Cartaz no James Bar orienta as clientes contra o assédio.| Foto: James Bar

Donos e funcionários de alguns bares e casas noturnas de Curitiba estão atentos aos casos de assédio a suas clientes dentro de seus estabelecimentos. A preocupação ganhou força depois que uma mulher chegou a ter o punho fraturado por um agressor em um bar no Centro de Curitiba em julho.

CARREGANDO :)

A preocupação chega agora à Câmara de Vereadores, onde tramita um projeto de lei para que bares, restaurantes e casas noturnas treinem os funcionários para auxiliar mulheres em situação de risco.

A casa noturna James, em Curitiba, vestiu a camisa – literalmente – contra o assédio sofrido pelas mulheres. Chamada de Tolerância Zero, a campanha do bar envolve seguranças, garçons e bartenders, que trocaram o uniforme por camisetas com dizeres contra assédio desde dezembro do ano passado.

Publicidade

RECEBA notícias de Curitiba e região em seu WhatsApp

Para que toda equipe saiba como proceder caso as mulheres se sintam em situação de risco, os funcionários foram treinados para auxiliá-las e cartazes de alerta contra assédio foram fixados nas paredes.

De acordo com a sócia-proprietária da casa, Ana Priscila Raduy, a ideia da campanha veio com a frequência dos casos de assédio praticados por alguns homens. “A gente adotou uma postura de tolerância zero para oferecer um ambiente seguro para as pessoas, principalmente para as mulheres, que são mais vulneráveis”, explicou Ana Priscila.

Equipe do James foi treinada para ajudar mulheres em caso de assédio na casa noturna| Foto: Divulgação / James

Logo no início da campanha, ela disse que a atitude do James recebeu vários elogios das frequentadoras, mas teve muitas críticas por parte dos homens. “Eles disseram que nós não vamos deixar que eles se divirtam. A gente sabe que atingiu o alvo, porque se a diversão deles é assediar, que não venham mais para o nosso bar”, comentou. A ideia é continuar com a campanha e deixar claro o propósito da casa.

Publicidade

Mesmo com o custo da impressão de cartazes e da confecção de camisetas para a equipe com frases de impacto, em parceria com um projeto curitibano de camisetas feministas, Ana Priscila acredita que o investimento é essencial. "Estou falando como proprietária, mas há momentos que sou cliente. Quero me sentir segura e, caso algo venha a acontecer, quero ter um apoio”, ressaltou.

PUNHO QUEBRADO

Em 21 anos de bar, o sócio-proprietário do Baba Salim, Jamal Chiah, foi surpreendido por uma situação de violência contra uma mulher em frente ao seu estabelecimento em julho. Uma briga entre um pequeno grupo de homens e uma mulher terminou na delegacia. A vítima chegou a ter o punho quebrado pelo agressor.

“Foi uma fatalidade, a gente sempre teve todo o cuidado para que nada parecido acontecesse dentro do bar e dar todo o suporte para a vítima se fosse preciso”, comentou Jamal.

Cartazes na casa noturna alertam sobre o assédio| Foto: Divulgação / James

Depois da situação, Jamal reuniu os funcionários e reforçou com a equipe quais são as principais medidas a tomar em situações de vulnerabilidade e assédio contra as mulheres. “Estamos prontos para acolher, seja aqui dentro ou nas proximidades do bar. O que a gente puder fazer para ajudar, para colaborar, vamos agir”.

Publicidade

Projeto de lei

De autoria da vereadora Maria Letícia (PV), um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Curitiba pretende obrigar que bares e restaurantes treinem seus funcionários para auxiliar mulheres em situação de risco. O texto do projeto também prevê a fixação de cartazes em banheiros femininos que deem apoio a mulheres que se sintam vulneráveis.

“Queremos fazer com que as mulheres se sintam mais seguras, que tenham liberdade de frequentar lugares em diferentes horários”, explicou a vereadora. Para ela, a cidade precisa se tornar mais acolhedora.

O projeto de lei já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e também pela Comissão de Direitos Humanos, mas ainda será votada no plenário. “Vamos fazer as emendas em plenário e convidar alguns proprietários de estabelecimentos para saber o que é possível ser feito”, afirmou Maria Letícia.