Novos áudios revelam detalhes das conversas que o empresário Edison Brittes Junior, 38 anos, que admitiu ter matado o ex-jogador do Coritiba e do São Paulo Daniel Corrêa, teve com amigos e familiares da vítima após o assassinato. As gravações telefônicas feitas no dia 29 de outubro, dias depois que a Polícia Civil começou a ouvir os primeiros depoimentos na investigação, mostram que Brittes chegou a lamentar a morte do atleta diversas vezes e até consolou a família oferecendo ajuda. As conversas foram divulgadas pela RPC TV.
O corpo de Daniel, 24 anos, foi encontrado em um matagal na área rural de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, no último dia 27 de outubro com marcas de mutilação e tortura - o pescoço estava quase degolado e o pênis do jogador foi decepado. O empresário foi preso após confessar o crime, no dia 1º de novembro, alegando que teria matado o jogador enquanto tentava defender a esposa, Cristiana Brittes, 35 anos, de uma tentativa de estupro em sua própria casa. Brittes, a esposa e a filha, Allana Brittes, 18 anos, foram presos provisoriamente.
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Em uma dessas gravações, o empresário diz a um amigo de Daniel que a morte foi uma tragédia. “Pensa numa forma de a gente poder ajudar e vamos fazer de tudo para poder ajudar vocês também”, diz Brittes. Em outro momento, ele diz que chegou a ligar para a irmã do atleta para se solidarizar. “Eu falei: ‘Olha, sou o pai da Allana, eu quero poder ajudar, o que a gente pode fazer?’”, relata Brittes ao rapaz ao telefone.
Na conversa, Brittes conta ainda dá uma versão da história diferente da que ele apresentou à polícia, em que confessou a autoria do crime. No telefonema, ele diz não saber o que aconteceu e que Daniel saiu sozinho da festa em sua casa. “A gente também não sabe o que aconteceu, só que ele foi embora”, diz. “Você viu o tamanho que é o terreno aqui da minha casa. Ele saiu aqui pra frente e foi embora e a gente não viu mais nada”, prossegue na ligação.
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O empresário comenta ainda que toda a sua família estaria abalada com a morte de Daniel, ele diz ser alguém muito querido por eles. “Minha filhinha aqui está no desespero também. A Allana tá em choque. Tive que dar até calmante para ela”, continua o empresário.
Conversa com a mãe
Em entrevista à RPC, a mãe de Daniel, Eliane Corrêa, contou que Brites ligou para oferecer suas condolências. “Eles tiveram a coragem de falar com a voz mais doce do mundo que eles estavam prontos para me ajudar com o que fosse preciso. Mandaram até foto falando que iam no IML para ter certeza de que não era ele. Sangue frio, monstruoso”, disse.
Esse não foi o único contato da família Brittes com a mãe de Daniel. Semana passada, foram divulgadas imagens que mostravam a troca de mensagens entre ela e Allana, que dizia estar preocupada com o sumiço do jogador. “Vamos ter fé. Vai dar tudo certo”, diz a jovem pouco antes de confirmar a morte do atleta. “Não acredito nisso. Me diz que é mentira”, envia Allana cerca de 20 minutos depois. Nessa conversa, ela reforça a versão de que Daniel foi embora sozinho da festa.
Novos depoimentos
De acordo com o advogado da família Brittes, Claudio Dalledone, os novos áudios não devem influenciar o processo. Segundo ele, como a gravação foi feita antes de o empresário decidir confessar a autoria do crime, ela não deve ser vista como uma reviravolta no caso. “Fato é que, recobrada a consciência, ele procurou um advogado e indicou locais onde teriam convicção material, se colocou à disposição e está colaborando”, diz.
Segunda-feira (5), Cristiana e Allana Brittes prestaram depoimento à Polícia Civil. As oitivas duraram quase três horas e mais detalhes sobre o conteúdo apresentado deve ser revelado polícia nesta terça. Além disso, o depoimento de Edison foi adiada e deve acontecer ainda nesta semana.
Carreira
Daniel teve uma passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), ele teve passagem por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Coritiba, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento (SP). O corpo do jogador foi enterrado quarta-feira (31) na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.
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