A unidade de urgência e emergência do Hospital Pequeno Príncipe (HPP), referência pediátrica em Curitiba, suspendeu os atendimentos para pacientes do SUS no início da noite desta terça-feira (7) por causa do excesso de procura — resultado, principalmente, da mudança no tempo. Em alguns casos, a espera pela chegada até ao médico chegou a 7 horas, criando um caos dentro da unidade. Essa é a terceira vez em duas semanas que a instituição teve de interromper o serviço diante do mesmo impasse.
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"Foi um caos", avalia o médico pediatra Victor Horacio, vice-diretor clínico da instituição, que afirma ainda não haver uma previsão de retorno do serviço. "Ontem, especificamente, nós tivemos que fechar e mantemos fechado até o momento porque nós estamos com 11 crianças internadas no pronto-socorro e com o hospital com 100% de lotação nas enfermarias. Nos não temos como continuar atendendo a média de pacientes que nos procura", justificou o profissional.
Segundo o HPP, a decisão de suspender as consultas urgentes e emergentes foi tomada quando, por falta de espaço, crianças começaram a ser internadas nos consultórios. Ao final do dia, apenas uma das salas não estava com crianças internadas.
Durante toda a terça, foram 650 atendimentos prestados na unidade tanto pelo SUS quanto por convênio. Na ala pública, os cinco pediatras de plantão ganharam reforço de outros quatro profissionais para dar conta das avaliações. Crianças que já estavam com fichas prontas quando as portas foram fechadas continuaram na espera normalmente. Mesmo assim, a fila só se esgotou por volta da 1 hora da madrugada de quarta (8).
"A nossa média não tem sido menos que 500 consultas todos os dias. Não falta médico. O que acontece é excesso de pacientes. Nós precisávamos que as unidades de pronto atendimento e as unidades básicas de saúde atendessem essas crianças. E também a região metropolitana acaba mandando muito paciente para cá", acrescentou o vice-diretor.
Sem urgência
Conforme o HPP, cerca de 80% dos atendimentos feitos nos pronto-atendimentos poderiam ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou com consulta eletiva com pediatras. No caso desta terça, diagnósticos não urgentes e emergentes chegaram a 90% dos casos.
"O que tem acontecido com muita frequência é, às vezes, o paciente ir numa UPA e já na chegada eles mandarem o paciente para cá", explicou Horácio. "Mas o nosso hospital é um hospital terciário. E como hospital terciário, nós somos referência para dar suporte. Nós não temos como continuar atendendo a procura direta".
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba nega que equipes das UPAs da cidade orientem pais e responsáveis a buscarem diretamente serviço médico em outras instituições. "A nossa orientação, de forma alguma, é que se procure diretamente pelo Pequeno Príncipe. A orientação é procurar diretamente a sua unidade de saúde ou, se perceber que é caso de urgência e emergência, que procure as nossas UPAs", ressalta Flávia Quadros, superintendente de Gestão em Saúde da SMS.
De acordo com a superintendente, hoje 53% dos atendimentos feitos no HPP são de crianças de fora da capital. Em Curitiba, afirma a pasta, há 147 pediatras distribuídos nas 110 UBSs e outros 48 que trabalham com urgência e emergência nas UPAs. "Não faltam pediatras nas UPAs hoje. As unidades de saúde têm condições de fazer um primeiro atendimento. Se não der conta, direciona para a UPA e, quando o caso grave, que precisa de vaga hospitalar, é a nossa equipe que vai direcionar", pontua Flávia.
Mudança de tempo
Em nota, o Pequeno Príncipe disse que a chegada do outono e as bruscas mudanças de temperatura tornam comum a procura pelos pronto-atendimentos. Entre os últimos meses de março e abril, o número de consultas na instituição cresceu 21%. O aumento ocorre, principalmente, por causa de doenças relacionadas ao vírus sincicial respiratório (VSR) que, na maioria das crianças, apresenta sintomas leves, geralmente semelhantes aos sintomas de um resfriado comum.
Por isso, o HPP orienta que atendimentos de urgência e emergência são prioritários em casos de quedas bruscas; cortes profundos; afogamentos; ingestão de corpos estranhos; desmaios e crises convulsivas; febres altas e incessantes; e desidratação.
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