou em frente aos motéis e levou nosso equipamento. Está bem difícil”, contou o ciclista, que solicita a ação das autoridades para inibir a violência na região.
Segundo as concessionárias responsáveis pelos trechos descritos, a segurança na BR-277 é competência exclusiva dos órgãos de segurança. No entanto, reforçam que sempre estão à disposição para prestar apoio.
A PRF foi consultada a respeito da situação dos assaltos e afirmou que tem realizado rondas ostensivas pela rodovia com o objetivo de zelar pela segurança de todos os usuários. Ela também recomenda os ciclistas a andar com pequenos valores em dinheiro, em grupos grandes e em locais com maior circulação de pessoas. Outra sugestão é evitar andar de bicicleta à noite, mas, em casos de necessidade, circular em locais com iluminação adequada.
A PRF ainda orienta a vítima a não reagir em casos de assalto e ligar logo depois para o telefone 191 (PRF), repassando os dados dos envolvidos com detalhes para que a polícia procure os indivíduos e encontre os equipamentos subtraídos.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião