Uma nova onda de assaltos feitos por criminosos usando bicicletas, conhecidos como “gangue do pedal”, está causando insegurança no Centro de Curitiba. A quantidade de casos de roubos de correntes de pescoço e celulares - principais alvos dos ladrões que estavam atuando fortemente também em outubro do ano passado - voltou a aumentar a partir do início de abril. Conforme a Polícia Militar (PM), a quantidade de apreensões de adolescentes e de prisões de suspeitos ligados a esse tipo de crime aumentou 30% com relação ao mês anterior.
A violência é presenciada principalmente por comerciantes da região central da cidade, que presenciaram dezenas de casos nas últimas semanas. “Vemos as pessoas que foram assaltadas chorando, nervosas, muitos pedem para esperar a PM dentro das lojas ou um copo d’água”, conta Camilo Turmina, vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) e dono de uma joalheria no calçadão da Rua XV de Novembro.
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Justamente por estar na joalheria todos os dias, Turmina conta receber diversas pessoas com pescoço arranhado, tentando consertar alguma joia que recuperaram após a tentativa de roubo ou, ainda, avaliando quanto dinheiro foi perdido para os criminosos. Além de correntes, os celulares costumam ser outro alvo fácil para a gangue do pedal, principalmente quando estão nas mãos de pessoas distraídas, conforme Rodrigo Cruz, 1.º tenente da PM.
Segundo a própria observação dos lojistas, os criminosos têm um perfil específico: são homens com bicicletas sem marca e mais surradas, geralmente usando bonés e pedalando em zigue-zague. O tenente confirma. “Esses grupos atuam geralmente em cinco ou seis pessoas, um maior de idade controlando outros menores de idade”, complementa Cruz. O tenente explica que gangue atua repassando entre si os objetos roubados, usando como local de passagem as tradicionais galerias do Centro da capital. Já quanto ao perfil das vítimas, o PM destaca que costumam ser mulheres usando correntes - especialmente idosas.
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Para Turmina, é problemático que os assaltantes se misturem aos ciclistas “de bem”, como colocou o vice-presidente da ACP. “O que ajuda a diferenciá-los dos mal-intencionados é que normalmente estão de capacete e andam em linha reta. Mas nosso apelo é que os ciclistas andem desmontados na Rua XV, para não serem confundidos com essas ameaças”, sugere.
Além do dano a quem é roubado, esse tipo de atuação localizada prejudica também o comércio e o turismo. “Os calçadões são conhecidos como shoppings a céu aberto, as pessoas querem andar com tranquilidade para fazer suas compras. Virando ambientes inseguros, elas com certeza irão trocá-los por outras regiões”, avalia Turmina.
Denúncia e ação
Caso algum roubo aconteça nesses padrões, a PM destaca a importância de, após fazer a denúncia pelo telefone 190, esperar uma viatura chegar no local do assalto. “Muitas vezes a vítima vai embora antes, o que impossibilita que ela faça uma descrição mais minuciosa do assaltante para o reconhecermos. Então nós temos que acabar soltando o possível criminoso”, explica Cruz.
Segundo Cruz, o número de casos já começou a diminuir - em cerca de 20% - com o aumento do policiamento na região central. Desde a semana passada, uma viatura da PM que roda 24 horas foi deslocada para o Centro especificamente para atender ocorrências da gangue do pedal. Também foi incluído o apoio da equipe de Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam), que por estar nas motocicletas consegue atuar mais próximo dos ladrões nas bicicletas.
Reconhecendo o perfil dos criminosos, o tenente pede que a população ajude a denunciar suspeitos: “É possível ligar para o número de denúncias anônimas, o 181, caso haja algum receio de alguém que esteja rondando a área”. Denúncias também são válidas, conforme Cruz, para informações sobre o repasse dos objetos roubados.
Reforçando, o telefone para chamar a PM é o 190, e para fazer denúncias anônimas é o 181.
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