Depois das escolas da rede municipal de Curitiba terem registrado mais de 500 assaltos neste ano, o secretário de Defesa Social da cidade, Guilherme Rangel, cogita romper o contrato com a G5, empresa de segurança que atua em 516 instituições da capital. Segundo o secretário, a companhia “não está prestando o serviço de maneira adequada”. Para a G5, todas as partes do contrato estão sendo cumpridos.
Saiba quais são as escolas mais assaltadas de Curitiba
A discussão gira em torno das competências previstas no contrato. Segundo Rangel, a G5 é contratada para monitoramento e alarme, “ou seja, para evitar o delito”. Já para a empresa, o serviço tem apenas caráter preventivo, visto que não há agentes de segurança nos locais e o prazo para chegada da equipe após o disparo do alarme é de 10 minutos — ou seja, não é o suficiente para realizar uma prisão em flagrante e evitar o crime. Além disso, ela também presta serviço de seguro, reembolsando objetos roubados dentro das unidades. “O que não pode acontecer é a empresa virar uma seguradora apenas”, explica o secretário.
O ponto é que, no contrato assinado em 2013 e renovado anualmente desde então, está definido que a prestação de serviços de segurança é feita “através de sistemas de alarme monitorado, com instalação, manutenção e monitoramento”. Além disso, o documento fica os 10 minutos para chegada ao local do delito.
Relembre os casos
Entre os meses de janeiro e agosto deste ano, a Secretaria Municipal de Educação registrou 505 furtos nas escolas municipais de Curitiba. Esse número representa um aumento de 39,5% em comparação com as ocorrências de 2016, quando foram computados 362 casos no mesmo período. A incidência de vandalismo também cresceu, de 100 para 137. E, desse total, a Guarda Municipal fez apenas 26 apreensões.
Entre os bairros que registraram ocorrências de assaltos encontram-se Barreirinha, Cajuru e Santa Cândida.
No dia 29 de agosto, a Polícia Civil prendeu quatro pessoas suspeitas de furtarem três escolas e dois Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) no bairro Cajuru, em Curitiba. No entanto, mesmo após 30 dias de investigação que levaram a polícia até os suspeitos, três deles foram liberados depois de ficarem menos de 12 horas na delegacia.
Ainda assim, Rangel não só aponta a possibilidade de romper o contrato com a G5 como ainda centralizar o montante gasto com a empresa na Guarda Municipal, investindo em câmeras e alarmes específicos para a corporação. Atualmente, segundo a Secretaria de Defesa Social, a Guarda é comunicada depois do atendimento da empresa. A contratação de outra companhia também está entre as opções cogitadas pelo secretário.
Valores
A G5 diz receber, em média, R$ 707 por escola assegurada para a prestação dos serviços — ou seja, cerca de R$ 365 mil para atender 516 unidades de Curitiba. Só que, para incorporar vigilantes em regime de 12 horas noturnas de 24 horas aos sábados, domingos, feriados e recessos escolares, a empresa estima que o custo para a prefeitura saltaria para algo entre R$ 17 e R$ 25 mil por unidade escolar.
Soluções
Segundo a Secretaria de Defesa Social, uma reunião com a G5 e com o gestor do contrato na Secretaria de Educação será convocada nos próximos dias. Na ocasião, a promessa é que sejam debatidas as atribuições, atendimento e tempo-resposta nas ocorrências. A secretaria afirma que há diversas reclamações de diretores de escola sobre os serviços, mas não entrou em detalhes sobre os aspectos que estariam deixando a desejar.
Escolas mais atingidas por furto/vandalismo em 2017
Escola Municipal Júlia Amaral Di Lenna - 15 (ocorrências)
CMEI Pré Escola Vila Verde - 13
Escola Municipal Irati - 11
Escola Municipal Otto Bracarense Costa - 10
Escola Municipal CAIC Cândido Portinari - 10
CMEI Arnaldo Agenor Bertone - 9
UEI Tanira Regina Schmidt - 9
Escola Municipal Leonel de Moura Brizola - 8
CMEI Arnaldo Carnasciali - 7
EM Santa Águeda - 7
CMEI Jardim Aliança - 7
EM Lapa - 7
CMEI Trindade - 7
EM Dario P. Castro Vellozzo - 7
Evolução da violência
2016 - 462 casos - 362 furtos - 100 atos de vandalismo
2017 - 642 casos - 505 furtos - 137 atos de vandalismo
Colaborou: Cecília Tümler
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