Quatro meses após a inauguração, o binário do Santa Quitéria tem gerado uma série de reclamações entre comerciantes e moradores do trecho perto da Uniandrade. Desde a mudança, as ruas Major França Gomes e João Alencar Guimarães passaram a ter um único sentido para os motoristas que passam entre a Avenida Presidente Arthur Bernardes e a Rua Herbert Neal, e promessa de desafogar o trânsito virou, na prática uma série de problemas.
Um deles é a sinalização, problema que foi bastante abordado nos relatos ouvidos pela Gazeta do Povo. Especificamente no trecho que fica entre as ruas João de Alencar Guimarães e João Scussiato, há três faixas para tráfego dos motoristas, o que teoricamente faria o trânsito fluir sem problemas. Mas não é o que acontec, pois, como não há nenhum aviso nas ruas transversais, é comum que veículos entrem na contramão e passem na frente de outros motoristas. Além disso, não há respeito às entradas obrigatórias na faixa da direita e da esquerda, que atualmente estão sinalizadas apenas no asfalto.
Leia também: Com acesso debaixo d’água, comércio pede solução para trapiche na Ilha do Mel
No caso da faixa da esquerda, ainda há outra peculiaridade: a seta no local indica que o motorista pode seguir em frente, porém, logo em seguida há um espaço para o estacionamento. Por isso, é comum que os motoristas acabem mudando de faixa. Em horários de pico, a situação piora, já que o fluxo se torna intenso e como um motorista ultrapassa o outro. Nos horários de pico, a situação é ainda pior, já que o fluxo se torna intenso e veículo fura a vez do outro , fazendo com que somente a faixa do centro seja utilizada.
Para o farmacêutico Natanael Luciano Ribeiro, de 51, anos, a situação é complicada, já que em vez de melhorar o trânsito, acabou piorando. De acordo com ele, a sinalização confunde quem passa pelo local e aumenta a probabilidade de acidentes. “À tarde, um motorista fecha o outro e vira um buzinaço cheio de congestionamento, com um estresse só. Eu já vi dois acidentes aqui, sendo um com morte antes mesmo de inaugurarem o binário”, contou. “Na visão deles [prefeitura], conseguiram melhorar, mas na nossa está muito pior que antes”, reclamou.
Em resposta ao problema, a Superintendência de Trânsito (Setran) afirmou que está estudando a melhor forma de implementar uma mudança neste trecho específico. Além disso, a prefeitura destacou que equipes técnicas estão monitorando a situação ao longo de todo o binário para propor os ajustes necessários.
Leia também: Quase 30 bairros de Curitiba e região podem ficar sem água nesta semana
Velocidade
Outro ponto levantado pelos moradores é o desrespeito ao pedestre e a falta de fiscalização da velocidade dos motoristas. Com isso, desde a mudança, os moradores percebem a falta de segurança na hora de atravessar.É o que diz o comerciante, Sidnei Haboski, 50, que mora no bairro há 35 anos. Pra ele, alternativas são muito necessárias. “Deveria ter um sinaleiro, uma lombada eletrônica ou um radar eletrônico. O pessoal não respeita a sinalização e nem os pedestres. Não tem fiscalização nenhuma. A velocidade dos motoristas aumentou demais aqui, por isso, a chance de um acidente é bem maior”, destacou.
Ao contrário do apontado pelos moradores da região, a prefeitura informou que desde que o binário foi instalado, o limite de velocidade foi reduzido de 60 km/h para 50 km/h. Além disso, uma das soluções encontradas para esse problema são ações educativas de conscientização ao motorista que passa pelo trecho.
Com relação à questão da fiscalização, segundo a prefeitura, nos últimos três meses, cerca de 4 mil veículos foram fiscalizados no trecho, sendo que 3% do total foram flagrados dirigindo acima da velocidade máxima permitida para a via.
Já sobre os pedestres, a Setran informou que implantou uma faixa elevada no trecho e que garante ela segurança durante a travessia dos pedestres. Além disso, em locais de grande concentração, a velocidade máxima permitida é reduzida para 30 km/h.
Transtorno para o comércio
Além da falta de infraestrutura , da sinalização confusa e da insegurança para os pedestres, a inauguração do binário também não agradou os comerciantes locais, já que muitos ficaram sem estacionamento para os clientes. É o caso de Edson Edling, de 51 anos, que trabalha na região há 14 anos e não acredita que a mudança da Setran foi boa, já que não resolveu o problema dos engarrafamentos e ainda prejudicou o comerciante.
“Para nós do comércio, acabou o estacionamento totalmente, ficamos sem nenhum espaço para tender os clientes e por isso na minha visão, piorou muito. Outra coisa é o congestionamento, já que nos horários de pico a fila de carros geralmente chega até a Arthur Bernardes que fica a umas oitos quadras daqui”, afirmou.
A mesma reclamação foi feita pela auxiliar administrativa Maria Mendes, de 41 anos. Funcionária de uma loja da região, ela conta que o movimento do comércio ficou muito prejudicado. “Desde que instalaram o binário, o movimento da loja diminuiu 30%. Porque se a pessoa não vê lugar para estacionar o carro, ela passa reto. Aqui na loja ainda temos um estacionamento próprio, mas nem todo mundo tem e isso prejudica bastante”, opinou.
Em relação aos estacionamentos do comércio local, a prefeitura não se manifestou.
Deixe sua opinião