Antes do impasse jurídico de domingo (8) da libertação do ex-presidente Lula, a Polícia Militar (PM) já estava com o planejamento pronto para retirar os manifestantes do bairro Santa Cândida, conforme determinou a Justiça em junho. A PM aguardava apenas o aval da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) ejá havia até detalhado o efetivo que seria convocado para agir no entorno da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde Lula está detido desde o começo de abril.
Em ofício de 2 de julho, o coronel Arildo Dias, subcomandante-geral da PM, informa à Sesp que seriam necessários 162 policiais militares para desmontar a vigília. O efetivo se baseia em levantamento da Agência Local de Inteligência (ALI), que constatou duas barracas na Rua Dr. Barreto Coutinho e uma média de 20 manifestantes na via, os quais subiam para 50 no momento dos atos diários da vigília, como o “Bom dia, Lula”, quando os manifestantes acenam ao ex-presidente.
Com todo o imbróglio de domingo envolvendo magistrados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, e o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, a PM terá de rever o efetivo.
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A reportagem esteve nas imediações da PF na manhã desta segunda-feira (9) e o clima era mais tranquilo do que o normal. Entretanto, a Sesp afirma que a possibilidade de que o ex-presidente pudesse ser libertado aumentou o número de pessoas não apenas no acampamento onde dormem os manifestantes, mas na própria vigília que ocupa uma das ruas vizinhas à Polícia Federal.
Segundo os moradores do bairro, a possibilidade de Lula ser solto atiçou os ânimos dos manifestantes no domingo. Segundo a advogada Patrícia de Castro Busatto, que defende os moradores do Santa Cândida na Justiça, dois moradores teriam sido agredidos durante a concentração.
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Uma moradora que preferiu não se identificar comentou que teve a casa apedrejada na tarde de domingo. “A situação foi muito caótica domingo. Teve morador agredido fisicamente e teve gente que atirou pedras dentro da minha casa. Muitos vizinhos aqui não puderam nem sair de casa”, disse a moradora, que criticou a falta de policiamento. “Aqui está sempre cheio de polícia, mas eles só estão aqui para cuidar do prédio [da PF]. Eu liguei cinco vezes para denunciar o que estava acontecendo e quatro vezes eles desligaram na nossa cara”, afirma.
Por causa desse reaquecimento dos ânimos no Santa Cândda, a PM terá de fazer um novo esquema de reintegração. A Sesp entretanto não confirma se essa replanejamento já está em andamento. Até porque, há possibilidade de um novo acordo antes do envio de força policial.
Em nota, a organização da vigília afirma continuar pacificamente no entorno da Polícia Federal e que está em contato com a Sesp aguardando uma audiência de conciliação. “Caravanas se renovam todas as semanas e temos a certeza de que exercitamos o direito à livre manifestação e que o Estado não use o expediente da violência, mas do diálogo”, enfatiza o texto.
Ordem
A ordem que permite o uso de força policial para a retirada das barracas dos simpatizantes de Lula no entorno da PF é de 15 de junho, assinada pelo juiz Jailton Juan Carlos Tontini, 3ª Vara da Fazenda Pública. No despacho, o juiz determinou o deslocamento de um oficial de Justiça para averiguar a situação no Santa Cândida. Se o oficial constatar a presença de barracas no entorno da PF, será solicitado auxílio de força policial para desmontar as estruturas.
No despacho, Tontini permite o uso da polícia caso os manifestantes não estejamm cumprindo a determinação judicial anterior, expedida no fim de maio, a favor da prefeitura de Curitiba. Na decisão de segunda instância do desembargador Fernando da Silva Wolff Filho, ficou acordado que para garantir a circulação normal tanto de quem trabalha na área como de moradores, bem como de quem busca atendimento no prédio da PF, as reuniões e manifestações só estariam liberadas nos finais de semana, com duração máxima de seis horas no intervalo entre 9h e 19h. Além disso, ficou definido intervalo mínimo de duas semanas entre uma reunião e outra para não atrapalhar o período de repouso dos moradores.
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