A Justiça adiou o interrogatório dos sete réus acusados da morte do jogador Daniel em outubro de 2018 por causa de outra audiência no mesmo dia do irmão do ex-governador Beto Richa (PSDB), José Richa Filho, o Pepe Richa, na Operação Rádio Patrulha. Advogado de dois dos acusados de matar o ex-jogador do Coritiba, São Paulo e Botafogo, Rodrigo Faucz também defende Pepe Richa.
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A mudança de data foi pedida pelo próprio Faucz à juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, na região de Curitiba. Com isso, os réus do caso Daniel, incluindo a família Brittes, não serão mais ouvidos nos dias 5, 6 e 7 de agosto, mas sim nos dias 13, 14 e 15 do mesmo mês.
No caso Daniel, Faucz representa Ygor King e David Willian Vollero da Silva, acusados de espancarem e levarem Daniel para o matagal onde foi esfaqueado e teve o pênis decepado pelo réu confesso, o empresário Edison Brittes Jr. Também são réus a esposa e filha de Edison, Cristiana e Allana Brittes. Os outros dois réus acusados de participação no assassinato são Eduardo da Silva e Evellyn Brisola Perusso.
O advogado pediu o reagendamento porque na mesma data em que a juíza ouviria os réus do assassinato do jogador acontece a audiência da Operação Rádio Patrulha, em que Pepe Richa, então secretário estadual de Infraestrutura, é acusado de desvio de dinheiro na construção de estradas rurais. “Foi um de conflito de agenda. Como ambos os casos são complexos, por mais que tenha outros advogados no escritório, preciso estar presente nas duas audiências”, explica o advogado.
Faucz argumenta que o caso da Operação Rádio Patrulha é de alta complexidade, o que demanda mais tempo para preparação. “Trata-se de um processo com 13 acusados e que já foram expedidas diversas cartas precatórias e realizadas inúmeras diligências para concretização da audiência”, explica ele na petição de adiamento.
Como a prioridade vai para o caso que foi marcado primeiro, a juíza precisou fazer o reagendamento do caso Daniel.
Na manifestação do pedido, a juíza argumentou que não é necessário esperar a conclusão das oitivas pendentes da morte do jogador. Ou seja, as audições que ainda restam. Além disso, também não será preciso aguardar a chegada dos laudos de celulares que foram solicitados. A juíza argumentou que eles não são considerados “imprescindíveis” para que os réus sejam interrogados.
Das oitivas pendentes resta apenas a de um tio do assassino confesso de Daniel, o empresário Edison Brittes Jr. O tio deve ser ouvido por carta precatória no litoral do Estado, mas a data ainda não foi definida. No caso, outras duas oitivas que estariam pendentes não devem ocorrer porque o endereço das testemunhas não foram encontrados.
Quanto à perícia, foram solicitadas informações de rastreamento de antenas de celular para verificar as posições do celular de Daniel até desaparecer. O celular do ex-jogador não foi localizado. Foi pedido também a perícia do celular de Cristiana Brittes, esposa de Edison, que estava no conserto no dia do assassinato do jogador.
O caso
O meia Daniel havia participado da festa de aniversário de Allana Brittes em uma boate no bairro Batel na noite do dia 27 de outubro de 2018 e na sequência foi para a casa dos Brittes continuar a comemoração. Lá, ele tirou fotos deitado na cama ao lado de Cristiana Brittes, esposa de Edison, as quais enviou a amigos pelo WhatsApp.
Em entrevista a RPC logo antes de ser preso, Edison afirmou ter matado o jogador porque ele teria tentado estuprar Cristiana - versão a qual a Polícia Civil não sustentou durante as investigações e nem o Ministério Público na abertura do processo na Justiça.
O corpo do atleta foi encontrado no dia 28 de outubro de 2018 em um matagal em São José dos Pinhais com o pescoço quase degolado e o pênis decepado.
Antes de ser preso, Edison e Alana chegaram a ligar para a família de Daniel para prestar consolo. O chip do celular com o qual Edison ligou para a mãe do atleta estava em nome de um rapaz executado em 2016 por envolvimento com receptação de veículos roubados e adulteração de placas.
Durante as investigações, a Polícia Civil encontrou uma moto de luxo que pertence a um traficante preso pela Polícia Federal na casa do empresário e com a qual o casal Brittes costumava postar fotos nas mídias sociais. Além disso, o carro com o qual ele e outros acusados levaram Daniel para o matagal estava no nome de um policial civil afastado de suas funções por suspeita de assassinato.