Assalto a uma agência da Caixa Econômica Federal no bairro Tatuquara, em Curitiba, mobiliza centenas policiais desde a manhã desta segunda-feira (30). Somente a Polícia Federal, que investiga crimes contra órgãos da União, mantém 150 agentes envolvidos na apuração do crime, que teve tiros disparados dentro da agência, cordão humano com clientes e susto em um Centro Municipal de Educação Infantil próximo. Um dos suspeitos já foi morto em confronto com a Polícia Militar (PM) e os demais seguem sendo procurados.
Na troca de tiros, parte do bando chegou a atirar contra uma viatura da PM e a disparar contra um policial, que, por sorte, foi protegido pelo colete balístico. Além da Polícia Federal e da PM, agentes da Polícia Civil também trabalham na captura da quadrilha, formada, a princípio, por dez pessoas.
O bando invadiu uma agência da Caixa na Rua Odir Gomes da Rocha, ponto comercial bastante movimentado da região do Jardim Monteiro Lobato. O crime foi por volta das 10h. A unidade assaltada é uma das listadas pela Caixa para operar em horário diferenciado na capital nesta segunda por causa da nova etapa de saque do FGTS.
Comandando uma das frentes de busca, o delegado responsável pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) da Polícia Civil, Rodrigo Brown, estima que os trabalhos de captura ainda devem demorar, pois o matagal para onde os suspeitos fugiram é grande. O delegado também acredita que apenas parte da quadrilha tenha corrido para o terreno, já que carros supostamente usados por mais criminosos foram encontrados abandonados em outros pontos da região.
Tiros e cordão humano
A funcionária de um comércio local que preferiu não se identificar, de 21 anos, estava dentro da agência bancária quando o bando entrou. "Eu vi que todo mundo começou a subir correndo pelas escadas. Então, a gente entrou numa salinha fechada, dentro de uma cozinha, em oito pessoas", contou a vítima. Segundo ela, a ação dos bandidos durou aproximadamente dez minutos.
A jovem confirmou uma troca de tiros dentro da agência - as marcas das balas, assim como um carro abandonado estão sendo analisados pela Polícia Federal. Na hora dos tiros, clientes e funcionários ficaram apavorados. "Atiraram pelo menos umas três vezes. A gente entra em choque na hora e até raciocinar que era um assalto, demorou um tempo", relatou a jovem.
Segundo comerciantes próximos à agência, os ladrões chegaram pouco depois do início do expediente ao público, por volta das 10h. Na saída, eles fizeram um cordão humano com clientes e deram tiros para o alto.
"Eles chegaram em um veículo e entraram. Mandaram crianças e grávidas saírem e quando terminaram fizeram um cordão humano, atiraram para o alto como costumam fazer", relatou o comerciante Robson Rodrigues, que tem uma loja praticamente em frente à agência assaltada. "Uma funcionária da Caixa veio correndo aqui para a rua e contou isso. Mas ela estava em choque".
O assalto também assustou professores de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) a 450 metros de agência. Segundo o apurado pela reportagem, ao perceberem o tiroteio, os docentes acionaram o alarme e recolheram as crianças que estavam na área de fora do imóvel. Todos ficaram deitados no chão até que, cerca de 15, minutos depois, a Guarda Municipal liberou alunos e funcionários para retornarem às atividades normais. O procedimento segue regras de um treinamento para invasões recomendado pela Defesa Civil.
Além do CMEI, a região do crime tem ainda as escolas municipais Professora Maria Lenkot Zeglin, Professor Darcy Ribeiro e Professor Oswaldo Arns, além do Colégio Estadual Moradias Monteiro Lobato. Em todas as instituições os alunos do período da manhã foram liberados normalmente. As aulas do período da tarde estão mantidas, por hora.
Investigação
Equipes do 13° e 20° Batalhão da Polícia Militar, policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e uma equipe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) da Polícia Civil estão no local.
Como se trata de uma instituição federal, a Polícia Federal também trabalha nas investigações com cerca de 150 policiais mobilizados na ação. Um helicóptero da Polícia Militar auxilia nas buscas.
O tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira, do 1º Comando Regional da PM (1º CRPM), disse em entrevista para o jornal Meio Dia Paraná que uma viatura em patrulhamento se deparou com o escudo humano do lado de fora da agência e acionou então os reforços.
Logo em seguida, cerca de seis a oito suspeitos fugiram para um matagal próximo da agência. Eles fizeram uma varredura na região, e os criminosos reagiram a atiraram contra a polícia. A hipótese é de que eles tenham se dispersado.
Um dos suspeitos foi baleado e morto pela polícia durante segundo confronto. Junto com o corpo, foram encontrados duas espingardas calibre 12 e uma arma de calibre curto.
Por se tratar de uma instituição financeira sob a forma de empresa pública, a Polícia Federal foi acionada para investigar o caso. Peritos federais, papiloscopistas e agentes federais foram até o local para identificar vestígios que possam identificar e prender os criminosos.
Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que a agência do Tatuquara deve restabelecer os atendimentos somente nesta terça-feira (1°). Nesse meio tempo, os clientes podem ser atendidos em lotéricas ou nas agências próximas, nos bairros Sítio Cercado e Cidade Industrial.
*Colaborou Millena Prado
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