O custo médio de manutenção de cada poste é de R$ 2 mil| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

As batidas de veículos em postes no Paraná resultaram um prejuízo de pelo menos R$ 5,2 milhões para a Copel em 2016. E quem acabou pagando essa conta foi você. Segundo a empresa, foram 3.843 postes avariados ao longo do ano passado por causa de acidentes de trânsito em todo o estado e o conserto de mais da metade deles acabou caindo no bolso do consumidor. Nesses casos, os causadores das avarias não pagaram pelos danos causados ou não foram localizados para que assumissem essas contas.

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Segundo a Copel, o custo de manutenção ou troca desses postes é de responsabilidade do motorista. Em média, o valor é de cerca de R$ 2 mil cobrado a partir de uma fatura diferenciada. Engloba desde mão de obra e deslocamento de funcionários até os materiais utilizados na reposição. O problema é que nem sempre a empresa consegue identificar o condutor e o prejuízo acaba sendo absorvido pela companhia e, no fim das contas, repassado à tarifa que é paga por todos.

No ano passado, foram 1.943 ocorrências em que o motorista simplesmente abandonou o local antes da chegada dos funcionários da estatal, deixando um calote de R$ 3,88 milhões. “Quando não se identifica o responsável, esse valor se torna um prejuízo para a empresa. E isso acaba, de uma forma ou de outra, indo para a tarifa”, explica o superintendente da área de Engenharia de Operação e Manutenção da Copel Distribuição, Péricles José Neri. Para ele, as pessoas se esquecem de que se trata de um bem público.

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Isso sem falar do transtorno causado com a queda de energia. No último domingo (28), 200 residências ficaram sem luz no Centro Cívico por quase sete horas após uma caminhonete perder o controle e atingir um poste.

Barbeiros e caloteiros

A identificação dos responsáveis é feita na hora da ocorrência. “Como os acidentes costumam ser mais graves, o motorista não retira o carro e a equipe chega para fazer a autuação”, explica o especialista da Copel. “Às vezes, também conseguimos essas informações com testemunhas”.

Só que encontrar o responsável não significa que o valor será recebido. Dos 1.900 motoristas localizados pela empresa em 2016, 700 não pagaram a cobrança — ou seja, aproximadamente R$ 1,4 milhão a menos na arrecadação. Nesses casos, a companhia entra na Justiça para garantir o pagamento.

Conta mais alta

Segundo o superintendente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permite que a empresa adicione no calculo da conta de luz o valor referente à manutenção da rede. Assim, é possível imaginar que o total pago no fim do mês pelos consumidores poderia ser menor se não fossem os estragos causados pela imprudência no trânsito. “O valor já engloba o esperado para troca de postes. Então, se ninguém quebrasse, esse custo seria menor e a sua conta também”.

O impacto pode ser sentido também na qualidade do serviço prestado. Como aponta Neri, o recurso usado para fazer o conserto e a troca dos postes danificados poderia ser revertido para outros fins, sobretudo na manutenção preventiva e corretiva, o que poderia evitar interrupção no fornecimento de energia em várias localidades.

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E Curitiba desponta como uma das cidades em que essas ocorrências são mais frequentes. A Copel não informou quantos dos casos de postes avariados foram registrados na capital.

De acordo com o superintendente, os municípios com um trânsito mais intenso são aquelas que mais são expostas a essa tipo de ocorrência. Além de Curitiba, Londrina, Maringá e Ponta Grossa também aparecem na lista.