Os fura-catracas aproveitaram o segundo dia de paralisação dos ônibus em Curitiba para atuar. Na Praça Rui Barbosa, por exemplo, a situação foi tão grande fez com que a cobradora de uma das estações-tubo da região deixasse seu posto de trabalho aos prantos para pedir ajuda. Invasões semelhantes aconteceram em outros ônibus logo após o término do protesto,
A cobradora de apenas 19 anos que passou pelo susto na tarde desta quarta-feira (6) conta que o problema iniciou por volta das 16h, quando as pessoas começaram a pagar suas passagens. “Tinha muita fila e alguns homens começaram a falar que não iam pagar porque os ônibus estavam parados e eles já tinham esperado demais”, contou.
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Ela tentou proibir que os invasores entrassem na estação-tubo, mas eles começaram a gritar. “Eu me assustei e abandonei meu posto chorando”. A cobradora decidiu pedir ajuda aos policiais militares que estavam em um módulo no centro da praça, mas sem sucesso “Eles disseram que não podiam fazer nada e que era pra eu solicitar ajuda do Sindicato dos Motoristas e Cobradores, o Sindimoc”.
O sindicalista Ricardo Ribeiro atendeu a solicitação da jovem e a acompanhou com alguns colegas até o tubo. Segundo ele, aproximadamente sete pessoas furaram a catraca. “Ficamos ali até a situação se normalizar e a cobradora ficar mais tranquila”, diz.
Outra situação foi registrada no momento da saída de um micro-ônibus da linha Alferes Poli. Muitas pessoas aguardavam na fila e alguns aproveitaram a entrada tumultuada para passar pela porta traseira. De acordo com uma moça que estava no local, um homem que não entrou no ônibus tentou intervir na situação gritando com os rapazes. “Achei que eles iam brigar mesmo, mas o ônibus fechou as portas e seguiu seu trajeto”. Ninguém foi identificado.
Mais segurança
O Sindicato de Empresas de Transporte de Curitiba e Região Metropolitana lamenta o ocorrido e orienta os colaboradores a não agirem contra os fura-catracas para que não sejam agredidos. A Urbs – empresa responsável pelo transporte coletivo de Curitiba – explica que já existe uma operação organizada pela Secretaria Municipal de Defesa Social de Curitiba contra usuários que não pagam passagem e, por isso, não se pronuncia a respeito do episódio desta quarta-feira.
Procurada, a Defesa Social informou que a Guarda Municipal vai priorizar o atendimento na próxima semana em locais onde ocorrerem novas paralisações . A PM também informa que tem realizado patrulhamento em toda a capital do estado com foco nos eixos de transporte e locais com maior aglomeração de pessoas. Além disso, pede que as solicitações envolvendo fura-catracas sejam informadas via 190.
Paralisações
A paralisação desta quarta-feira (6) foi a segunda de uma série de dez manifestações programadas para o mês de setembro. As ações são realizadas pelo Sindimoc com o objetivo de solicitar mais segurança para trabalhadores e passageiros.
Na última terça (5), por exemplo, uma passageira da linha Circular Sul, que circula entre o Pinheirinho e o Boqueirão, foi assaltada e ameaçada com caco de vidro por dois criminosos. Horas antes, um motorista havia sido esfaqueado após pedir para um passageiro abaixar o som do celular na linha Inter 2. Na última sexta-feira (1), um cobrador perdeu a vida com dois tiros na cabeça enquanto trabalhava.