Identificado no exame de DNA semana passada, o detento Carlos Eduardo dos Santos, 54 anos, que cumpre pena de 22 anos em Sorocaba (SP) por estupro, estelionato e roubo, admitiu à polícia ser o assassino da menina Rachel Genofre, encontrada morta em uma mala na rodoviária de Curitiba em novembro de 2008 com sinais de abuso sexual.
A admissão, quase 11 anos depois do crime brutal, foi feita no depoimento à Polícia Civil do Paraná, que deslocou uma equipe para o presídio na cidade paulista terça-feira (24) para ouvir o suspeito. No depoimento, Santos disse que se fingiu de produtor infantil para atrair a menina, prometendo levá-la a um programa de televisão. Ele já teria observado Rachel dias antes de abordá-la e matá-la.
Santos reconheceu Rachel assim que a foto da menina foi mostrada pelos investigadores e teria relatado o crime com frieza aos policiais, mas se dizendo arrependido, segundo a delegada Camila Cecconello, chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). "Em determinados momentos ele dizia 'eu fui uma pessoa ruim, fui um monstro'. Mas só palavras, não notamos nenhum tipo de arrependimento", frisa a delegada, que participou do depoimento.
Na época do assassinato, Santos morava a cerca de 750 m do Instituto de Educação, escola no Centro de Curitiba onde Rachel estudava. Ele trabalhava de segurança em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, e era foragido da Justiça - condenado a regime semi-aberto.
Santos teria cometido o assassinato no mesmo dia em que encontrou a menina – o corpo de Rachel foi achado na rodoviária dois dias depois de notificado o desaparecimento. Para atrair Rachel, se apresentou à menina como produtor infantil e que a levaria para participar de um programa infantil na TV, dizendo que ela teria que acompanhá-lo para assinar papéis. Chegando ao local, Rachel teria estranhado a situação e começado a gritar. Antes de matar a menina, Santos a teria estuprado.
"Ele abordou a Rachel falando que era produtor de um programa televisivo famoso na época e a chamou para participar do programa. Ele disse que ela precisaria assinar os papéis no escritório dele e ela aceitou ir", explica a delegada. "Assim que a Rachel chegou no local ela estranhou e começou a reagir e gritar. Nesse momento ele cometeu o ato sexual e depois matou a vítima", complementa Camila.
Aos policiais, Santos não explicou por que deixou o corpo de Rachel na rodoviária - a mala com o cadáver foi encontrado por uma família de índios que dormia debaixo da escada. Disse apenas que o terminal rodoviário era um local onde poderia transitar com a mala sem levantar suspeitas.
Em depoimento, o suspeito ainda disse que teria ficado com a menina por apenas um dia. Ao ser questionado pela polícia de que ela teria desaparecido por dois, ele disse não se lembrar.
Santos também disse à polícia que Rachel seria o único homicídio dele, que pelo menos desde 1985 comete crimes sexuais. Na ficha criminal de Carlos Eduardo dos Santos não consta nenhuma outra morte, segundo a Polícia Civil. "Ele disse que matou Rachel porque ela estava gritando muito e não queria que testemunhas ouvisse", completa a delegada.
Extraído também do interrogatório, a polícia verifica se há outros envolvidos no crime, já que Santos teria passado alguns detalhes sobre isso. “Ele nos falou sobre o envolvimento de outras pessoas e vamos averiguar essa informação. Vamos interrogar essas pessoas”, conta a Camila.
Transferência
Com o depoimento colhido, a Polícia Civil tenta agora a transferência de Santos para Curitiba. O objetivo é esclarecer ainda mais detalhes a partir da reconstituição do crime. O pedido já foi feito à Justiça de São Paulo, através da Vara de Execução Penal de Sorocaba. A previsão é de que ele seja trazido a Curitiba em menos de um mês.
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