A passagem da Estação Espacial Internacional pelos céus de Curitiba serviu não apenas para fazer com que muita gente dedicasse alguns minutos para olhar para os céus como ainda despertou o interesse dos curitibanos para o mundo da astronomia. São pessoas que (literalmente) descobriram do dia para a noite um mundo entre as estrelas. O diretor do Parque da Ciência, Anísio Lasievicz, dá algumas dicas para qualquer pessoa que queira entender um pouco mais do céu de Curitiba (mesmo sem ter um conhecimento avançado de astronomia).
Basta um pouco de paciência para observar coisas bem interessantes, explica Lasievicz. “As constelações vão mudando ao longo do ano. Então é um novo céu a cada mês”, aponta o especialista. “Mais do que isso, à medida que as horas avançam, você tem um céu diferente”.
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A principal dica de Lasievicz para quem está começando a observar o firmamento é praticar e estimular a imaginação. Segundo ele, nem todas as constelações possuem um desenho tão fácil de identificar, então o ideal é buscar esses padrões. “Nem sempre a pessoa vai conseguir ver uma Fênix ou alguém segurando um jarro de água. Por isso, a gente sempre começa com algumas coisas mais simples”.
Para contornar essa dificuldade, a sugestão é utilizar aplicativos e programas de computador que facilitem a visualização. Serviços como o ISS Detector, Carta Celeste e Heavens-above, por exemplo, utilizam sensores existentes nos celulares para localizar o usuário e mapear o céu naquele instante. Dessa forma, é possível apontar o aparelho para o céu e saber exatamente quais estrelas estão em destaque — o que é extremamente útil na hora de dar seus primeiros passos na observação astronômica. A partir disso, a pessoa pode evoluir para o binóculo e, depois, para um telescópio.
Quem for começar ainda neste fim de ano pode encontrar algumas presenças ilustres sobre o céu curitibano. “Nessa época do ano, a constelação de Pégaso é proeminente no céu”, aponta o diretor do Parque da Ciência. “Além disso, perto das 23h, aparecem também as Três Marias, Cão Maior e Cão Menor”.
Muito mais do que estrelas
Só que as estrelas não são os únicos corpos celestes que podem ser vistos sobre Curitiba. Assim como no caso da Estação Especial Internacional, diversos outros satélites passam pelo firmamento e podem ser observados a olho nu.
De acordo com Lasievicz, são mais de 2,7 mil satélites orbitando em torno da Terra e é possível vê-los todos os dias. “São pequenos pontos que se locomovem no céu, de maneira parecida com a Estação”, explica. Segundo ele, eles são mais visíveis até as 21h, quando a luz do Sol reflete sobre a sua estrutura e os torna visíveis.
A própria passagem da Estação Espacial Internacional não é tão incomum assim, já que ela dá cerca de 15 voltas em torno da Terra por dia. O problema, detalha o especialista, é que muitas vezes isso acontece durante o dia, no meio da madrugada ou quando o céu está encoberto, o que impede que ele seja visto. Foi o que aconteceu no início desta semana com o telescópio Hubble, cuja passagem foi ofuscada pelas chuvas que fecharam o céu curitibano.
No caso das chuvas de meteoros, o desafio é parecido. Eles não chegam a ser tão raros, mas as condições do tempo e a poluição luminosa fazem com que seja um pouco mais difícil observar as estrelas cadentes.
Para contornar essa questão, Lasievicz sugere que os entusiastas e observadores amadores procurem lugares afastados do Centro para olhar os céus. “Quanto mais longe, melhor. E quanto mais alto também”, sugere. “O Bairro Alto, o Parque Tanguá e a Represa do Passaúna são alguns locais privilegiados. E quem for à Serra do Mar ou à serra de São Luiz do Purunã vai encontrar um céu completamente diferente”.
Céu de novembro
Para os próximos dias, o especialista aponta algumas das estrelas e objetos celestes que poderão ser vistos com mais facilidade em Curitiba. Segundo ele, as primeiras horas da noite — por volta das 20h — é possível ver os planetas Mercúrio e Saturno, a Oeste, como dois pontos brilhantes próximo ao horizonte.
Outro destaque é a constelação de Andrômeda, cujo desenho não é fácil de ser reconhecido, mas que chama a atenção por ter uma galáxia inteira que pode ser vista a olho nu. “Infelizmente a luminosidade da capital dificulta sua visualização, mas em áreas mais afastadas da Região Metropolitana do estado, ela pode ser percebida como uma mancha pequena, um pouco afastada da faixa da Via Láctea”, explica Lasievicz.
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