Depois que as fortes chuvas registradas na tarde de quinta-feira (21) provocaram alagamentos em vários pontos da cidade, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) pretende intensificar ações para prevenção e tratamento da leptospirose, doença causada por uma bactéria presente na urina de ratos e que pode ser transmitida pelo contato com água contaminada.
A preocupação se dá porque, nos alagamentos da última quinta, muitas pessoas entraram em contato com a água das enchentes sem a devida proteção, incluindo em áreas próximas de rios. Nas redes sociais, vídeos e fotos mostram até mesmo pessoas nadando em algumas ruas alagadas.
“Já estamos fazendo um alerta. Temos em Curitiba dez distritos sanitários e eles repassam para as unidades de saúde e para os agentes comunitários. Com isso, a gente dissemina a ideia de prevenção e cuidado. E agora vamos monitorar os atendimentos nas unidades de saúde, as entradas no nosso sistema”, explica o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Alcides Oliveira.
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Conforme ele, pessoas que tenham entrado em contato com a água não devem apresentar sintomas imediatamente, pois existe um tempo de incubação de aproximadamente uma semana. Ainda assim, é preciso ficar atento a sinais como febre, dor de cabeça, cansaço e dor nas pernas, principalmente nas panturrilhas. Em algumas pessoas, a doença também pode provocar icterícia (amarelamento dos olhos e da pele) e, à medida que se desenvolve, sangramentos.
Quem apresentar os sintomas deve procurar atendimento médico e informar que esteve em contato com águas de alagamentos.
Risco e prevenção
De acordo com Oliveira, toda água de alagamento pode representar um risco para transmissão da doença. “Nos preocupamos sempre com as áreas próximas a rios, mas precisamos lembrar que, por baixo de todas a cidade, tem o sistema sanitário e também tem rios que podem transbordar”, explica.
Ainda assim, o diretor do Centro de Epidemiologia faz um alerta especial aos que entraram em contato com a água acumulada na região do Prado Velho, próxima ao Rio Belém. “Aquele rio ali é comprovadamente contaminado. Em todos os bairros que são cortados por ele, existe um risco maior”, diz. A região foi uma das mais afetadas, atingindo inclusive o campus da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR).
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Para evitar a doença, é importante evitar o contato da água com a pele. Por isso, quem estiver em uma região de alagamento só deve circular por uma área alagada se for realmente necessário e, de preferência, adequadamente protegido com botas e roupas impermeáveis. Caso isso não seja possível, após o contato com a água, é importante livrar-se das roupas molhadas e fazer a higiene pessoal o quanto antes.
O cuidado deve continuar na hora da limpeza das regiões atingidas pelos alagamentos. “A bactéria causadora da doença fica nas superfícies, então se as pessoas devem estar protegidas na hora de lavar as casas ou locais atingidos”, esclarece Oliveira. Por isso, galochas e luvas não devem ser dispensadas - mas podem ser substituídas por sacos plásticos. Depois da limpeza, que deve envolver água, sabão e hipoclorito de sódio, também é importante fazer o asseio pessoal.
Outras dicas da Secretaria de Saúde para a prevenção da doença:
- Mantenha as caixas d’água sempre tampadas;
- Guarde alimentos sempre em recipientes bem fechados e à prova de roedores (em latas de vidro, alumínio);
- Lave bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que serão consumidas cruas;
- Não consuma frutas, verduras e legumes estragados ou com qualquer alteração de cor e aqueles que entraram em contato com a água de enchente; alimentos com cheiro, cor ou aspecto fora do normal (úmido, mofado, murcho);
- Retire as sobras de comida ou ração de animais domésticos antes do anoitecer e mantenha limpas as vasilhas;
- Ao circular por áreas atingidas pelas chuvas e fazer a limpeza das residências use luvas e calçados bem fechados e impermeáveis, preferencialmente botas longas e de borracha (pode-se até improvisar, cobrindo pés e pernas com sacos plásticos);
- Não leve a mão molhada à boca ou aos olhos, evitando que a bactéria penetre por lesões existentes na pele ou nas mucosas;
- Inutilize todos os alimentos que tiveram contato com a água das chuvas;
- Não use água que teve contato com água de enchentes para atividades domésticas;
- Após as águas baixarem, a limpeza da lama residual das enchentes deve ser feita com o preparo de uma solução de água sanitária (hipoclorito de sódio) e água. Use 250 ml (1 copo) de água sanitária para 25 litros de água;
- Procure atendimento médico caso apareçam sintomas nos próximos 30 dias. Informe ao médico caso tenha tido contato com água e lama provenientes de enchentes.
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